segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

RS: Recomeça o ano de trabalhos

2011 de trabalho em LIJ recomeça com excelentes notícias para muitos escritores e ilustradores brasileiros. Saiu o catálogo brasileiro para o Bologna Book Fair 2011. Para quem não sabe, a Feira de Bologna é dos maiores eventos de literatura infantil e juvenil do planeta. Realiza-se sempre no final de março. Este ano, de 28 a 31 de março, na cidade de Bologna, na Itália.

A FNLIJ, Fundação Nacional de Literatura Infantil e Juvenil, através de uma comissão de quarenta votantes, especialistas em LIJ, seleciona títulos de literatura infantil e juvenil entre inúmeros publicados no Brasil, no ano anterior, e compõe um valoroso catálogo que é  um recorte da boa literatura produzida no País. Esse catálogo é distribuído aos visitantes da feira em Bologna e dessa forma mostra como a LIJ Brasileira melhora a cada ano. Muitos associados AEILIJ estão no catálogo. Para nossa alegria, dois deles são associados da regional gaúcha.

Recebam todos nosso abraço e nossa admiração.

Nosso abraço especial aos representantes do Sul!

Parabéns Caio Riter, pela inclusão de seu livro As luas de Vindor no catálogo!
Parabéns Celso Sisto, pela inclusão de seu livro Pedro, meu bom Pedro no catálogo!


Postado por H

1 comentário
Blogger PALAVRAS&POESIAS disse...
Hermes, lancei um site novo para reunir poetas e ilustradores, dá uma olhada:
http://tirabacana.com.br/
Abraço da Ana Mello.

2 de março de 2011 10:11

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

SP: Quintas (47)

Marciano Vasques
   

ARTE QUE SE DIZ ARTE

Que distância pressinto na relação estética para com a vida no cotidiano!

A arte e a cultura estão distantes sem ao menos se darem conta de que faz parte da vida a busca pela estética, pela arte.

A arte não precisa ser transformada a ponto de se tornar uma não-arte, uma arte sem o compromisso com a estética, não pode se emaranhar num certo equívoco da arte contemporânea ou de seu entendimento consensual, que, supõe-se,  exposta tenta dizer o nada. Incapaz de provocar e de comover, apenas consolida o equívoco.

Qualquer arte subserviente atende à pretensa elite, a que detém os poderes dentro de instituições e forja um gosto estético vazio, oco, para o nada. Acompanha em sua pose, em seu cume, em sua altura, o padrão cultural da música na rádio e na televisão, com a agravante de ostentar os títulos de arte e de intelectual.

A beleza não tem um padrão único. A Xuxa loira, que muitos acham um padrão bonito, é apenas um padrão de beleza, entre tantos.
Acontece isso também: se você não vai ao cinema, tudo bem. Se não vai ao teatro, tudo bem. Se não vai à exposição, tudo bem. Se não vai não tem importância.Tanto faz ir ou não ir, você sobrevive do mesmo jeito, não faz falta. Não causa angústia ir ou não ir.

Você não vive sem alimentar o corpo, mas vive sem ir à exposição, ao museu, ao teatro, ao cinema.
Há um placebo, que está em sua própria casa. 

O placebo é eficaz. Na medicina produz resultados satisfatórios, em casa a televisão é o placebo que produz resultado, quando aplicado numa sociedade mentalmente enferma.

Mentalmente enferma porque não vai ao cinema e não sente falta, não fica angustiada, não vai ao teatro, ao museu, à exposição, não participa, não vibra, não está lá, e não sofre por isso, vive tranqüilamente sem essas coisas. E tome televisão. E tome vídeo-locadora!

Não que a televisão seja um mal em si. Não é. É um grande bem na busca da humanidade pela comunicação. O mal está no fato de a televisão substituir integralmente a possibilidade de acesso à cultura. Você não vai ao teatro, à exposição de arte, ao sarau poético, mas está no sofá, e tem à sua disposição o Faustão, o Gugu Liberato, o João Kleber, o Sergio Mallandro, o Silvio Santos, o Raul Gil...

A cultura que não funciona com controle remoto, essa está lá, aonde você não vai, está nas ruas, nas praças, nos teatros, na sala escura...

Talvez uma pauta do olhar seja o que falta. A arte, a cultura, é o grande acervo da vida. Humanos são feitos de memória e a memória vem via afeto, ela pega pelo sensível, e o sensível está na arte, é nela que o olhar repousa, a audição... 

A arte é a própria memória humana, é a extensão humana na memória que se tornou obra.

Valiosa é a vida. Por isso é importante você cooperar pela sobrevivência da espécie. Cooperar: a importância de cooperar no mundo, cooperar é estar lá, onde a arte chama, ouvir o chamamento. É operar em conjunto. A arte lapida o sentir, o exercício de ouvir, a prioridade de ouvir; isso tudo a música oferece. A prioridade do olhar; isso tudo a arte oferece.

A arte também é nutrição.Tem a mesma importância da maçã e do jiló para o corpo. Se não alimenta a alma, significa que fala para o nada.

Nós, que vivemos a época da infantilização (veja Big Brother- adultos brincando de jogo simbólico), onde vigora a eterna busca pela permanência na juventude ao lado da banalização do adulto e ouvimos pessoas que temem se confessar ou se comportar como adultos. Nós, que nem sequer vamos onde a arte está (O povo tem que ir onde o artista está!), nós que nem sequer compreendemos que a história humana está escrita nos livros, (que recebeu um enorme apoio do cinema, do teatro, da fotografia e outros), nós, que nem compreendemos o fulcro da vida na arte, nem podemos compreender o quanto a arte está ao lado da Educação.

