segunda-feira, 31 de maio de 2010

RS: Novo espaço para Rui de Oliveira

Rui de Oliveira, nosso mestre da Ilustração está com página nova. Desta vez, trata-se de um blog:

RJ: Caixa de Desejos de Ana Cristina Melo

A Caixa de Desejos de Ana Cristina Melo está na página

http://caixadedesejos.wordpress.com/

A escritora concedeu uma entrevista ao escritor e jornalista André Giusti.

Está em
http://www.andregiusti.com.br/blog/2010/05/15/da-internet-para-os-livros/

RJ: Lançamento do livro "Deu tatu no meu quintal' de Flávia Côrtes e Anielizabeth


As autoras Flávia Côrtes e Anielizabeth convidam para o lançamento do livro Deu tatu no meu quintal, editado pela Cortez.

Será no dia 11 de junho (sexta-feira), às 10 horas, no Espaço de Leitura do XII Salão do Livro FNLIJ.

Endereço: Av. Barão de Tefé, 75
Zona Portuária do Rio de Janeiro


domingo, 30 de maio de 2010

SP: Francisco Martins



Olá, pessoal!
Francisco Marins foi um dos indicados para ser homenageado em 2010 pela AEILIJ regional São Paulo. As informações abaixo foram enviadas pelo escritor Manuel Filho.
Grande abraço,
Regina Sormani


Escritor da Terra e da Juventude 

Os livros do escritor Francisco Marins, traduzidos em doze línguas levam as histórias típicas de nossa terra a vários países do mundo.

É o único escritor do país a figurar na famosa coleção Européia "Delphin", que reúne os clássicos de literatura juvenil de todo o mundo!

Quem é o escritor Francisco Marins?

Francisco Marins passou sua juventude em uma típica propriedade rural que ele havia de imortalizar com o nome de Taquara-Póca e em uma vila. Formulou a idéia de contar em seus livros sobre a vida do interior e, também, sobre a epopéia de integrar o território, as passadas sertanistas, as bandeiras, a lenda dos Martírios, bandeirismo, bandeiras fluviais, Expedição Langsdorff, etc.

Também é conhecida a campanha do escritor como ex-Presidente da Câmara Brasileira do Livro e Academia Paulista de Letras para a divulgação do hábito de ler e formação de bibliotecas em todo país.

Bibliografia
Livros infanto-juvenis

Nas Terras do Rei Café (série Taquara-Póca)
Os Segredos de Taquara-Póca (série Taquara-Póca)
O Coleira Preta (série Taquara-Póca)
Gafanhotos em Taquara-Póca (série Taquara-Póca)
Viagem ao Mundo Desconhecido
A Aldeia Sagrada (série Vagalume)
O Mistério dos Morros Dourados (série Vagalume)
A Montanha das Duas Cabeças (série Vagalume)
Em Busca do Diamante (série Vagalume)
Canudos (série Vagalume)
O Sótão da Múmia (série Vagalume)
Expedição aos Martírios (série Roteiro dos Martírios)
Volta à Serra Misteriosa (série Roteiro dos Martírios)
O Bugre Chapéu de Anta (série Roeteiro dos Martírios)
Verde era o Coração da Montanha
Território dos Bravos

Romances

Clarão na Serra
Grotão do Café Amarelo
... E a Porteira Bateu!
Atalho Sem Fim

RJ: Ieda de Oliveira e Márcia Széliga lançam "O Espelho"


A escritora Ieda de Oliveira e a ilustradora Márcia Széliga lançam o livro O Espelho, editado pela Prumo. 

O lançamento acontecerá no XII Salão do Livro Infantil e Juvenil da FNLIJ.

Dia 13 de junho, às 18 horas, no Espaço de Leitura.

Endereço: Av. Barão de Tefé, 75 - Zona Portuária - Rio de Janeiro - RJ

sexta-feira, 28 de maio de 2010

RS: Associado é patrono

A Praça da Bandeira de Guaíba se transforma hoje em cenário das letras. Nesta terça-feira, 25 de maio, inicia a 21ª Feira do Livro de Guaíba. Com programação variada, a novidade nesta edição são as tendas do saber, da criação e do autor.


O escritor Caio Riter é o Patrono da Feira. "De 25 a 30 de maio, serei patrono da Feira do Livro de Guaíba. Para quem escreve, ser homenageado por um evento que tem o livro como porta-voz, como objeto, como motivo, sempre é bom. Muitas as feiras espalhadas por este estado, muitos os escritores, assim ser o escolhido atrai sorriso para o rosto e um tanto de vaidade. O melhor de tudo, com certeza, é a possibilidade de fazer mais e mais leitores", afirma o patrono.

Caio é associado AEILIJ/RS e confrade da Confraria Reinações.


Postado por H 

RS: Associada AEILIJ é madrinha!


A 33ª Feira do Livro de Flores da Cunha, que será realizada no período de 19 a 23 de maio de 2010, receberá a comunidade florense na Praça da Bandeira para uma festa para o Livro e a Leitura. A escritora caxiense Helô Bacichette será madrinha do evento.

A Feira do Livro, com o Projeto Lendo e Aprendendo, integra a programação cultural da Semana do Município, nos seus 86 anos de história.

