domingo, 28 de novembro de 2010

RJ: Ceiça Esch tomará posse na Academia de Artes de Cabo Frio


Ceiça Esch tomará posse na Academia de Artes de Cabo Frio. A associada da AEILIJ carioca foi indicada pela acadêmica Izabelle Valladares.


A solenidade de posse será realizada no dia 4 de dezembro, às 14 horas, na Casa dos 500 Anos.

Endereço: Rua Coronel Ferreira, 141, Portinho, Cabo Frio, no Rio de Janeiro.

Nesta ocasião, Ceiça Esch lançará os livros CAVALEIRO DOS SONHOS e GINHO, OLOBO QUE NÃO ERA BOBO e também relançará SUAVE DELIRIOO CHULÉ DO ZÉ e EITA CACHORRINHO!!! .

Vale ressaltar que Ceiça participou da Antologia Pontes dos Sonhos 1, organizada pela escritora Izabelle Valladares, que foi divulgada na feira de Frankfurt, na Alemanha, e está percorrendo toda a Europa.

SP: Página do Ilustrador - Anielizabeth

Nesta edição apresento o trabalho de Anielizabeth, que enviou um ótimo texto que posto logo abaixo, boa leitura.

"A imagem sempre foi algo fortemente presente em minha vida desde a infância, sendo sempre objeto de fascinação e estudo obsessivo, pois sei que o impacto que elas causam em mim, causam também em tantas pessoas, desde tempos longínquos. Mas afinal, que relação é esta de encantamento com a imagem? Esta pergunte orienta meus estudos sobre processo de criação. Conscientemente ou não, o ato de criação de uma ilustração surge de um intenso processo de pesquisa. Além das ‘imagens’ gravadas no arquivo mental de quem cria, há aquelas que surgem de um longo e detalhado processo de construção consciente: de época, lugar, texturas, intenções etc.
Acredito que o livro infantil é uma maneira de documentar a memória iconográfica de uma geração, tanto quanto imortalizar as tendências literárias, sendo a literatura infantil uma poderosa aliada no combate à banalização das imagens e das comunicações tão observadas e atualmente muito comentadas. Assim, acho fundamental que o leitor treinado para ler códigos verbais seja preparado também para ver e decodificar a pluralidade de linguagens que no livro infantil se encontram e se articulam.
O meu trabalho é pautado na certeza que a ilustração, assim como o texto escrito, deleita, comove, educa, uma vez que estimula a imaginação cada vez que se permite dialogar e criar vãos e nuances no livro, cada vez que vai além do que está escrito no texto e se propõe a tocar a sensibilidade e contribuir para a intuição criadora do leitor, capaz de subjetividades desde a mais tenra infância. Mas para que isso seja verdade, é preciso ter sempre em foco a importância de se investir no aprimoramento artístico da ilustração, em detrimento da ilustração mercenária, rápida e sem cuidados na sua estruturação.
A criação de uma ilustração encerra detalhes que são fruto da pesquisa do ilustrador e que se traduzem em imagens que muitas vezes causam deleite no leitor, mas isso acontece de forma tão sutil que o leitor muitas vezes não consegue identificar, de forma intencional, tais elementos. Muitos destes detalhes são colocados de forma intencional pelo criador da obra. Mas, ao contato com o leitor, a obra se recria, dependendo do olhar de quem a vê, numa sucessão de percepções diferenciadas totalmente individuais.
Aqui vão alguns destes detalhes, imaginados por mim, para o livro Double face “Um, dois, feijão com arroz / Que dia é hoje?” escrito pela Sandra Pina e editado pela Zit.Estes detalhes, desvendados, ajudarão o leitor que desejar realizar uma leitura mais analítica desta obra.
O primeiro passo foi sistematizar meu conhecimento teórico sobre as parlendas, suas origens, sua trajetória no Brasil etc. Luis da Camara Cascudo foi leitura essencial e norteadora de todo o processo. Além disso, era preciso estudar o modo de vida da infância no Brasil, desde a colonização, para estabelecer como se deu a formação da nossa cultura e sua propagação."