Falando em Educação, pela primeira vez penso no filme Os Invasores de Corpos não apenas como uma metáfora política, mas como uma metáfora da Educação. 

Quando me ponho a escrever sei que a minha escrita não tem um rumo. Sinto necessidade de falar de coisas e por isso termino com a Educação, que a cada dia, nas escolas, burocratiza o outro, instituindo o relacionamento brutal.

O outro não pode ser burocratizado, em hipótese alguma. Para evitar que isso aconteça, seria bom se através da Educação pudéssemos chegar à arte, não arte desvinculada da vida cotidiana, não também no sentido de abandono da estética, ou no sentido do afrouxamento das exigências do olhar.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SP: Quem conta um conto... - Mariluiza Campos

Ai! Que medo!

A casa tinha uma espécie de porão, ao qual se chegava por uma portinhola situada logo acima do piso acimentado onde a residência se erguia. Como esta portinha não tinha mais do que sessenta centímetros de altura, nenhum adulto se atreveria a tentar passar por ela. Já as crianças... não só foram explorar o tipo de porão, como também oelegeram “Clube da Cambada”. Era lá que se faziam as reuniões da turma quando o assunto era “Proibido para maiores”.

Havia regras restritas para o uso do clube: nada de estranhos, nada de adultos; só se podia entrar quando não houvesse olheiros por perto; a porta tinha que ser mantida fechada, só sendo aberta exclusivamente para permitir a entrada ou a saída dos sócios.

- Mas como seria possível respirar lá dentro?

Na fachada da casa, à altura do chão, havia uma grade de 30 por 40 centímetros, que permitia uma entrada parcimoniosa de ar...Por isto, dependendo do número de presentes, as reuniões só podiam durar, no máximo, de vinte a trinta minutos, a menos que se deixasse a portinha entreaberta, o que já se sabe que era proibido... (repararam no “exclusivamente” do segundo parágrafo?).

Conseguiram levar para o Clube um caixote que servia de mesa, meia dúzia de tijolos que viraram assentos, uma vela, uma caixa de fósforos e dois pares de semáforas. Todos os sócios aprenderam a linguagem semafórica e assim passavam mensagens, como os escoteiros quando se comunicam à distância

O problema se deu quando um dos sócios esqueceu de fechar a portinha, quando saiu do clube. A princípio, ninguém notou nada, mas, quando a ninhada nasceu, o primeiro que entrou no clube no início da noite, ouviu uns ruídos indefinidos. Ele tinha ido buscar o Manual do Escoteiro, pois não tinha ainda decorado o alfabeto de semáforas.

Na escuridão do porão, qualquer ruído tomava proporções assustadoras. Com o medo que deu nele, não encontrou a caixa de fósforos e acabou dando o grito fatídico:

-Ai! Que medo! 

Foi o bastante para a gata, que estava tentando acomodar seus cinco filhotes no vão da grade de respiro do clube, assustada, passar pelas pernas do não menos assustado sócio. 

O menino saiu espavorido do porão, espalhando por toda a redondeza, que tinha sentido a presença de um fantasma no Clube.

Adeus Clube da Cambada, agora proibido para maiores e... para menores. Só ficou dele uma vaga lembrança na memória de quem o frequentou...

Mariluiza Campos

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

SP: Um livro do qual gostei muito - Pepa, a gata que queria ser gente

Pepa 
a gata que queria ser gente
Autora: Maria Aparecida de Mello Calandra
Ilustrações: Nilceia Pereira
Editora Edicon

O argumento vem do cotidiano: uma família, os bichos que fazem parte dela, a vida no litoral e a súbita mudança para o interior. Animais de diferentes espécies convivem em harmonia e Penélope, a gata da casa, teria tudo para sentir-se feliz. Mas, quem sabe por causa da mudança, que os gatos detestam; talvez por ser tão sonhadora, animal da noite, da Lua e das estrelas, Pepa não está feliz e quer mesmo é virar gente. Esse é o grande sonho que persegue, mais almejado a partir do momento em que conhece Éric.

Esse é o pretexto narrativo qua a autora usa para falar sobre a vida em comunidade, inclusão, trabalho e responsabilidades, adaptabilidade, sociabilização, desigualdade social, drogas, prostituição, aliciamento de menores, amor, cooperação, altruísmo e preservação ambiental, de forma mais evidente. Há outros aspectos mais sutis como a questão da escolha entre dois caminhos (aquele dos outros sempre parece mais florido) e a reflexão sobre a própria escolha; a oportunidade de aprender com a experiência...

Eu li esse livro e gostei muito, mas por quê? Simplesmente porque tudo isso é relatado de maneira tão natural, tão real, mas, ao mesmo tempo com uma linguagem leve e poética, bem cuidada e sem mistérios e isso me encantou, assim como imagino que encantará os pequenos leitores.

Nilza Azzi
nilzaazzi@gmail.com

SP: Quem conta um conto... - Regina Sormani

Todo mundo já ouviu dizer que: quem conta um conto, aumenta um ponto.