Postado por H 

RS: Discussões AEILIJ - Ano II


A nova edição do D!SCUSSÕES AEILIJ acontecerá no dia 11 de junho de 2010, das 16h às 18h, no 12° Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens. O debate será em torno do tema A Questão do Medo na Literatura Infantil e Juvenil, com Antonella Catinari, Georgina Martins e Marcelo Pimentel, mediação de Luiz Antonio Aguiar.

Todos convidados!

No mesmo dia, das 14h às 16h será apresentada a filial carioca da Confraria Reinações de Leitura, com a presença dos confrades Caio Riter e Hermes Bernardi Jr.

Postado por H 

quarta-feira, 26 de maio de 2010

SP: Quintas (9)

Marciano Vasques
   
APRENDIZADO E DESENVOLVIMENTO DO SER

“Não há uma polegada do meu caminho que não passe pelo caminho do outro”
Simone de Beauvoir

Somos palimpsestos de nossa própria história, resultados de camadas sobrepostas, vamos nos escrevendo a partir da vivência com o outro, e o outro é um processo histórico e social, a nos moldar, a interagir em nosso Ser, naquilo que somos, que podemos potencialmente ser.

Um só corpo, uma só mente. O que nos torna universo é a oportunidade de sermos uno, a unidade nos simboliza. Ser uno é uma vertente humana que nos remete a cientistas do pensamento, como Vigotsky, para quem o homem é um ser biológico e social: as duas fontes de ser se entrecruzam, sendo que o ambiente social transforma o imperativo biológico.

Sou como sou porque convivo, porque estou entre eles, porque me faço com o outro, porque não poderei me desenvolver sem a aprendizagem mediada pela convivência com o outro.

As funções psicológicas sofrem uma influência gigantesca do social. Esse é o suporte biológico, a forma de desenvolvimento do Ser, passando pelo outro. Em mim há uma multidão! Mesmo quando estou só, quando me ponho na solidão escolhida, quando acredito na ilusão da solidão, como se em mim não colidissem milhares de gestos, palavras ouvidas, olhares, iniciativas do outro. Aquele que me questiona é o que me fortalece, me aponta a minha própria essência, o que temos em nós que se entrelaça, que nasce na história que construímos, num processo interativo em que prevalece a influência do meio.

Nascido no mesmo ano em que Piaget, Vigotsky deixou-nos uma reflexão de importância ainda considerável em modelos pedagógicos que têm como base a idéia de que o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais e desenvolvem-se num processo histórico.

  Sou o resultado do que a história humana me fez,  produto inacabado que surge da interatividade social. Um processo histórico em ebulição agita - me as águas interiores nas quais navega o ser biológico altamente influenciado e construído pelo fator social: a convivência é o tesouro inseparável da mente humana.

O social que me enquadra, que modela a força da natureza que rege a minha originalidade, prática biológica enquadrada pelo social, eis me diante da multidão, a edificar a criatura que se molda. Qualquer inadequação favorece a indisciplina universal e desarticula as órbitas internas do meu universo.

Mas não sou passivo, um recipiente, assim como um vaso no qual se possa socar a terra até que fique cheio (educar uma criança não é como encher um vaso, mas como acender uma fogueira, Montaigne) . Não sou o vaso solitário, passivo, que aglutina em silêncio as forças que interagem em mim. Sou, ao contrário, aquele que reage e participa do processo que em mim se instala. As forças sociais, a história na qual eu me deixo construir, não são ramificações que me atravessam em vão, não representam forças que atuam sobre uma indefesa vontade, mas eu as construo: sou o que sintetiza o processo de crescimento, que se dá de fora para dentro, não de uma forma passiva, mas com o consentimento meu, e a interação se completa porque eu sou aquele que ousa crescer em conjunto, o que vale dizer, permito – me ao atrevimento de participar da minha própria construção.

Como anterozóides que se lançam em várias direções após a chuva, as matérias das quais me nutro, a vida social em mim, a construção histórica na qual eu me movimento, isso tudo é um processo dinâmico de interação entre o mundo cultural e o subjetivo: mundos que na colisão chamada vida, constroem o Ser.

Todo aprendizado, a cada manhã, olhando entre as frestas do sol, as nódoas entre os verdes das folhas nas quais deslizam vidas reluzentes, fibras num rosto, as maravilhas que o cérebro humano cria, o menino que cruza varetas e salta valetas, os trens, os espantalhos, força da natureza nas águas que se atiram contra os rochedos, os saberes que o acadêmico ergueu, a multidão desprovida que luta ferrenhamente pela vida nas ruas do meu país, os que aparentemente sabem menos, mas enriquecem a vida com suas histórias e seu afazeres delicados; todo aprendizado impulsionando o meu desenvolvimento!

Desenvolvo-me porque aprendo, como sempre aprendi, desde que no cimento frio e liso de uma varanda antiga estendi o roxo de um papel de seda que influenciou para sempre o meu sentido da visão, e com a cola arábica fiz o primeiro balão, que alguém chamou de pião de bico torto, e então a tocha molhada de querosene, e o breu em minhas mãos, sendo por mim socado, enrolado por um pedaço de saco de estopa, e aprendi quando atirava as mamonas e sentia a aspereza numa forma verde, e ganhava a consciência do tato, e quando observava uma joaninha nos verdes que se foram, e como abraçava a felicidade mirando o vermelho das telhas num contraste com um azul confortante, num triângulo que o mesmo telhado já em sombras no final do dia transformava numa das visões gigantescas e indissolúveis do meu desenvolvimento.

