A partir de um documento apresentado pela AEILIJ e da convocação da Câmara Setorial do Livro, Literatura e Leitura, dos Ministérios da Educação e da Cultura, organizados pelo Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL -, cerca de 70 pessoas – especialistas do setor, representantes das cadeias criativa, produtiva e distributiva, representantes de professores e bibliotecários – reuniram-se durante os dias 24 e 25 de julho no auditório do MEC em Brasília, para debater o tema LITERATURA NA ESCOLA.
Contando com a colaboração de experiências do Brasil, da Argentina e do Chile, o programa foi dinâmico e enriquecedor ao proporcionar reflexões e diretrizes importantes para o tema em debate. Certamente, como afirmou a Secretária da Secretaria de Educação Básica, Professora Pilar, não ficará apenas circunscrito àquele Fórum, mas será um instrumento importante como subsídio ao desenvolvimento das políticas de leitura do MEC.
Realizado dentro dos parâmetros ideais do PNLL – busca do consenso, livre debate, atuação conjunta de todas as cadeias do livro – o Fórum, apesar de não ser uma instância deliberativa, redigiu algumas recomendações que sintetizam as principais conclusões dos dois dias de trabalho.
RECOMENDAÇÕES DO FÓRUM LITERATURA NA ESCOLA
1) O Fórum Literatura na Escola recomenda ao Conselho Nacional de Educação (CNE) que se inicie um amplo debate visando à reintrodução da literatura nas diretrizes curriculares e que a Biblioteca seja considerada um recurso de aprendizagem central no processo escolar.
2) O Fórum Literatura na Escola recomenda a proposição, com a chancela final do MEC e do MinC, de um guia sobre o assunto, dirigido a professores, educadores, editores, imprensa especializada, bibliotecários, autores e público em geral contendo proposições sobre o tema, baseadas nas discussões ocorridas neste Fórum; a saber, no privilégio à autonomia literária, à literariedade das obras, à leitura como fonte de prazer, reflexão e engrandecimento humano, à liberdade de criação e leitura e, enfim, à criação de espaços especiais para a Literatura nas escolas, tratada não como matéria curricular nem sujeita a avaliação, mas oferecida como experiência de leitura aos alunos.
Um esboço dessa peça, posteriormente encaminhada ao MEC e ao MinC, será redigido por uma comissão integrada por instituições representativas dos escritores, de educadores, de bibliotecários, em contato com pólos hoje empenhados na formação de professores leitores e mediadores de leitura.
O guia não deverá chegar à escola sem apoio, mas acompanhado de professores com formação para utilizá-lo. Deve também contemplar, consoante com os pontos de vista levantados neste fórum, uma literatura livre de utilização e utilitarismos, tanto políticos, quanto religiosos e didáticos, de interferências de concepções que burlam sua autonomia, como as que vulgarmente são denominadas de “temas transversais”, “uso paradidático” e “palavras e expressões politicamente corretas”.
Trará como princípios a defesa da biblioteca escolar como o coração e o cérebro da escola; da preservação e ampliação de seu espaço físico, acervo e recursos, principalmente da figura do responsável pela biblioteca como um profissional especializado na mediação da leitura.
Recomenda ainda a promoção do professor como leitor, em primeiro lugar, considerando sua formação, qualificação contínua e remuneração, com condições, tempo disponível, direito e obrigação de adquirir, manter e explorar continuamente um acervo pessoal; e imediatamente a seguir, como mediador de leitura.
Finalmente, o guia reforçará a concepção de Literatura - dentro dos princípios da liberdade, da criação e da autonomia literária - como experiência existencial viva, expressão e engrandecimento do indivíduo e das culturas, prazer e fruição, reflexão sobre o sentido da vida e da saga humana, exploração dos múltiplos aspectos do ser e da condição humana, busca do belo, risco estético, transformação da pessoa e do mundo.
3) O Fórum Literatura na Escola recomenda que a biblioteca escolar seja compreendida como espaço destinado aos diferentes níveis de escolaridade (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), devendo atuar como centro dinamizador da leitura e difusor do conhecimento produzido pela humanidade, de forma a garantir o acesso aos bens culturais produzidos socialmente e traduzidos nos diferentes suportes de informação que abrigam esses textos – da literatura ao texto científico (definição adotada para o texto de regulamentação da lei do livro). Recomenda igualmente organizar e implementar diferentes modalidades de formação, básica e continuada, para bibliotecários de escolas, enquanto mediadores de leitura, a partir de projetos-piloto a serem realizados em distintas realidades brasileiras.
Brasília, 25 de julho de 2008.
Fórum Literatura na Escola
Postado por H