Por isso, juro que o que vou contar agora é a mais pura expressão da verdade, mas, se vocês quiserem passar adiante, aumentando um ou dois pontos, tudo bem. Combinado?

Acho que eu já disse, algumas vezes, que minha mãe era uma grande contadora de histórias. E que, sentada à beira do fogão de lenha, menina ainda, ouvi histórias e relatos incríveis que minha mãe contava, enquanto preparava o café da manhã para a família. Mas, a história, ou melhor, o conto de hoje, ouvi do meu pai, Hercules Sormani, carinhosamente chamado pelos amigos de "seu" Lano.

"Seu Lano", morador da pequenina cidade de Agudos, no interior do estado de São Paulo, já era casado, tinha filhos, já dirigia, quando resolveu tirar carteira de motorista. Em Agudos, naquela época, muitas décadas atrás, a carteira de habilitação era fornecida pelo delegado, importante autoridade da cidade. E lá foi meu pai, certa manhã, para a delegacia solicitar um exame para se habilitar a dirigir.

Lá chegando, havia uma multidão se acotovelando na pequena sala. Ladrões de galinha, vizinhos briguentos, jovens que haviam quebrado vidraças jogando bola, enfim, ocorrências típicas de uma cidadezinha do interior. Empurrando aqui e ali, "seu" Lano conseguiu chegar até o delegado e explicar o que queria. O delegado, muito atrapalhado em meio a tantos problemas, chamou um ajudante e ordenou:

— Sampaio! O "seu" Lano, cidadão aqui presente veio tirar carteira de motorista. Hoje, a coisa "tá" complicada por aqui. Então, você vai no meu lugar. Acompanhe este homem e observe como ele vai se comportar no teste. Quero a volta completa no quarteirão. Não deixe escapar nenhum detalhe, "tá" entendendo?

E lá foram, meu pai e o Sampaio para o temível teste do quarteirão. Na volta, o Sampaio se apresentou ao delegado, sorridente, missão cumprida.

— E então—perguntou a autoridade — "seu" Lano fez tudo certo? Como estava o trânsito?
Ele atropelou alguém?
— Tudo certo, sim senhor! O trânsito "tava" andando bem. Ninguém foi atropelado não senhor.
— Isso quer dizer que ele foi aprovado? 
— Por mim, "tá" aprovado — assegurou o Sampaio.

Instantes depois, já com a autorização para dirigir em mãos, "seu" Lano entrou em casa soltando boas risadas. Minha mãe e meus irmão estavam ansiosos para saber das coisas. O teste tinha sido difícil? Qual o percurso? O delegado era muto bravo?

Meu pai, rindo sem parar, contou o que havia se passado, enfatizando que fora o Sampaio quem o acompanhara no teste do quarteirão.

— E foi tudo bem?— minha mãe perguntou.
Meu pai respondeu:
— Melhor não poderia ter sido. Nunca ninguém tirou a carteira assim, tenho certeza.
— Ora, não entendi...
— É que eu e o Sampaio demos a volta completa no quarteirão. É verdade! Só que demos a volta...a pé.


Um forte abraço,
Regina Sormani

SP: Página do Ilustrador - Andrea Ebert


A ilustradora nascida em São Paulo que mora em Natal-RN desde 1996 traz para os navegantes do Blog AEILIJ Paulista as imagens do livro "Duelo Danado de Dandão e Dedé - cantoria em trava-linguas"
, escrito por Lenice Gomes e Arlene Holanda- Editora Elementar Sinopse do livro:
"Um maravilhoso duelo sertanejo, cujas armas são violas e rimas fiadas. Dedé e Dandão, dois cantadores de primeira, enfrentam-se num desafio danado, de dar nó na língua de qualquer um, com trava-línguas e muitos versos. Animação sem parar e uma dúvida: quem será o vencedor?"




Palavra da ilustradora:

"Todo o livro é escrito com trava-língua - e percebi que tinha um ritmo seco e duro e como fossem recortes. Então decidi fazer o livro todo com recortes. No texto também havia um duelo - sempre um positivo e negativo, isso ficou mais interessante porque na hora que eu cortava um figura, sobrava o negativo que também servia para a ilustração. "



Técnica: 
"Usei papel, cortiça e tecido. Achei que seria mais prático cortar com bisturi e comprei muitos bisturis. Usei uns 3 e agora tenho um estoque de bisturi no estudio."



Realização: 
"Gosto muito do trabalho da artista Mira Schendel e neste livro tem uma página que me senti "A" Mira Schendel.

________________________________________________
Para conhecer mais sobre o trabalho de Andrea Ebert acesse:
http://www.andreaebert.com.br

e-mail: 
contato@andreaebert.com.br
84 9901-2262
84 3207-3473


___________________________________________

TODOS OS ILUSTRADORES ASSOCIADOS DA AEILIJ NO BRASIL INTEIRO PODEM PARTICIPAR DA PÁGINA DO ILUSTRADOR, PARA TANTO, MANDEM IMAGENS E EXPLICAÇÕES PARA O E-MAIL contato@danilomarques.com.br

3 comentários:

  1. Parabéns, Andrea! Muito legal essa sacada do positivo e negativo nos recortes...
  2. Andrea adoro seu trabalho, tem muita personalidade! Você faz muito com muito pouco. E faz muito bem!Parabéns!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

SP: Canto & Encanto da Poesia - Salta aqui, salta acolá

SALTA AQUI, SALTA ACOLÀ

Nas árvores, salta o macaco.
Enrola o rabo no galho,
Pula e não cai no buraco.
O gato pula no muro.
Pula no escuro.
Ele é esperto!
Só pula no lugar certo.
O sapo balança o papo.
Salta dentro da lagoa,
Cai de quatro, coaxando:
Água boa! Água boa!
Gente, mas quanto salto!
Quem é que pode medir
O pulo mais alto?