Aprendi quando imitava o outro, não mecanicamente, mas assim num processo lúdico de crescimento, na criação de algo novo além de mim, da minha capacidade de compreensão naqueles momentos. Imitava porque crescia e o outro já me fornecia a proximidade com o aprendizado, numa zona de interferência que o meu Ser acatava. O processo de imitação nunca foi algo banalizado em meu desenvolvimento, mas uma força ativa, na qual eu reproduzia para crescer, imitava para ser.

A presença do outro em minha vida deu-se através da história social na qual sempre me movi, o movimento social que interagiu com o meu querer, o aparato social que enquadrou minhas necessidades mais intimas. Ambientes que originalmente transformaram o imperativo biológico que me foi presenteado pela natureza.

Crescer é compartilhar. Léguas e polegadas, distâncias infinitas, uma estrada que termina no horizonte, mas o horizonte é uma ilusão, porque além dele o mundo continua, e a alegria de desenvolver-se com o outro, passando pelos caminhos do outro, há de se tornar sempre a mágica da vida.

terça-feira, 25 de maio de 2010

RJ: Nova Edição do D!SCUSSÕES AEILIJ no 12° Salão FNLIJ para crianças e jovens


A nova edição do D!SCUSSÕES AEILIJ acontecerá no dia 11 de junho de 2010, das 16h às 18h, no 12° Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens.

O tema desta vez será A QUESTÃO DO MEDO NA LIJ.

RJ: Confraria de Leitura Reinações inaugura filial carioca durante o 12° Salão do Livro

A AEILIJ inaugura a filial carioca da tradicional Confraria de Leitura Reinações, baseada em Porto Alegre, e que se dedica a discutir clássicos da literatura infantil e juvenil.

Nossa primeira reunião será no dia 11 de junho, das 14h às 16h, no auditório do Centro de Ação da Cidadania, durante o 12° Salão FNLIJ de Livros para Crianças e Jovens, e contará com a direção do associado Caio Riter, que dirige a "matriz" gaúcha.

As reuniões seguintes da Confraria Reinações Cariocas serão divulgadas em breve.

Postado por AEILIJ - RIO DE JANEIRO às 17:32  

Um comentário:

Aline27 de maio de 2010 05:42
Que ótima notícia!!

RJ: Lançamento de Rogério Andrade Barbosa e Jô Oliveira


O livro Em Angola tem? No Brasil também!, de Rogério Andrade Barbosa e Jô Oliveira, editado pela FTD, será lançado no dia 19/06, às 14 horas.

Local: 12° Salão FNLIJ para Crianças e Jovens (Espaço Biblioteca FNLIJ para Crianças).

Endereço do evento: Endereço: Av. Barão de Tefé, 75, Saúde, RJ – Zona Portuária

Tel: (21) 2233-7460/ 2253-8177

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SP: Quintas (8)

Marciano Vasques
   
NO DIA EM QUE O ENCONTREI

Estava vindo quando o encontrei. Dei uma parada e me pus na calçada pra ver a banda e lá estava ele. Num andaime, naquela construção antes da estação do metrô. Colocava, umas sobre as outras, as proparoxítonas.

Estava lá. Nunca pensei que pudesse encontrá-lo assim tão cedo. Aliás, nunca pensei que pudesse mesmo encontrá-lo. Foi um encontro saudável, a melhor coisa que me aconteceu.

Então a vi. Ela também estava lá, na mesma calçada e eu a chamei. Claro que pelo primeiro nome que me veio à mente. Pelo menos pensei que pudesse ser esse o seu nome: Carolina.

Talvez fosse Januária ou Iracema. Cecília? Angélica? Sou meio devagar para guardar nomes.

Já a encontrara antes, pelo menos duas vezes.

Na primeira ela era assim meio bobinha. Ia por uma floresta. Depois de um bom tempo reapareceu com uma fita verde no cabelo. Já estava bem crescida.

E finalmente me apareceu comendo um bolo de chocolate. Quis perguntar o que fazia ali, mas ela responderia o óbvio. Também estava esperando pela banda, ou então o carnaval chegar. Tinha perdido o medo de tudo, e não comia qualquer bolo. Ofereceu-me um pedaço.

Alguma coisa me distraiu, uma ostra, o vento, um zepelim, uma moça com uma tatuagem...

Foi só me distrair e, cadê a menina?

Num instante desapareceu. Tentei segui-la para perguntar um monte de coisas, mas no meio da multidão não encontrei mais nenhuma menina com chapeuzinho.

Não tinha reparado, mas havia uma multidão. Gente de todo tipo, uns lendo um almanaque, outros pelas tabelas, ainda esperando, esperando, esperando...

Perguntei inutilmente para uns curiosos se algum deles tinha visto uma menina assim, mas eles disseram que não tinham tempo para reparar em meninas com chapéus amarelos, mas eu argumentei também inutilmente que essa menina era muito importante e todos precisavam conhecê-la.

