Lygia Bojunga, como escritora, em 1982;
Ana Maria Machado, como escritora, em 2000; e
Roger Mello, como ilustrador, em 2014!!!
Parabéns ao novo ganhador do Prêmio Hans Christian Andersen!
quarta-feira, 26 de março de 2014
sexta-feira, 21 de março de 2014
sexta-feira, 14 de março de 2014
RJ: Oficina "Lendo livros por inteiro"
Nossa associada Marilia Pirillo ministra oficina sobre o Livro infantil e juvenil como um todo: a união de texto, projeto gráfico e ilustrações. A aulas acontecem no Centro Cultural da Justiça Federal. Faça já sua inscrição!
segunda-feira, 10 de março de 2014
RS: Heloisa Bacichette convida para lançamento
A AEILIJ parabeniza Heloisa Bacichette, nossa associada de Caxias do Sul
Postado por Jacira Fagundes
Postado por Jacira Fagundes
quinta-feira, 6 de março de 2014
SP: Pé de meia literário (26)
LEITURISMO e LEITURAMENTO
É bem provável que estes dois termos, Leiturismo e Leituramento, nada signifiquem para além da curiosidade. O que é Leiturismo e o que é Leituramento? Que relações pode haver entre eles?
O Leiturismo está para o espontaneísmo assim como o Leituramento está para o planejamento.
Aqui vamos, inicialmente, nos acercar de uma possível definição desses termos. Espontaneísmo apareceu como a designação de fenômenos sem ligação orgânica entre si, como eventos fortuitos, oportunistas, gerados ao acaso, como um lance de dados, as coisas acontecendo ao sabor delas próprias, sem rumo previamente traçado, sem planejamento. Nesse sentido, eis aí a alma do leiturismo: o espontaneísmo.
Letramento, conceito novo e ainda complexo, nos faz pensar nas relações de aprendizagens da leitura e escrita num mundo pleno de signos verbais e suas muitas significações. Diferentemente do espontaneísmo, o letramento pressupõe a preocupação consequente, o planejamento, o estudo das necessidades, o fortalecimento das relações entre sociedade e sujeito. Nesse sentido, eis aí a alma do Leituramento: o planejamento consequente.
Leiturismo é o espontaneísmo, o fogo que arde sem queimar, o embarque atropelado na canoa dos movimentos efêmeros, não duradouros, nem contínuos. É a arte fogueteira do marketing, é o discurso dos programas de governo, antes da eleição, e a ausência na prática política do cotidiano. Leiturismo é a construção de prédios e, às vezes, compra de acervos e equipamentos para inaugurações rápidas, festeiras e inundadas de holofotes, para depois, acabar na quarta-feira de cinzas, morna, sem programa, sem mediador de leitura, sem reposição de acervo e sem propostas de atuação diárias, cotidianas e contínuas. É um número na estatística e quase nunca passa disso. Números mortos em páginas oficiais: pouco ou nada dizem da prática efetiva de leitura. É um nome na lista de eventos e projetos/programas que, depois, dorme na calmaria das listagens. Leiturismo é pleno de eventos bombásticos, números afoitos, discussões acaloradas, vozes em mil alto-falantes. Leiturismo é a aprovação tresloucada, pipocando a todo o momento, de planos estaduais e municipais de leitura, do livro, de biblioteca. Aprovadas as leis, para consumo de planos de governo e de ações marqueteiras, elas vão, quase sempre, para o ninho do sono eterno.
Do Leiturismo fazem parte diversas ações, entre as quais, para o que nos interesse aqui e agora, as estatísticas vazias de número de bibliotecas públicas, o abandono da maioria dos prédios e equipamentos, a ausência de programas de reposição de acervo com a participação dos interessados, de formação dos mediadores e de incentivo cultural aos eventos de formação de leitores.
O Leiturismo é a festa, o elefante branco, o anúncio, os fogos de artifício, a estatística formal no espaço comprado a peso de ouro do jornal, a luz apagada depois do “e agora, José?”. Tem a ver com a política populista, atropelada, rápida, que responde à demanda do momento, à moda da hora. É a inconsequência com a cara de fragmentos brilhantes e coloridos.
Leiturismo busca votos passageiros. Não se preocupa com um projeto de sociedade e nesse projeto o espaço da leitura como ação salutar para a vida inteligente.
E o Leituramento, o que é?
O Leituramento é a ardência do cozimento brando e contínuo, a cadência do movimento constante, a amarração firme e forte dos cabos, das vigas, dos suportes, um amálgama contra a fragmentação. É a preocupação conseqüente, fora dos oportunismos, longe da fogueira das vaidades, distante da superficialidade; é a proposição com começo, meio e fim, olhos aqui, ali e além, a previsão de quem faz, onde faz, com o quê faz e como faz. Leituramento é o contraponto às inaugurações apressadas, aos projetos de nomes pomposos e estrutura oca, à superficialidade da luta por espaços que travam os que querem o seu nome na mídia.
Do Leituramento fazem parte diversas ações, entre as quais interessa-nos citar: definição de uma agenda nacional para os eventos da leitura; formulação de uma política consistente, contínua e objetiva para construção, manutenção e recuperação dos prédios das bibliotecas públicas; definição de uma política de formação de mediadores de leitura para atuar nas bibliotecas; formulação de uma política eficiente de reposição de acervo, dando voz aos mediadores; investimentos concretos em uma ampla rede de bibliotecas escolares; envolvimento efetivo dos municípios na vida de suas bibliotecas, organizando leitores e mediadores em uma cidade-leitora.
Leituramento busca a ação concreta da sociedade pela leitura, um projeto de sociedade onde a leitura-ação-e-reflexão esteja presente como forma de garantir inteligência saudável em nossas vidas.
Leiturismo é, enfim, o desejo afobado, a festa pronta, o discurso na ponta da língua e... os espaços de leitura vazios.
Leituramento é, afinal, a atitude firme e definida, o planejamento consequente, o trabalho contínuo e amarrado e... os espaços de leitura abertos e pulsando as muitas significações possíveis.
EDSON GABRIEL GARCIA
(escritor e educador)