Esta poesia foi publicada pela Pioneira e faz parte do meu livro Rebenta Pipoca. Ilustrações do Marchi.

Regina Sormani

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SP: Quintas (46)

ALGUÉM ME ADICIONA?


Curiosa essa ilusão que o Orkut proporciona. A primeira vez que acessei o site de relacionamento vi uma amiga expondo fotos dela com a família nas praias do Ceará. Aquilo foi para mim intrigante: porque alguém faz isso?
Depois, aos poucos fui me dando conta da ilusão gigantesca que arrebanha as pessoas. Todos ficam por demais surpresos quando alguém responde que tem o Orkut. Claro que logo no início considerei por demais terrível de chato o tal site, mas segui em frente e fui compreendendo a ilusão. Continuou não tendo graça para mim, mas é ilusório sim. Todos sonham e imaginam que são celebridades ou coisa assim. Muitos atribuem a si uma importância que só o Orkut pode dar. Outros apenas querem amigos, querem encontrar os amigos que não conseguimos mais encontrar no cotidiano, ali mesmo, tão perto, na rua, na vizinhança, no local de trabalho, na escola...
Claro que a palavra "amigo" ali no site é um equívoco, mas o que tem de gente que aparece pedindo para ser adicionado. E fiquei boquiaberto ao descobrir que tem gente com mais de uma centena de amigos. Não acredita? Dê uma espiada.
Para os pobres, os simples, para o povo, tem o Orkut. Vendo que para mim não tinha sentido, resolvi deixá-lo.
Minha amiga usa o Orkut porque assim, diz ela, vai observando e acompanhando os movimentos do filho. Ok. E outros usam porque necessitam do site, para manter contato com os amigos... O site serve para muitas coisas. Tem as comunidades... O mundo jamais será o mesmo depois do Orkut. Jovens adolescentes fulguram seus rostos em súbita alegria quando respondo que tenho o Orkut. É, tenho.
Realmente, recentemente resolvi voltar ao Orkut e lá estou. Críticas impiedosas recebi da família. "Um escritor jamais deveria estar no Orkut!"... Realmente, às vezes cometo alguns erros na minha carreira literária...
Nas bancas de jornais a Revista "Caras"! Em casa, ali mesmo, tão perto, tão dentro, o Orkut. E vamos formar uma corrente de relacionamentos. Alguém me adiciona?
"A ilusão é a mãe da vida", alguém cantou.

Marciano Vasques

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

SP: Mural - Fevereiro de 2011


NÚMERO 16 - FEVEREIRO DE 2011
O Mural é uma agenda cultural postada todo início de mês,
porém, editada ao longo do mês conforme os eventos surgem.
A agenda das bibliotecas é renovada semanalmente.
Amigo associado de qualquer cidade do Estado de São Paulo, contribua... 
aguardamos notícias dos eventos do interior. 

___________________________________

ENTREVISTA COM ALINA PERLMAN 
NO PROGRAMA METRÓPOLIS 
DA TV CULTURA


DESÇA ATÉ O FINAL DESTA POSTAGEM E ASSISTA A CHAMADA E A ENTREVISTA 

___________________________________
ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA O 5º CONCURSO CULTURAL DA TURMA DO GABI – DESENHO
Já estão abertas as inscrições para o “5º Concurso Cultural da Turma do Gabi – Desenho” e vão até o dia 30 de Junho. Este ano “Bichos” foi o tema escolhido para a elaboração dos desenhos. Podem participar crianças e jovens de todo o país com idade de 9 a 14 anos. Os desenhos devem ser feitos em papel ofício e enviados para o Casarão Cultural Pau Preto:Rua Pedro Gonçalves, 477, Jardim Pau Preto, CEP: 13.330-210, Indaiatuba, SP. A premiação para os três melhores trabalhos serão umMP3 e um kit de revistas da Turma do Gabi (Ed. Júpiter II / Emt). A exposição com os trabalhos selecionados estará acontecendo de 04 a 31 de Julho no Casarão Cultural. A realização é do EMT – Estúdio Moacir Torres, com o Apoio da Fundação Pró-Memória e Prefeitura Municipalde Indaiatuba. Veja o regulamento no site:www.turmadogabi.blogspot.com
Maiores informações: (19) 3875-8383 – 3834-6319. Participe!
___________________________________

BIBLIOTECA DE EMERGÊNCIA :: PROJETO CARRINHO DE MÃOTECA

___________________________________

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COM CLÉO BUSATTO NA LIVRARIA CORTEZ


___________________________________

ESPAÇO GOURMET – DELÍCIAS DA LITERATURA ORAL

Encontro que simula um ‘restaurante literário’ cujo ‘cardápio’ é composto por declamação de cordéis, contação de “causos”, adivinhas, parlendas, trovas e trava-línguas.
Biblioteca Pública Belmonte. Dia 25, 14h. Grátis
Rua Paulo Eiró, 525
Santo Amaro - 04752-010
Telefone: 11 5687-0408 e 115691-0433
Horário: 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h; sábado, 9h às 16h
bmbelmonte@yahoo.com.br

___________________________________
PROGRAMAÇÃO LITERÁRIA OLIDO
Galeria Olido - Vitrine da Dança. Centro. 2ª. Grátis
Avenida São João, 473
Térreo ao 2º andar
Telefones: 3331-8399 ou 3397-0171

A cidade de São Paulo é tema dos encontros literários deste mês.
Não é necessário retirar ingresso.

