sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SP: Pé de meia literário (15)

Intenções para 2011

Vá lá: 2011 já caminha a todo vapor e, penso, não cabem mais as formalidades das felicitações da chegança do ano novo. Mas... passei boa parte do mês de dezembro calculando e escrevendo e refinando textos e emoções para enviá-los a pessoas do meu relacionamento, as quais prezo. Esqueci de pensar felicitações para mim. Coisas da vida. Razão pela qual peço licença aos meus eventuais leitores destas esparsas linhas para pensar alguma coisa nesse sentido.

Em 2011 me desejo ler muito. Ler de tudo, de receita de bolo dietético a bilhetes de filhos, de resenhas de livros a textos dos meus chegados em seus blogs, sites e similares, de poemas a biografias, de respostas formais ou informais das editoras aos meus emails e textos a contratos de livros novos, de editoriais de jornais a matérias de suplementos infantis, de livros novos dos amigos e colegas a sucessos do Jabuti e outros bichos mais, de textos sobre leitura a resoluções dos conselhos nacionais, sejam eles de educação, de cultura, de meio ambiente, de reportagens sobre a corrupção deslavada de nossos políticos a sentenças judiciais que procurem colocar mais decência em nosso comportamento.

Em 2011 me desejo reler alguns livros. Poucos, pois o tempo haverá de ser dividido com outras coisas boas, mas desejo criar brechas necessárias para reler A Casa dos Espíritos, Confesso que Vivi, Cem anos de Solidão, Pedagogia da Autonomia, Ética para Meu Filho, O Príncipe, Cândido, Melhores Poemas do Manuel Bandeira, entre outros.

Em 2011 me desejo escrever mais. Não tanto, como me desejou o amigo Pedro Bandeira, mas um pouco mais do que consegui nos anos anteriores. Idéias, propostas e desejos não faltam.

Em 2011 me desejo aprofundar algumas reflexões sobre algumas poucas coisas (sobre as outras, canto com o Zeca Pagodinho: deixa a vida me levar). Entre elas, o tal politicamente correto na literatura, as cláusulas contratuais dos contratos que assinamos profissionalmente com as editoras e a importância da ética em nossa sociedade.

Em 2011 me desejo ler (ou reler) algo mais da obra lobatiana, coisa que não fiz na infância e juventude interioranas pobres recursos e de livros. E entender se o que ele fez em Emília no País da Gramática se enquadra na categoria de obra literária ou obra didática.

Em 2011 me desejo um esforço para reunir todos os textos que já escrevi sobre leitura, leitura da literatura na escola, formação de educadores leitores, comportamento leitor e caminhos para incentivo aos programas de formação de leitores e encontrar um santo predestinado que tenha interesse em publicá-los numa coletânea. Publicados aqui e ali, distribuídos aqui, ali e acolá, em seminários, palestras, workshops e debates, sempre com razoável aceitação, me desejo a ousadia de publicá-los para mais gente ler e pensar e discutir questões que dizem respeito a todos nós militantes da arte de ler e escrever.

Em 2011 me desejo falar mais para plateias que queiram ouvir sobre literatura, leitura e sobre programas de incentivo à leitura. Falar e ouvir de volta o que verdadeiramente rola nos bastidores, longe das estatísticas hipócritas de órgãos públicos. Falar e tentar convencer meus ouvintes de que ler é um santo remédio e que em doses certas pode curar males da ignorância, do mau humor, da impaciência, da intolerância, da vista curta, dos amores mal resolvidos, etc.

Em 2011 me desejo ser menos ranzinza, sem perder o senso crítico, já que este passei outros tantos anos de minha vida procurando construí-lo. Nessa caminhada espero descobrir porque passamos boa parte da vida dizendo que é necessário construir o homem autônomo e crítico, mas raramente aceitamos críticas.

Em 2011 me desejo rir mais. Rir de mim e das nossas muitas contradições e dos nossos muitos comportamentos ridículos.

Em 2011 me desejo mais paciência e tolerância para aprender a lidar com a velhice. Nada dessa burocracia consumista de “melhor idade”, mas a compreensão desta etapa complexa e inexorável da vida.

Em 2011 me desejo continuar botando em prática um slogan que sempre me propus seguir – e tentei passá-los aos meus filhos: é gostoso gostar das pessoas.

Enfim, atrasado, eis aí a minha carta de intenções para este ano, já nem tanto, novo. E que estas sejam minhas intenções para a melhoria do meu pé de meia, literário ou não.

Que venha 2011.


Edson Gabriel Garcia
Educador e Escritor



3 comentários:

Puck15 de janeiro de 2011 08:15
Este comentário foi removido pelo autor.

Puck15 de janeiro de 2011 08:16
Eu poderia ser informado quanto ao procedimento para conseguir uma autorização para a apresentação da peça de pedro bandeira " o fantástico mistério de feiurinha", pois eu entrei em contato com a AEILIJ, mas não obtive resposta.

Maristela Melo17 de janeiro de 2011 16:25
Fiquei muito feliz, pois seu Ano Novo vai ser maravilhoso!!!! Te desejo muito tudo isso que voce se desejou... Adorei, com licença tambem desejo pra mim... rir mais e ler mais.
Beijos

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