Ninguém queria saber, aliás, ninguém prestava atenção em mim. Um sujeito ouvia um rádio de pilha, colado ao ouvido. Do jeito que se movimentava, pareceu-me que ouvia uma dessas músicas assim com éguas.

Acho que essa multidão sempre esteve presente. Comecei a ficar sufocado, querendo sair do meio da multidão, quis gritar que a banda já havia passado, mas senti que ninguém estava esperando pela banda, talvez o sinal ainda estivesse fechado ou estavam esperando acontecer alguma coisa com ele, que continuava pendurado na construção.

Parece que a multidão gosta de ficar olhando para os andaimes lá no alto. O que sei é que a multidão não é muito chegada em olhar para o céu, assim contemplativamente. Isso é fácil de resolver, pensei, bastaria alguém espalhar o boato de que de algumas nuvens jorram moedas.

Achei melhor seguir em frente, para não chegar atrasado. Olhando as vitrines mas procurando não me distrair para não perder a hora. 

Passou por mim um sujeito com tipo de malandro oficial e, como se fosse num sonho, quatro animais, cantando...

Era um sonho, sim, só podia ser, mas eu estava com tanta pressa que achei melhor nem pensar nisso. Sonhos ficam pra depois.

Passou uma morena por mim. Outra que está correndo. E olhe só o tamanho da fila do metrô! Perdi a morena de vista. É a coisa mais fácil perder alguém de vista em São Paulo. As pessoas entram nos labirintos e desaparecem. Adeus, morena. De Angola?

Meus caros amigos: sinto que estou ocupando demais o tempo de vocês, mas não podia deixar de contar esse encontro com ele, e com ela, a menina que perdeu os medos, e com as mulheres, todas: a morena, a noiva da cidade, aquela mulher, a Teresina, e outras.

Elas estão em nossas vidas, uma aparece como se fosse a primavera, outra, sob medida, uma nos oferece um amor barato, outra nos deixa injuriado. É assim, compadre, o que seria do seu cotidiano sem a presença da mulher? Mesmo que apenas em sonhos...

Mas, trocando em miúdos, está na hora da gente se despedir, o dia vai começar. Parece que tudo está do mesmo jeito. A gente continua lutando, lutando... e uma dor sempre querendo se hospedar.

No fundo mesmo o que eu queria era contar esse encontro que tive com ele. Um encontro desses faz um bem danado.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

SP: Um livro do qual gostei muito - Descanse em paz, meu amor

Queridos aeilijianos,

Edson Gabriel Garcia comenta o livro de Pedro Bandeira: "Descanse em paz, meu amor".
Ambos são escritores associados da regional SP.
Agradeço a participação.
Abração,
Regina Sormani


UM LIVRO DO QUAL GOSTEI MUITO
(Edson Gabriel Garcia)

Eu gosto muito do gênero terror. Histórias de terror, ou “causos de medo”, como dizíamos, na minha terra natal, quando nos reuníamos na calçada da casa do “seo” Zequinha para ouvi-lo, entre um cigarro de palha e outro, contar suas histórias. E como era gostoso: início da noite, um certo escurinho causado pela fraca luminosidade das lâmpadas da iluminação pública da época, frio, e nossa curiosidade de moleques. Não fazia muita importância se depois da sessão de histórias, íamos para a cama com medo de qualquer folha de árvore que se movimentasse por força do vento, trazendo aos nossos ouvidos estranheza causadas pela audição das histórias.

Esse tipo de história, do gênero de terror, faz parte da literatura mundial como um dos ramos mais saborosos. O medo do desconhecido, do inusitado, do surpreendente, do mágico e do além, nos pega por aquilo que sempre nos incomoda: o que não conhecemos e não dominamos causa sensação de medo. Por isso, o medo, uma das mais fortes emoções do ser humano, é matéria nobre da literatura. Assim como o amor, o ódio, a ira. São gigantes guardados em nossa alma. Infelizmente no Brasil, embora na tradição oral o gênero seja bem presente, a publicação de histórias de medo, de terror, de desconhecidos e do além, não é comum. Basta uma breve vista d’olhos nos catálogos das editoras para constatarmos o que acabei de escrever. Fato que é altamente contraditório com a prática de leitura nas salas de leitura ou bibliotecas escolares. Comprovadamente, qualquer mediador de leitura pode afirmar isso.

É o que acontece, por exemplo, com um livro de que eu gosto muito, escrito pelo PEDRO BANDEIRA, chamado DESCANSE EM PAZ, MEU AMOR (Ática, 2009, 6ª edição, 12ª impressão), campeão de leitura, um dos livros mais retirados por empréstimos para leitura.

No livro, um grupo de jovens amigos, de férias, aventuram-se em uma casa solitária e antiga. Um cenário bonito, mas isolado, parecido com cenário de filmes românticos. Bem... uma chuva forte transformou o que pareciam férias gostosas em momentos de medo, angústia, terror. A chuva isolou os jovens, tirando qualquer possibilidade de comunicação com a cidadezinha mais próxima. Assim, isolados, sem comunicação, com o cenário romântico transformado em nervosismo puro, eles resolvem, para passar o tempo, e lidar com o medo e com uma situação inusitada, contam histórias de medo e terror. E vão, um a um, contando causos dos quais se lembram...Têm um objetivo claro nisso, por mais estranho, maluco e corajoso que possa parecer. E esta é a maior sacada do livro, o grande trunfo do autor, quando fecha a história e dá o toque final. 