CONFRARIA DA LEITURA
Encontro para leitura de crônicas de Mário de Andrade sobre a cidade de São Paulo. Na ocasião, serão distribuídas cópias de dois contos de Isabel Allende para serem comentados na primeira segunda-feira de março.
Dia 7, 18h30

SARAU DE LEITURA
Tema: Os Encantos e Desencantos deste Lugar.
Leitura de poemas e apresentação de músicas sobre a cidade de São Paulo. 
Dia 14, 18h

BATE-PAPO
Com Vera Lúcia Dias.
A historiadora falará sobre a cidade de São Paulo. Na ocasião, será lida a obra Cronistas da Cidade – Adoniran, Caetano, Geraldo Filme, Paulo Vanzolini, Rita Lee, seguida de bate-papo.
Dia 21, 18h30

CONTOS NA BOCA DA NOITE
Com Rita Marques.
Serão narrados “causos” da cidade de São Paulo.
Dia 28, 18h30
___________________________________
CONFIRA O BOLETIM LEITURAS, DE PAULA CAJATY:
___________________________________
SAIU O PRIMEIRO NUMERO DO JORNAL LITERÁRIO SOBRECAPA, DE ANA CRISTINA MELO
___________________________________

ENTREVISTA COM ALINA PERLMAN 
NO PROGRAMA METRÓPOLIS 
DA TV CULTURA
CHAMADA
 

ENTREVISTA

Um comentário:

  1. Muito legal a entrevista da querida amiga Alina! Adorei obrigada por incluir aqui no nosso Blog!!!

SP: Um livro do qual gostei muito - Condomínio dos Monstros

Condomínio dos Monstros (RHJ)
Escritor: Alexandre de Castro Gomes
Ilustradora: Cris Alhadeff

Os tempos mudaram e hoje muitos moram em apartamentos, obrigando as pessoas a aprenderem a conviver em grupo de forma muito próxima. Nossas crianças brincam no playground e na piscina do prédio, ou visitam amigos em condomínios. Dessa nova realidade, surgiu a sacada inteligente do autor, quando escreveu Condomínio dos Monstros. A qualidade do texto não parou por aí. Pior ainda entre monstros, o convívio social deles é complicado e respeitar as regras é fundamental. Quando a múmia sentiu-se impossibilitada de dormir seu sono milenar por causa do barulho dos vizinhos monstros, marcou uma reunião com a galera. Se o Esqueleto não faz barulho, suja por onde passa com seus ossos que caem. O Fantasma arrasta as correntes e o Lobisomem é pulguento. E quem será que aperta todos os botões do elevador? — perguntam ao Saci... Após uma negociação, uma das partes não cumpre o prometido e assim, os monstros são obrigados a buscar uma nova solução... O livro tem muitas tiradas inteligentes, humor agradável e um texto delicioso que agrada tanto os grandes quanto os pequenos. Para completar, aparece a ilustradora em seu primeiro trabalho, provando que veio para ficar. A bruxa traja vestido fashion de renda, as imagens são complementadas com detalhes que enriquecem e agradam os pequenos. Hoje, ambos – autor e ilustradora – têm inúmeros trabalhos publicados e outros tantos em processo de publicação, o que só comprova a qualidade da dupla. O Condomínio dos Monstros também virou peça de teatro e a estreia será ainda nesse ano, em São Paulo. Publicado pela RHJ, autor Alexandre de Castro Gomes e ilustração de Cris Alhadeff.

De: Simone Pedersen [mailto:s.pedersen@uol.com.br]


Um comentário:

Alexandre de Castro Gomes16 de fevereiro de 2011 08:15
Receber uma crítica tão bacana da Simone Pedersen alegra o dia de qualquer um. Além de ser uma excelente autora de LIJ, a Simone também escreve belíssimos textos adultos, em prosa e poesia, carregados dessa sensibilidade que nos mostrou aqui. Sou fã mesmo!
Obrigado Simone e obrigado Regina! Vocês são 10!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SP: Página do Ilustrador - Isabela Donato


Nesta edição apresentamos a ilustradora Isabela Donato
"Formada em Design gráfico, desde pequena desenho, e meu sonho sempre foi ilustrar livros infantis. Mostro aqui um pouco do meu trabalho, desde o primeiro até os 2 últimos lançados em 2010.
Meu primeiro livro foi todo feito à mão, desenho e colorido.
A partir do segundo livro, já fiz tudo direto no computador (desenho e colorido) no Photoshop e Corel. Fiz também a arte e a diagramação dos livros.
Aprendi com esse trabalho vários tipos de traços, o que me enriqueceram muito!!!"

Belas Lendas Brasileiras


Histórias da Criação


Histórias da Criação


Mundo dá Voltas


Mundo continua dando Voltas


Mundando Tudo!


Desabafando Tudo!


Desabafando Tudo!


