1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Sou um curioso nato. Gosto muito de experimentar. E foi experimentando romances juvenis durante a adolescência que senti algo despertando em mim: era a necessidade de dialogar com pessoas da minha idade. Conforme fui ficando mais velho, veio a vontade de falar com os que eram mais novos. E assim me tornei um adulto que passa mais tempo no universo infantojuvenil do que naquele em que a sociedade espera que eu viva.
2) Três livros seus para quem não te conhece.
O primeiro certamente é Anilina, ziguezague e Désirée (Editora Patuá, 2011), que foi o meu marco inicial. Trata-se de uma antologia de contos juvenis que reúne desde histórias de ficção realista (o garoto que odeia o próprio nome; a garota que se apaixona pela própria sombra; o rapaz que desconhece a cor dos próprios olhos) a realismo mágico (o mimeógrafo com depressão; o gato que preside uma empresa; a personagem que sai do livro para brigar com o autor).
O segundo é Um gato caolho do rabo comprido (Jogo de Palavras, 2013), com seis contos infantojuvenis que ganharam prêmio pelo conjunto. São releituras de contos de fadas clássicos narradas pela visão caolha de um gato de rua: um patinho lindo que faz de tudo para conquistar sua grande paixão; três cachinhos dourados que precisam se livrar de um urso malvado; carros alegóricos de soldadinho e bailarina que querem desfilar juntos no carnaval; dentre outros episódios.
O terceiro é a minha obra mais recente, Como calar a boca de um dragão (Jogo de Palavras, 2017). Premiada no Concurso Monteiro Lobato de Contos Infantis em 2012, é a história de uma princesa adolescente que se aborrece com os resmungos do dragão que mora nos fundos do palácio e tenta encontrar uma forma de acabar com isso. Publicar essa obra foi tarefa difícil: precisei fazer edições em ilustrações de domínio público, com traço a lápis, em preto e branco – foi o caminho encontrado para viabilizar uma publicação independente sem que o preço final do produto ficasse inacessível.
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Estou com um livro em editoração, Criaturas de Linguagem (Fragmentos, 2017?), e organizando uma antologia com outros cinco escritores paulistas de até 25 anos de idade, O parque (Jogo de Palavras, 2017?). Também segue em andamento o projeto Garoto com Gato, patrocinado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, que resultará em um romance juvenil inédito, ainda sem título definido. Tenho me arriscado também na produção de roteiros, tendo criado alguns curtas-metragens e uma série juvenil chamada RevoltZ, exclusivamente para a produtora Telemilênio, que me permitiu colaborar na roteirização de algumas webséries. Sigo apresentando originais a editoras, participando de concursos literários e fechando parcerias para produções independentes, além de expandir meu projeto de realizar encontros literários gratuitos em escolas públicas. Ah, e também desejo terminar o doutorado!
Mais informações em http://escritorjp.blogspot.com.br/
Foto: Rafaela Lopes