Livro para ler de um fôlego só. Desde que você não seja um daqueles que treme só de falar em histórias do mundo do além...tão próximas do nosso aquém!

Boa leitura, grande sacada, um exercício de boa literatura em um dos gêneros que precisamos recuperar, editar mais e ler mais ainda.

Sampa, maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

SP: Quintas (7)

A SUAVE FORÇA DA POESIA

Dia 14 de março é do dia da poesia. Isso significa que março é o mês da sensibilidade, o mês em que se comemora a lapidação da língua, o mês da alma preenchida com o néctar dos versos. Além de ser o mês do Dia Internacional da Mulher, temos o Dia Nacional da Poesia.

A poesia necessária como a água. Infeliz a sociedade que não precisa da poesia ou não sente a sua falta. Pobres os homens que julgam-na inútil. Mal sabem que a poesia genuína está presente na simplicidade da vida e é em cada gesto simples recolhido nas amizades que resistem  e  nos sentimentos que se arrastam que ela despeja a sua voz.

Imprescindível como a filosofia, acena nos mitos e nos desejos dos povos do mundo, nebulosa ressurge no coração de dor encharcado, encontra o seu vigor nos tórax abandonados pelo amor. Camaleônica, nasce das profundezas da alma. Com ela, às vezes, amor tece dores.

Gemidos, solidões e consciências, silêncios, ternuras e vontades espalham-na  como um canavial nas ventanias da vida. 
A poesia é feita de palavras de barro, de graxa, de feno e de limo, palavras fortes como pão, incandescentes e feridas, palavras mansas como bálsamos, ternas como arbustos no azul da manhã. Há palavras que trazem aromas do mar, que descrevem batalhas, que desenham perdões, que falam da vida, dos portos, dos trovadores e das trovoadas, há as que falam dos seios da mulher, há as que falam dos gritos da África e há as que recolhem do viço das flores dos jardins a sua seiva, enquanto outras buscam nos sulcos da terra e nas fibras de um rosto, a sua essência.

A poesia é fiel ao homem, fortalece as mulheres e é o mais saboroso nutriente intelectual da criança. 
Que seja apenas um equívoco a aparente aspereza  da opinião franca e transparente e que todos despertem  do sono dogmático que transforma a poesia em artigo de luxo ou sem utilidade numa sociedade fria e metálica regida pelas leis insensatas de um mercado, no qual a lógica predominante é a da moeda e da pretensa utilidade das coisas efêmeras.

A poesia jamais será efêmera e a sua originalidade está no cultivo da alma. O mercado que com sua  lógica calculista rege a sociedade,  tenta transformá-la em artigo sem utilidade, sem compreender que a sua utilidade está justamente em cada coração sincero e cristalino como as águas de um riacho.

Nenhuma opinião é áspera quando se refere a assuntos da poesia, por isso se pode afirmar com tranqüilidade que um general que despreza a poesia é um homem perigoso.

Algumas pessoas fizeram de suas vidas poesia plena.Um poeta anunciou no início da década de 20 que  “as ruas de Buenos Aires já eram suas entranhas”.       A poesia para uns tornou-se oração, para outros, sangue, para uns, conquista, para outros, revelação. 
Março não poderia ir embora sem que aqui fosse registrada a importância da poesia, principalmente em nossa época e em nosso país.

Quando tudo parece fora de propósito, quando a ética parece uma quimera, quando os valores preciosos do amor, da bondade e da justiça parecem distanciar-se da vida, é prudente buscar na poesia a fonte generosa de alimento para a alma. 

Fui um menino privilegiado criado num tempo de valores persistentes e uma educação rígida. Não falo da rigidez da tábua na mão (tabuada) nem da palmatória, falo da professora que me obrigava a decorar poesia. Nem imaginava aquela moça o bem que me fazia, e foi também responsável pelo homem que hoje sou.

Não acredito em ninguém que, conhecendo a força terna da poesia, a despreza.
Que o dia 14 de março passe a simbolizar em anos vindouros, a importância do cultivo da poesia no coração humano e que todos os de boa vontade estejam sempre dispostos a homenageá-la, e que ela, a poesia, penetre como raízes frondosas em cada vida, contribuindo assim com a sua força transbordante e suave, para o enriquecimento interior de cada um e para o aperfeiçoamento do olhar, que será  então um olhar poético - presente para o mundo.

MARCIANO VASQUES

SP: Canto & Encanto da Poesia - Uma dúzia e meia de bichinhos

Meus caros,
A poesia de maio é de autoria de Marciano Vasques, publicada no livro: UMA DÚZIA E MEIA DE BICHINHOS, da editora Atual.
Boa leitura a todos.
Um abraço,
Regina Sormani


A libélula 

Talentosa,
flutuante,
uma artista
em pleno ar.

Fazendo acrobacias
como um helicóptero
a girar.

terça-feira, 11 de maio de 2010

DF: AEILIJ agora é Amiga do livro!