No Mundo da Lua


No Mundo da Lua


Sai da internet, Clarice!



Sai da Internet, Clarice!


Vocês podem ver mais em 
www.isabeladonato.com

SP: O autor e sua obra - Lygia Bojunga

LYGIA BOJUNGA

Olá!

Quando fui convidada a escrever para O Autor e sua Obra, imediatamente me veio o nome de Lygia Bojunga. Pelo seu estilo peculiar de escrever, sua capacidade de provocar emoção nos leitores, seu jeito único de mostrar a realidade nua e crua, misturada à fantasia, a autora me cativou. Li toda a sua obra e presto atenção no mercado literário, ansiando por um livro novo.

Para você, leitor do blog da AEILIJ Paulista conhecer melhor, segue um pouco da vida e da obra dessa grande escritora. Divirta-se!

Lygia Bojunga nasceu em uma fazenda, na cidade de Pelotas, no dia 26 de agosto de 1932. Aos oito anos de idade foi para o Rio de Janeiro onde, em 1951, se tornou atriz numa companhia de teatro que viajava pelo interior do Brasil. A predominância do analfabetismo que presenciou nessas viagens levou-a a fundar uma escola para crianças pobres do interior que dirigiu durante cinco anos. Trabalhou durante muito tempo para o rádio e a televisão, antes de debutar como escritora de livros infantis em 1972.

Num continente que se tornou conhecido por seu realismo mágico e contos fantásticos, a literatura infantil brasileira caracteriza-se por uma acentuada

transgressão dos limites entre a fantasia e a realidade. Lygia Bojunga é uma escritora que perpetuou esta tradição e a tornou perfeita. Para ela, o cotidiano está repleto de magia: onde alfinetes e guarda-chuvas conversam tão naturalmente como os peões e as bolas; onde animais vivem vidas tão variadas e vulneráveis como as pessoas. Imperceptivelmente, o concreto da realidade transforma-se noutra coisa mais fácil de ultrapassar. A tristeza vive com Lygia Bojunga juntamente com a alegria. A morte não é tabu, a desilusão também não, pois, além da próxima esquina, espera a cura. Os textos de Bojunga baseiam-se fortemente na perspectiva da criança.

Ela observa o mundo através dos olhos brincalhões da criança. Aqui é tudo possível: os seus personagens podem fantasiar um cavalo no qual cavalgam a galope, ou desenhar uma porta numa parede, que atravessam no momento seguinte. As fantasias servem, geralmente, para ultrapassar experiências pessoais difíceis.

O realismo mágico e perspicácia psicológica reúnem-se a uma paixão pelo social e pela democracia. Mas, Lygia Bojunga nunca dá sermões, o sério é sempre equilibrado pela brincadeira e o humor.As obras de Ligia Bojunga foram traduzidas para várias línguas, entre as quais: francês, alemão, espanhol, norueguês, sueco, hebraico, italiano, búlgaro, checo e islandês. Recebeu vários prêmios, entre eles, o Prêmio Jabuti (1973), o prestigiado Prêmio Hans Christian Andersen (1982) e o Prêmio da Literatura Rattenfänger (1986).

Obras em português:
Os Colegas – Rio de Janeiro: José Olympio, 1972
Angélica – Ilustrações de Vilma Pasqualini. Rio de Janeiro: Livraria AGIR
Editora, l975
A Bolsa Amarela – Ilustrações de Marie Louise Nery. Rio de Janeiro: Livraria
AGIR Editora, 1976
A Casa da Madrinha – Ilustrações de Regina Yolanda. Rio de Janeiro: AGIR, 1978 
Corda Bamba – Ilustrações de Regina Yolanda. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, l979 
O Sofá Estampado – Ilustrações e diagramação de Elvira Vigna. Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira, 1980 
Tchau – São Paulo, SP: Livraria AGIR Editora, 1984
O Meu Amigo Pintor – Rio de Janeiro: José Olympio, 
1987
Nós Três – 1987
O Pintor (teatro) – 1989 
Nós Três (teatro) – 1989
Fazendo Ana Paz – Rio de Janeiro, RJ: AGIR, 1991 
Paisagem – Rio de Janeiro, RJ: AGIR, 1992 
Seis Vezes Lucas – Ilustração da capa, Roger Mello. Ilustrações do miolo, Regina Yolanda. RJ: AGIR, 1995 
O Abraço – 1995 
Feito à Mão – Rio de Janeiro: AGIR, 1996 
A Cama – Rio de Janeiro: AGIR, 1999 
O Rio e eu – Ilustrações, Roberto Magalhães. São Paulo, SP, Brasil: Salamandra, 1999 
Retratos de Carolina – Rio de Janeiro: Editora Casa Lygia Bojunga Ltda., 2002 

Conheça Algumas Capas

Eliana Martins

sábado, 12 de fevereiro de 2011

SP: Mensagem - Balões coloridos

Balões coloridos 

Um jovem casal teve seu primeiro filho, muito doente, com reduzidas chances de sobreviver. Sabendo de seus dias contados, os dois, de licença do trabalho, dividiram as vinte e quatro horas do dia de forma que ambos ficassem com o bebê e eles - apenas eles - cuidassem do frágil recém-nascido. Com muita dificuldade para mamar, o anjinho precisava ser alimentado a cada hora do dia e da noite, com apenas alguns poucos mililitros do leite materno que a mãe produzia e cuidadosamente retirava e armazenava, num processo doloroso e demorado, pois o pequenino não tinha forças nem para mamar suas gotas de amor...