"Feita esta pesquisa inicial, foi a vez de resgatar minhas memórias afetivas, estabelecendo uma ponte entre elas e o texto que eu iria ilustrar. Refletindo sobre minhas próprias origens, os lugares onde já morei, as brincadeiras preferidas na infância, as atividades profissionais as quais me dediquei, criei um esquema de ilustração em que a ideia principal era montar uma história paralela, retratando brinquedos e brincadeiras da nossa cultura popular, jogando sempre com as parlendas e homenageando famosas cidades históricas, sendo a principal delas, Paraty. A escolha de Paraty deveu-se ao fato de ter estado neste lugar semanas antes de iniciar este trabalho, na FLIP. Escolhi as cores vermelho e verde como as principais numa alusão a Portugal, de quem herdamos as parlendas e mnemonias. Mas dei a estas cores um tom mais fresco, mais ácido e mais vibrante, remetendo ao clima brasileiro. Afinal, as brincadeiras com palavras nos chegaram pelas mãos portuguesas e aqui ganharam novo tom e novas interpretações, graças ao convívio entre luso-brasileiros, indígenas e, mais tarde africanos. Cada um destes grupos contribuiu para a formação das nossas tradições e cultura, ficando o último grupo responsável por embalar nosso sono e introduzir palavras de seus diversos dialetos em nossa língua.
Trabalhei com fitas, passamanarias, sianinhas e galões de algodão, guipures, elementos tipicamente brasileiros herdados das modas e modos lusitanos e franceses. Mais uma vez, os aviamentos saíram da minha caixinha de costura, que guarda preciosidades da minha família e que remetem a minha infância. Aviamentos e tecidos que se vêem no livro já foram vestidos de caipira e de cigana, feitos pela minha mãe para mim e minhas irmãs. Tudo isso incorporado à pintura com tinta acrílica, lápis de cor, lápis cera... Enfim, foi uma festa de técnicas e materiais, simbolizando a mistura característica da formação brasileira."



"Começando as histórias, os personagens são apresentados através de duas brincadeiras: na imagem que se vê o grupo de crianças brinca de adoleta. E é brincando com folguedos, danças e crenças que fazem parte do nosso folclore que as ilustrações vão compondo uma narrativa paralela à narrativa verbal. Personagens do nosso folclore estão presentes: o Mateus, o Bumba-meu-boi..."



"Não posso deixar de mencionar a letra que faz a introdução ao texto de cada página. Letras desenhadas a mão, na tentativa de remeter a simplicidade dos cartazes e outros escritos comuns em diversas apresentações da nossa cultura popular."



"Através do meu trabalho procuro sempre mostrar que o livro infantil se faz da perfeita integração entre texto escrito e ilustração. Um trabalho pensado desta forma estabelece elos entre o verbal e o não verbal, promovendo um sem fim de leituras. Analisar a questão da imagem é algo complexo, que não se encerra só no discurso que envolve a ilustração. Aliás, as imagens verbais existem e segundo Octavio Paz à medida que o acervo visual se aprimora, o acervo verbal sofre desenvolvimento, pois a imagem da palavra se torna cada vez mais complexa. Esta é minha busca incansável: mostrar que a ilustração não deve se prestar a adornar ou traduzir, de maneira simplista a história escrita."


Livroclip: http://www.livroclip.com.br/index.php?acao=hotsite&cod=217
Meu blog: www.anielizabeth.blogspot.com
Contato: anniebcruz26@hotmail.com

CONHEÇA MAIS SOBRE O TRABALHO DE ANIELIZABETH:http://papodeilustrador.blog.terra.com.br/
http://anielizabeth.blogspot.com/

ilustrador associado da aei-lij, para participar da página do ilustrador entre em contato: contato@danilomarques.com.br

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RJ: Sétimo econtro da Confraria Reinações

O próximo encontro da Confraria Reinações acontecerá, excepcionalmente, na segunda semana de dezembro, dia 14, devido aos compromissos com as festas natalinas e de final de ano.