Durante a Semana do Livro (de 18 de abril - Dia Nacional do Livro Infantil - a 23 de abril - Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor), a Câmara Rio-Grandense do Livro homenageia pessoas e entidades que se destacaram, no ano anterior - no caso 2009 -, por sua atuação ou apoio na área de promoção do livro e da leitura.

São escolhidos os Amigos do Livro (um deles será a AEILIJ neste ano), a Personalidade do Livro, além da Biblioteca do Ano.

Teremos prazer em agradecer todo o carinho e parceria que temos recebido de vocês nas ações de apoio à leitura e de divulgação do livro na forma de troféu "Amigo do Livro".

A cerimônia acontecerá no dia 23 de abril, sexta-feira, às 20h30min, no Auditório Erico Veríssimo do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SP: Mural - Maio de 2010

NÚMERO 9 - MAIO DE 2010

O Mural é uma agenda cultural mensal,
editada conforme os eventos surgem.
Amigo associado de qualquer cidade do Estado de São Paulo, contribua...
aguardamos notícias dos eventos do interior.
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MANUEL FILHO 

FOTOS DO LANÇAMENTO - 15 DE MAIO

Local: Saraiva MegaStore Pátio Paulista






A Editora Mundo Mirim traz a todos os leitores um grande livro!
No dia 15 houve o lançamento do livro O Dono da Bola, na Saraiva Mega Store do shopping Pátio Paulista com os autores Manuel Filho e Fábio Sgroi.
houve simulação de votação para os pequenos
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VITRINE DE LIVROS COM EDSON GABRIEL GARCIA
E MARÍLIA PIRILLO

Na Casa de Livros, neste sábado, 08 de Maio, das 10 até as 13 horas, com o "Aranha Bordadeira", texto de Edson gabriel garcia e ilustração de Marília Pirilo, Editora Elementar.



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UMA NOITE ENCANTADA

Contos Folclóricos Brasileiros
Minhas amigas e meus amigos, em 2005 fui a campo, com um gravador e a vontade de registrar parte do patrimônio imaterial. E o resultado poderá ser conferido no dia 5 de maio, na Livraria Cortez, onde ele lançará o livro Contos Folclóricos Brasileiros (PAULUS).

O livro reúne contos da tradição oral ilustrados por Maurício Negro. Contos de animais, de encantamento, religiosos, acumulativos, novelescos, humorísticos e de exemplo integram esta coleânea. As notas e a classificação ficaram a cargo do Dr. Paulo Correia, do conceituado Centro de Estudos Ataíde Oliveira, da Universidade do Algarve, Portugal.


Dia 5 de maio, quarta-feira, a partir das 19h.
Local: Livraria Cortez
Rua Bartira, 317 - Perdizes
Tel.: (11) 3873-7111
São Paulo — SP

Marco Haurélio
Fone: (11) 2769 6252
http://marcohaurelio.blogspot.com/
http://fotolog.terra.com.br/marcohaurelio

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ROSANA RIOS CONVIDA:

08 de maio, sábado – das 14h às 19h
Jornada Dragões

Biblioteca Viriato Correa.

Rua Sena Madureira, 298 - próximo à estação Vila Mariana do Metrô (Linha Azul)

14h – Palestra: Os Dragões no Imaginário do leitor de fantasia – no Auditório. Com Rosana Rios.

16h – Exibição do filme “O Cavaleiro e o Dragão” – no Auditório.

17h – Tarde de autógrafos e coquetel do lançamento do livro “Sete perguntas para um dragão”, de Rosana Rios (Editora Prumo) – no Espaço Temático.

19h – Encerramento.

Os Dragões no Imaginário do leitor de fantasia
Dragões são provavelmente as criaturas míticas mais apreciadas pelo público leitor e cinéfilo. Seres dracônicos existem em mitos de civilizações antiqüíssimas e no folclore de povos afastados uns dos outros, do Oriente ao Ocidente, de Norte a Sul. Por que as pessoas são tão fascinadas por criaturas enormes e que teriam o poder de cuspir fogo? Por que os dragões nas histórias orientais são benéficos, enquanto os mitos ocidentais os mostram como destruidores? E São Jorge, existiu de verdade ou sua vida também é lendária? Vamos analisar alguns mitos de dragões e suas raízes, buscando entender o fascínio que eles apresentam para nós.
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CONVITE
LANÇAMENTO DE SOCORRO ACIOLI


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LANÇAMENTO DE RENATO MORICONI
15 de maio na Livraria da Vila


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LANÇAMENTO DE DANILO MARQUES

(No Rio, com a escritora e a contadora
de histórias, o ilustrador não estará presente)


(Em São Paulo - O ilustrador estará presente
com a escritora e a contadora de histórias)
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17 de MAIO, SEGUNDA, das 19h30 às 21h30
O Brincar e a Imaginação Poética

Livraria da Vila
Rua Fradique Coutinho, 915
(11) 3814-5811

- Brincar – a palavra inventiva – é inteligência poética;
- Imaginação – a criação de outras realidades;
- As condições necessárias para se iniciar um texto literário;
- Portas abertas para a imaginação – o exercício do Palavroscópio
Com Regina Gulla, poeta e psicanalista, autora de Contos de Organza; do Manifesto do Sonhador; do Zelador de Sonhos (literatura para crianças) e outros. Coordena a Oficina de Criação Literária Gato de Máscara, no Atelier Gato de Máscara, Vila Madalena, e em instituições como as Bibliotecas Municipais de São Paulo e SESC; é fundadora da BILIGA –Biblioteca de Inventação Interativa on Line Gato de Máscara, aberta 24hs no
site www.gato-de-mascara.



