Edson Gabriel Garcia
Novas Bandeiras Desfraldas
Conheço Pedro Bandeira há um bom tempo, desde a época em que ele trabalhava na Editora Abril participando da edição de revistas para crianças e jovens, a Recreio – que ainda existe - e uma outra, para jovens, já extinta, da qual não mais me lembro o nome. Naquela época ele já era a pessoa envolvente que é hoje.
Cruzamos os nossos caminhos algumas muitas vezes, ele sempre muito generoso com os colegas de profissão. Lembro-me de duas ocasiões, em especial. Uma delas, ao longo dos anos 98 e 99, em que ele, eu, Vinícius Caldevilla e Márcia Kupstas nos reuníamos, uma vez por mês, sempre num final de tarde que virava parte da noite, para conversar sobre livros, literatura, textos, edições e coisas demais dessa vida. Conversávamos, comíamos e bebíamos para matar a sede, que ninguém é de ferro. Desses encontros surgiram alguns textos publicados aqui e ali e sobraram boas lembranças. A outra ocasião foi no dia 14 de novembro de 2003, data em que ele, natural de Santos, foi homenageado com o título de Cidadão Paulistano pela Câmara Municipal de São Paulo. Outra boa lembrança que guardo dele.
O Pedro, um dos autores de nossa geração mais lido, vendido, comprado, adorado, indicado, comentado, publicado etc, dono de um texto que chama a moçada à leitura, tem sempre um ensinamento para todos nós. Recordo de sua insistência em dizer que melhor do que publicar em muitas editoras era concentrar as publicações em uma casa editorial. Facilitaria a negociação, o respeito e a atenção seriam maiores. E não é que tinha mesmo razão!
Mais recentemente, eis o Pedro com novas bandeiras desfraldadas, tendo o seu livro O Fantástico Mistério de Feiurinha, um clássico, descoberto pelo cinema e transformado em filme para a meninada. A experiência e a aprendizagem não acabaram aí. Com o olhar atento, mirando no futuro, ele amarrou a adaptação do livro para o cinema com outras pequenas amarrações: a obrigatoriedade de citação do nome do autor da obra literária nas peças publicitárias, a citação explicita do nome do livro e do autor em uma novela da mais assistida rede de televisão brasileira e agendamento de entrevistas com ele, autor de um livro para crianças, em programas e jornais lidos e vistos por adultos. Ou seja, o Pedro Bandeira marcando presença nos espaços quase nunca oferecidos para a literatura infantil e juvenil. E dessa forma contribuindo para nossa discussão em busca do respeito – há muito merecido – que a literatura infantil e juvenil ainda não tem no mercado editorial e no imaginário brasileiro.
Que venham mais bandeiras desse nosso querido amigo, um verdadeiro bandeirante, um cara que conhece bem o gosto do enorme sucesso, mas que não fecha as portas da sua carreira para si próprio e sempre que pode está conosco na luta. Ele é um baita pé de meia literário.
Para pensar, mudar e cobrar atitudes.
Sampa, janeiro de 2010
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