Será no mesmo horário e no mesmo local: Biblioteca Municipal de Botafogo, na Rua Farani.

O encontro terá início às 20 horas.

RJ: Andrea Viviana Taubman lança o livro "O menino que tinha medo de errar"

No próximo domingo, 28/11, a autora Andrea Viviana Taubman lançará seu livro O menino que tinha medo de errar.

O endereço é  R. Venâncio Flores, 184 - Leblon
Horário: 16h

SP: O autor e sua obra - Leandro Gomes de Barros

Leandro, O Grande Pioneiro
Por: Marco Haurélio 


Leandro em xilogravura de Arievaldo Viana

O paraibano Leandro Gomes de Barros (1865- 1918) é o maior clássico da poesia popular e uma das maiores glórias da cultura brasileira. Foi poeta prolífico e, embora muitos pesquisadores exagerem na estimativa de sua obra, sabe-se que ele legou à posteridade perto de um milhar de folhetos. 

A pouca familiaridade com a gramática não lhe foi empecilho para escrever obras-primas, como Os Sofrimentos de Alzira, onde lemos esta estrofe adornada por belas antíteses, que revelam o trágico destino da protagonista: 

Eu ficarei sobre um túmulo,
O senhor num paraíso; 
Meus olhos gotejam lagrimas 
Seus lábios brotarão riso. 
No mais, aceite um adeus. 
Até o dia do juízo! 

Em O Cachorro dos Mortos, há a descrição de um crime passional do qual um cachorro é a única testemunha. No início do romance, Leandro deixa patente o seu respeito pela tradição (“antepassados”) e recorre a um expediente que se tornaria lugar-comum entre os poetas populares: o de ilustrar o prólogo da história com um adágio que remete ao motivo central. Vejamos: 

Os nossos antepassados 
Eram muito prevenidos 
Diziam: - Mato tem olhos 
E paredes têm ouvidos, 
Os crimes são descobertos, 
Por mais que sejam escondidos. 

A Força do Amor, que narra as desventuras do casal Alonso e Marina, começa como uma lacrimosa história de amor e termina como um conto de horror digno de um Allan Poe. A sextilha abaixo, que fecha o romance, resume o clima sinistro criado pelo genial autor: 

Na tumba de Montalvão 
Ninguém mais pôde chegar
Porque à meia-noite em ponto 
Se ouve um eco bradar 
Gemer um, suspirar outro, 
Outro a sorte praguejar! 

Mas o estro de Leandro foi muito além da poesia dramática. Foi também um grande sátiro, e dois folhetos seus escritos neste gênero – O Dinheiro e O Cavalo que Defecava Dinheiro – foram reaproveitados pelo mestre Ariano Suassuna no Auto da Compadecida. Por ora, citemos apenas sua grande criação, o grande burlão Cancão de Fogo, que chegou ao cordel antes de João Grilo, de quem é irmão gêmeo em peraltices. Cancão, que influenciou até Mário de Andrade na composição de seu Macunaíma, é o mais sardônico dos anti-heróis que o cordel já produziu. Na sextilha abaixo, um pouco de sua filosofia de vida: 

Pai e mãe é muito bom,
Barriga cheia é melhor; 
A doença é muito ruim, 
Porém a morte é pior; 
O poder de Deus é grande 
Porém o mato é maior! 

Mesmo na hora da morte, eis a resposta do endiabrado Cancão a um padre que o exorta ao arrependimento, pretextando livrá-lo dos tormentos do inferno. (É preciso atentar para o espírito crítico de Leandro que o diferencia de outros poetas do gênero, em especial a sua irreverência em relação à Igreja.) 

Disse-lhe o Cancão de Fogo: - Padre, eu quero que me dê 
Explicação do inferno
Lhe peço como mercê
No inferno inda haverá Um diabo como você? 

Por estas e outras o grande bardo de Pombal e glória da Paraíba, na arte que abraçou, ainda hoje é insuperável.