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VOCÊ CONHECE O BOSQUE DA LEITURA?
Bibliotecas a céu aberto, nos parques da cidade:

Bosque da Leitura do Carmo
Parque do Carmo
Av. Afonso de Sampaio e Souza, 951
Itaquera 08270-000 São Paulo, SP
Horário de Funcionamento: sábados e domingos, das 9h30 às 16h

Bosque da Leitura do Ibirapuera
Parque do Ibirapuera
Av. República do Líbano, 1151 - Portão 7 (ao lado do Viveiro Manequinho Lopes)
Ibirapuera 04501-000 São Paulo, SP
Horário de Funcionamento: domingos, das 9h30 às 16h

Bosque da Leitura da Luz
Parque da Luz
Rua Ribeiro de Lima, 99
Bom Retiro 01122-000 São Paulo, SP
Horário de Funcionamento: sábados e domingos, das 9h30 às 16h

Bosque da Leitura Santo Dias
Parque Santo Dias
Rua Jasmim da Beirada, 71, COHAB Adventista
Alt. do 4800 da Estrada de Itapecirica
Capão Redondo 05868-580 São Paulo - SP
Horário de Funcionamento: domingos, das 9h30 às 16h

Bosque da Leitura Cidade de Toronto
Parque Cidade de Toronto
Av. Cardeal Mota, 84
City América – Pirituba, São Paulo - SP
Horário de Funcionamento: domingos, das 9h30 às 16h

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REVISTA "EM CARTAZ", A PROGRAMAÇÃO CULTURAL DA CIDADE DE SÃO PAULO, PARA DOWNLOAD
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/revista/index.php?p=3629

RS: Petição - Vamos assinar?

Depois de ganhar o apoio formal da Direção da AEILIJ; do Diretor de livro e leitura do MinC, Fabiano dos Santos; de jornalistas e escritores, da rede de livrarias Cultura e da Senadora Patrícia Saboya a Campanha por mais livro e leitura na programação da TV Aberta agora pode receber assinaturas online. É rapidinho, basta clicar no link ler a carta e se concordar assinar. O documento será anexado a todos os outros que já recebi, inclusive com os comentários de apoio ao documento que entregarei pessoalmente à direção da ABERT aqui em Brasília. Conto com vocês!

http://www.Petition Online.com/ livro01/petition .html

Alessandra Roscoe

Postado por H 

quinta-feira, 6 de maio de 2010

SP: Página do Ilustrador - Renato Moriconi

PÁGINA DO ILUSTRADOR 3
Maio de 2010

Neste mês Renato Moriconi vem falar um pouco do seu trabalho.

Renato Moriconi trabalha com ilustração há aproximadamente quinze anos. Publicou seu primeiro trabalho aos 12 anos, no jornal da instituição em que sua mãe trabalhava. Aos 14, foi contratado como ilustrador por uma pequena editora em São Paulo, onde ficou até os 18, saindo para montar seu próprio estúdio. Tem em seu currículo muitos livros ilustrados. Como escritor, publicou 3 livros, sendo que um deles será lançado agora em maio, chamado “O Sonho que Brotou”. É graduado em artes plásticas e fez especialização em design gráfico.

Ele nos traz uma apresentação sobre seu mais novo trabalho:


" 'Virou Bicho', escrito por Ernani Ssó, foi um dos últimos livros que ilustrei. Esta ilustração que apresento aqui é de uma inusitada página de rosto.


O livro conta histórias de pessoas que viraram bichos. Dentre os tantos que aparecem nas histórias do Ernani, escolhi o sapo, por causa do logotipo da editora – o aviãozinho da Cia das Letrinhas. Ao ler todo o texto, tinha as diversas histórias em minha cabeça, todas com as ilustrações já resolvidas. Só faltavam as ilustras da capa, páginas de rosto e página de crédito. Levei as histórias para uma conversa com os elementos dessas páginas restantes. Foi quando o sapo, personagem de uma das histórias, me falou que o logotipo parecia com uma apetitosa libélula.




Não pude resistir a um sapo faminto, e realizei seu desejo. Como o logo só aparece na capa e na página de rosto, inseri na página de crédito o sapo satisfeito, depois de ter comido as libélulas e o aviãozinho. Com essa brincadeira, pude criar uma narrativa visual desde o começo do livro."

Renato Moriconi
Email: remoriconi@yahoo.com.br 
Conheça mais sobre o autor em http://www.moriconi.com.br/




3 comentários:

  1. sempre adorei o trabalho do Renatinho. posso até dizer que sou fã de fanatico mesmo pelas idéias que ele rabisca, pelo mundo que ele desenha, pela vida que ele... eu ia dizer "colore" aqui, mas seria dizer algo óbvio demais. talvez se eu disser: "pela vida que ele..." consegue transformar num delicioso picolé de chicabom. acho que é isso.
    e meninada, sempre atenta! porque esse menino sempre tira um ás da manga.
  2. Não conhecia teu trabalho. Fui no site, gostei de muito que vi. :)
  3. Eu sou fã declarada você já sabe né? Parabéns de novo pelo trabalho!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

SP: Quintas (6)

PRESENTE AMOROSO CHAMADO MÃE

Magnífica obra de Sófocles, Édipo Rei inspirou Freud. Na verdade Édipo não tinha consciência de que amava a própria mãe. 