Em nenhum momento os pais reclamaram de cansaço. Em nenhum momento brigaram sobre quem teria que trocar a próxima fralda ou dar a próxima mamadeira. Nem discutiram quem se levantaria no meio da noite. Fez-me sentir uma péssima mãe... Fez-me lembrar de todos os momentos em que me sinto irritada com os tantos afazeres que a maternidade nos transfere, os familiares exigem e os amigos esperam.

A história do jovem casal mostrou-me que tudo na vida é passageiro e rapidamente desaparece, em largos passos, se nós não atentarmos a cada segundo e vivê-los intensamente. E que, no final da vida, não adiantará mais ter aprendido essa importante lição, pois o tempo passado é tempo vivido, ou tempo perdido. Não existe meio-termo. Não se vive mais ou menos. Não se arrepende mais ou menos. Ou estamos presentes, inteiros, naquele momento, ou nunca mais poderemos alcançá-lo. E as mães sabem disso melhor que ninguém. Acompanham cada minuto da vida de seus rebentos, choram com eles suas dores, riem com eles suas traquinagens. E cuidam, com todo amor e carinho, nos momentos de doença.

No dia do velório do pequenino menino, os pais não estavam desolados. Estavam tristes, mas tranquilos. Estavam conscientes de que haviam feito o melhor que lhes era possível. Haviam amado cada segundo, cada suspiro, cada lágrima e cada sorriso daquele frágil ser. E soltaram 99 balões coloridos, um para cada dia de vida do pequeno anjo, com quem tiveram o privilégio de conviver naqueles meses. Todos os presentes olharam para o céu, refletindo quanto um momento singelo pode representar se nós o agarrarmos com unhas e dentes. 

E - como o passado - os balões ficaram inacessíveis, desaparecendo no céu azul, num piscar de olhos. Lindos, se foram e nunca mais foram vistos. Restou apenas a imagem de um inigualável entardecer, colorido como só a vida pode ser, e balões que representavam cada dia vivido no amor.

Simone Pedersen
http://simonealvespedersen.blogspot.com

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

SP: Quintas (45)

 A LINHA

A solução é a suspensão do cotidiano, é você se ausentar, permanecer suspenso,  flutuante numa linha horizontal que vaga no ar, acima do nível do cotidiano, como estão com relação ao mar os planaltos.
Nessa fantástica linha estarão a morar a poesia e todas as formas de arte. E elas, certamente o levarão às coisas que o fizeram feliz da forma mais autêntica como isso pode ter ocorrido em sua efêmera e frágil vida.
Somos também o que vaga em nossa alma, e só nos resta como alternativa derradeira a suspensão do cotidiano cortante que nos maltrata, arrancando à forceps nossas pétalas e cores originais.
Sorrisos que nos marcaram profundamente foram aos tropeções sendo substituídos por formas bolorentas de olhares e risos que não atiçaram um fiapo que seja daquilo que mais prezávamos quando o coração cavalgava feliz de saci entre as folhagens e a poeira, na perdição de diapasões nos dias em que gorjear e tritrinar nos embelezava os ouvidos.
Abrir leques e rasgos numa velocidade de menino estonteante entre as folhas lisas de canaviais: só a lembrança já acalma o espírito e promete poesia.
A manutenção da linha horizontal suspensa no ar acima do nível do cotidiano é de natureza poética, e deve ser buscada no único lugar possível, fora da aspereza. Isto é: naturalmente em você, lá, onde nem os ciúmes penetram.

Marciano Vasques

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SP: Vice-Versa de fevereiro de 2011

Meus caros,
O Vice-Versa de fevereiro de 2011 reúne Angela Leite de Castilho Souza da regional AEILIJ de Minas Gerais e Márcia Széliga da regional do Paraná. 
Muito obrigada pela participação!
Beijos,
Regina Sormani


Márcia Széliga
Angela Leite de Souza


RESPOSTAS DE ANGELA LEITE

1) Você é uma artista de dois caminhos também. Como o transbordamento de seu universo de imagens e palavras encontra uma síntese tão precisa para dizer tudo?

Será porque eu conheço bem a autora do texto? Agora, a sério: em primeiro lugar, obrigada por esse “tão precisa”. Acredito que acontece um processo inconsciente, paralelamente ao trabalho racional e suado de criar textos e ilustrações. Ou seja, mais ou menos 40% de inspiração e o restante, transpiração. Isso me leva a pensar que a síntese a que você se refere acontece em parte sem o meu controle. Escrevo a história ou os poemas e, quando vou ilustrá-los, percebo as possibilidades subjacentes ao texto, justamente aquelas que não explorei ao elaborá-lo. Mas ainda aí, nessa etapa, imaginação e razão continuam se alternando no esforço de encontrar a correspondência entre as duas linguagens.

2) Como as palavras te encontram para que sejam bordadas e o que te dá mais prazer?

Quando se trata de ilustrar meus próprios textos, as palavras, como disse anteriormente, já “me encontraram” em alguma dimensão. Só que tento vê-las com um olhar de estranhamento, de descoberta. O processo é semelhante ao que uso para ilustrar texto alheio, só que, neste caso, tenho um cuidado ainda maior, para não apenas sublinhar com minhas imagens, mas também não contradizer, a essência do pensamento do escritor. Agora, quanto ao prazer, ambas as formas de criação me realizam, mas acho que me sinto mais feliz com as agulhas ou pincéis entre meus dedos do que quando eles estão sobre o teclado do computador, esperando que retorne alguma palavra fujona... 

