sábado, 28 de abril de 2012

SP: O autor e sua obra - Thales de Andrade



Literatura Infantil no Brasil 
Autor importante e pouco lembrado


Thales Castanho de Andrade nasceu em Piracicaba, interior de São Paulo a 15 de setembro de 1890. Diplomou-se professor normalista, foi professor de História do Brasil. História Geral e de outras disciplinas do hoje Instituto de Educação Sud Menucci. Thales, grande professor, sabia como interessar os alunos. Ensinava que o essencial era a interpretação histórica. Os alunos deveriam refazer os caminhos percorridos pelos personagens, levantando os cenários da época, as condições políticas, o cenário econômico, em resumo, uma visão global dos acontecimentos. Vários alunos seus fizeram depoimentos sobre as aulas do grande mestre, afirmando que jamais, em suas aulas, tiveram que responder a questionários chatos, ou decorar datas como papagaios. O mestre afirmava que datas miúdas só serviam para empanturrar a cabeça. Dizia também que, na História, o importante é o fato marcante, o momento histórico. A carreira de Thales no magistério foi brilhante, tendo lecionado na Escola de Comércio Cristovão Colombo e no Colégio Piracicabano. Elaborou um método de alfabetização que foi adotado com sucesso pelo governo mexicano. Em dois anos, foram educados um milhão e meio de analfabetos. 

Literatura Infantil: Thales ou Lobato? 

A Filha da Floresta 

Thales publicou, em 1919, editado pelo Jornal de Piracicaba, um conto interessante que visava incentivar nos pequenos leitores o amor pela natureza. João Chiarini, o maior estudioso da obra de Thales considera o autor “o primeiro ecólogo brasileiro”. Na história “A Filha da Floresta” há fadas, anões, palácios, tudo isso alinhado de forma espirituosa e inteligente. Esse livro deu início à discussão na Academia Paulista de Letras, por ocasião de uma homenagem feita a Thales de Andrade, na qual se questionou o seguinte: Seria Thales, ou Monteiro Lobato, o verdadeiro iniciador da literatura infantil no Brasil? O acadêmico Francisco Marins, outro grande escritor brasileiro, falou sobre a edição da “Filha da Floresta”, demonstrando que esta, foi anterior à publicação de “Narizinho Arrebitado” de Lobato, que é de 1921. Marins relembrou também, que a Editora Melhoramentos reeditou a “Filha da Floresta” no mesmo ano de 1921. Francisco Marins, que atualmente está chegando aos 90 anos, é autor de “Clarão na Serra”, “O grotão do café amarelo”, “Expedição aos Martírios”, “E a porteira bateu”... entre tantos outros. 

Saudade 

Na opinião de Sud Menucci, “Saudade”, outro grande sucesso de Thales, é um romance juvenil encantador. Conta a história de uma criança que saiu da fazenda onde nasceu para ir morar na cidade e que, tempos depois, retorna ao campo. Ele diz que do ponto de vista literário, “Saudade”, tem uma linguagem cheia de graça e espontaneidade, dotada de sóbria elegância. Vários trechos dessa história foram dramatizados. Um exemplo é “O casamento de Nhô Lau”, um dos personagens principais da história, cujo texto, em forma de libreto, faz parte da Academia Piracicabana de Letras. João Chiarini diz ainda: - “Para escrever “Saudade”, Thales não buscou a mitologia greco-romana nem as carochinhas do mundo. Seu universo foi o nacional popular brasileiro”. “Saudade” foi editada dezenas de vezes, contribuindo para a formação de gerações de leitores. Foi, durante muito tempo, o livro mais adotado para leitura, nas nossas escolas. Foi publicado pela primeira vez pelo governo, em Pocai, no estado de São Paulo, em 1919, num total de 15.000 exemplares. No total, seus livros atingiram uma tiragem de 2 milhões de exemplares. ( Arroyo, 1988, p.191) Na opinião de Leo Vaz, “ O autor tem a intuição exata da psicologia infantil, sabe ser criança entre as crianças...” Thales Castanho de Andrade, por todos os motivos citados, é por muitos estudiosos, considerado o criador do gênero infanto-juvenil da Literatura Brasileira. 

Outras obras: Ler Brincando; Vida na Roça; Na Oficina; O irmão Café; Trabalho; Alegria; Espelho; Milho. Contos: El Rei Dom Sapo, Bem-Te-Vi feiticeiro; A Bruxa Branca; Capitão Feliz e vários outros. 

Pesquisa bibliográfica: Biblioteca Pública Municipal de Piracicaba e Hemeroteca (Thales Castanho de Andrade) 

Postado por Regina Sormani às 11:31

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