Mãe, presente em nossas vidas com força incomum. Às vezes uma fortaleza da solidão maior do que a do homem de aço, a erguer e administrar o lar, que quase sempre é dissolvido com a sua partida, salvo em raros exemplares, como no grandioso seriado Bonanza, em que as mães se foram, mas os homens mantiveram a unidade familiar, numa generosa ode ao patriarca do velho oeste americano. 

Curioso notar que no mundo da fantasia edificado por Walt Disney a mãe não está presente. Seus personagens de quadrinhos geralmente têm apenas tios. Curiosidades da cultura de massa. 

Seu incondicional amor nas artes aparece desde Jocasta e é tema dramático a nos orientar. Em filmes de psicologia densa como Psicose, e em tantos outros, ela nos provoca. Em comédia nos oferta fartura de risos. 
Sua sabedoria é especifica e especial. Age instintivamente e sua orientação é bússola do coração. Para defender o filho vira fera e vara noites acalentando febres. 

Com veneração a sociedade a respeita. Embora seja lembrada quando falha o filho. Geralmente se atribui ao pai o sucesso filial. Assim o profano e o sagrado convivem culturalmente no olhar social. 

Dificilmente se encontrará um patrão que rejeite o seu pedido de falta para levar o filho ao médico. O respeito pela mãe é o respeito pela criança, que se tornou um valor universal. Mal sabem as nossas crianças quanto devem, em amor, cuidado e zelo à mãe negra do período colonial do nosso país, e, como devemos às ancestrais contadoras de histórias, a rondar engenhos com seus favos de histórias, e também ao analgésico som de nossas cantigas primeiras a sondar com  insondável suavidade  os nossos ouvidos na palpitação da insônia que varava o arco da madrugada. 

Na Literatura infantil um exemplo comovente é o da mãe do Patinho Feio. 

A mãe de um santo deu nome à educação e da palavra escolástica originou-se a palavra escola. Que ainda, às vezes, para muitas crianças infelizmente é a personificação na infância da madrasta estereotipada nos contos clássicos. 
Erich Frohmm, o psicanalista do século XX, melhor traduz a fortaleza e a fragilidade do seu amor. O amor da mãe que é como a verdade, não tem jeito. Só atende a um imperativo: Amar intransigentemente. 

Sabemos que ela é um marco divisório na hombridade, na honra de qualquer moleque, ninguém aceita que se "coloque a mãe no meio". Por isso em determinadas circunstâncias a forma de se ofender alguém e extravasar nossa raiva ou atender ao império da agressão ou então satisfazer necessidades coletivas é xingar a mãe, tal como se faz com a do juiz. 

Para muitos, mãe nunca é profana, é sempre santa, embora a sua idealização seja universal, pois infelizmente há também a que espanca os filhos. E bebês são abandonados em rodoviárias; embora não podemos julgar a dor que não alcançamos, também tais atos validar nos é difícil. E conheci uma bem rabugenta no enigmático conto de Charles Perrault, intitulado "As Fadas". Mas a sociedade é implacável com quem assassina a própria mãe. 

Há mães abandonadas em asilos e há mães com o coração despedaçado vendo os filhos se drogarem. 

Hadil Chabin, menina palestina morta na Faixa de Gaza, pelo exército israelense, verteu lágrimas nos olhos atentos do mundo. E a dor da mãe de Hadil? Poderá haver maior? Que importam as nações? Que importam os mundos erguidos pela política e pelos poderes diante da dor da mãe que vê o fruto do seu ventre e do seu amor ensangüentado a morrer na brusca insensatez? 

Mães aflitas refletem a anomalia que pode se tornar o espírito de uma época. E todo ditador sabe que se um grupo de mães se reunir em praça e isso atingir a opinião internacional, provavelmente o seu regime cairá. 

Dia das mães resulta para o capitalismo em mais uma data comercial e a cabeça publicitária "moderniza" o amor materno colocando mulheres pedindo de presente celulares. 
Mas a mãe continua a mesma, feliz com um abraço, um beijo, uma palavra amorosa. O modelo universal aos poucos vai se aperfeiçoando e o seu amor se torna exemplo divinal, mesmo que a força da grana o queira mercantilizar. Ela é simples como a rosa, flor escolhida por sua perfeição. A geometria da rosa sintetiza a beleza que a natureza oferece ao olhar. O amor da mãe é analgésico confortante para a alma. Guardiã do jardim chamado infância geralmente é o belo imperceptível na fugacidade das coisas. 

A consciência é alada, mas evolui em espiral e tem o seu próprio ritmo, às vezes aparentemente tardio, porém quando se concretiza abre as cortinas do palco chamado vida e nos coloca diante da mulher chamada mãe. 

A humanidade necessita tanto dela que a mãe de Deus é representada através dos tempos como um dos mais belos brindes para a alma e aceita na maioria das crenças. 

 MARCIANO VASQUES