3) Suas imagens bordadas alguma vez inspiraram, num caminho inverso, as palavras?

Ainda não fiz essa experiência com meus próprios desenhos ou bordados, mas por duas vezes ilustrei com palavras as imagens de um outro autor, Walid Malek. Ele havia criado suas histórias visuais e me convidou a desenvolver os textos. Foi um grande desafio: eu não podia simplesmente fazer legendas para aquelas narrativas; e nem podia fugir ou me afastar demais do enredo original. E, ainda por cima, o tema desses livros era a espiritualidade. Mas tanto o artista quanto eu ficamos satisfeitos com o resultado dessa parceria - “E depois?”, publicado pela Editora Lê, e “De volta para a luz”, pela Dimensão -, porque a impressão final, segundo leitores, é a de que o texto escrito é que teria dado a partida ao visual. Isto é, a inversão não acarretou uma artificialidade ao produto final.

4) O que te alimenta mais a alma: escrever ou ilustrar?

Embora eu já tenha dado anteriormente uma pista das minhas preferências, aproveito para me explicar melhor. Muitas vezes, ao escrever, sofremos a angústia da folha em branco, das ideias fugidias e da eterna insatisfação com a forma. Daí a habitual analogia desse trabalho com o braçal. Mas há também aqueles maravilhosos momentos em que o texto parece fluir diretamente da ponta dos dedos, sem que o mental interfira tanto. Já o pintar e o bordar, ainda que precedidos do exercício igualmente difícil de definir espaços, imagens e materiais, tem um lado tão prazeroso que, como outras modalidades de arte, é até recomendado para fins terapêuticos. O que sei é que minha alma busca com uma fome permanente essas duas expressões e se estas me propiciam pôr no mundo filhos saudáveis, ela, a alma, só pode corujamente sentir-se realizada. 


RESPOSTAS DE MÁRCIA SZÉLIGA 

1)Uma imagem vale sempre por mil palavras?

Penso ser de mesmo peso e medida. Uma única palavra dita num momento exato pode nos atravessar, desferir um golpe, derrubar ou ser a chave que abre nosso coração, nossa alma, as portas do universo, assim como uma só imagem pode ser banal para uns, imprescindível para outros, agressiva ou, com outros olhos acolhedora, e guardar um segredo, uma grande história que as palavras não seriam suficientes para defini-la.
Agora, pode existir uma única palavra que vale por mil imagens. 
Eu tenho a minha. Cada um deve ter a sua ou um dia há de encontrar...

2)Você teve uma formação toda voltada para as artes plásticas e esta tem sido sua área de trabalho preferencial. Como nasceu a escritora?

Na adolescência eu já gostava demais de escrever. As aulas de língua portuguesa e redação estavam entre as minhas preferências. Escrevia o que não era capaz de dizer, e assim descobri a metáfora e a representação daquilo que não haviam palavras para explicar. Mas precisava metaforizar mais ainda, então transferi essa forma de expressão ao desenho, acreditando que o desenho era capaz de falar sobre as entrelinhas numa expressão de corpo, de fisionomia, de atmosfera das cores e sombras. Verdade é que sempre busquei desenhos que fossem falantes por eles mesmos.
Mais tarde, essa escritora adormecida voltou. Primeiro numa brincadeira de quintal com as crianças, depois no compartilhamento de palavras com os especiais habitantes do universo literário. E descobri então que expressar através das letras desenhadas é também uma séria e feliz brincadeira maravilhosa.

3)Qual das duas atividades é mais prazerosa (ou menos sofrida...) para você?

As duas são prazerosas. A diferença é que escrever não tem compromisso de cumprir prazos apertados, quando estes existem (pelo menos ainda não experienciei isso a não ser em redação de vestibular, rsrsrs). Porém, esperar por um texto para ser escolhido pode durar um prazo indeterminado... ou o fundo de uma gaveta. 
Por fim, se desenhar é se colocar em meditação, escrever é estar em oração.

4)Você acha que o ilustrador tem uma função além daquela que etimologicamente deu origem à profissão – iluminar um texto?

Bom saber que ilustração ilumina um texto, não? Mas sim, acredito que vai muito além disso. Se a ilustração é capaz de embelezar o livro, é também capaz de falar por si só das chaves que o texto traz, das portas que podem ser abertas além da imagem e da palavra. Dos caminhos que a percorrer dentro de si e diante da Vida ao encontrar identificação no casamento imagem/texto que não se encerra num começo-meio-fim de um livro. Mas também existem palavras que dão mais brilho às imagens, não? E não podemos esquecer do silêncio, tão precioso nas pausas quanto na ausência de imagem. No silêncio de imagem e palavra encontramos uma especial presença que não tem som ou forma que defina. Um vazio preenchido.


2 comentários:

Anônimo3 de fevereiro de 2011 02:40
Ótima matéria com duas autoras que admiro demais.
Rogério Andrade Barbosa

Anônimo3 de fevereiro de 2011 05:23
Parbéns, lindinhas! Vocês são ótimas.
Bjs da Laura Bergallo.