2 comentários:

Marco Haurélio28 de novembro de 2010 04:19
Oi, Regina. Obrigado por postar meu texto que homenageia o patrono do cordel no Brasil, admirado por Drummond e Mário de Andrade e elevado à condição de mito por milhões de brasileiros.

Regina Sormani28 de novembro de 2010 04:31
Querido amigo,
Agradeço sua participação que veio enriquecer nosso blog.
Um beijo,
Regina

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

SP: Mural - Novembro de 2010

NÚMERO 13 - NOVEMBRO DE 2010 
O Mural é uma agenda cultural mensal,
editada conforme os eventos surgem.
Amigo associado de qualquer cidade do Estado de São Paulo, contribua...
aguardamos notícias dos eventos do interior.
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AGENDE.. PRÓXIMO MÊS, LANÇAMENTO DE ALINA PERLMAN 



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I SARAU FANTÁSTICO DE A HEBRAICA 

Sábado, dia 27/11, às 17hs é o 
I Sarau Fantástico de A Hebraica.

Coquetel de lançamento do livro Caninos (sobre os vampiros literários da história), com presença do Zé do Caixão, que conduzirá uma sessão de Cine Trash.

Debate O Impacto do Livro Eletrônico no Mercado de Literatura no Brasil quinta-feira (25/11) com a presença de Pedro Herz (Livraria Cultura), José Luis Goldfarb (CBL), Carlos Eduardo Ernanny (Livraria Digital Gato Sabido) e Vanderley Mendonça (Selo Demônio Negro).
Os eventos são gratuitos e abertos a não sócios.
Local: Clube A Hebraica
Rua Hungria, 1.000 (entre a Ponte Eusébio Mattoso e Cidade Jardim).
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Hora de responder ao CENSO DO LIVRO 
livros.jpgAcaba de ser enviado para as principais editoras do país um questionário – com apenas seis perguntas. As respostas serão utilizadas no CENSO do LIVRO 2010. Este CENSO permitirá o aprimoramento da pesquisa anual da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE/USP sobre “Produção e Vendas do Setor Editorial”, feita por iniciativa conjunta do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Os resultados deste trabalho, além de direcionarem as ações do setor livreiro no Brasil, são utilizados por renomadas entidades internacionais, como a CERLALC (Centro Regional para el Fomento del Libro em América Latina y Caribe) ligada à UNESCO. Daí a importância da colaboração de todos. As informações fornecidas só serão divulgadas de maneira agregada, nunca por empresa. Os editores que necessitem mais informações antes de respondê-lo, por favor entrem em contato com a FIPE:cbl@fipe.org.br, ou fones (11) 6727 2826 e (11) 3091 5823 e (11)3091 5870. Mais informações, clique aqui http://pesquisa.fipe.org.br/censodolivro/

Traditional Jazz Band no Jantar de Confraternização de Editores e Livreiros – 2010 
jazzband.jpgA Traditional Jazz Band será a atração musical do Jantar de Confraternização de Editores e livreiros 2010. O evento vai acontecer no Leopolldo Itaim (Rua Tabapuã, 1353, São Paulo, SP, manobristas no local) no dia 8 de dezembro a partir da 19h30. As adesões individuais para associados da CBL têm o valor fixado em R$ 150 e, para não associados, de R$ 200. Para pessoas e/ou empresas que adquirirem múltiplos de 10 adesões poderão reservar mesas. Maiores informações e inscrições poderão ser obtidas pelo email jantar@cbl.org.br, ou pelo telefone (11) 3069-1300.
Uma justa homenagem a quem dedicou meio século de trabalho ao livro! 
placas.jpg
Como tradição estabelecida, esse evento é uma grande ocasião para prestar um tributo justo aos profissionais da cadeia produtiva do livro, rever amigos, trocar ideias e comemorar o fim de um ano de bons negócios. Cada empresa deve inscrever e realizar a adesão para aqueles que, ao completar 25 ou 50 anos de dedicação ao mercado editorial, serão homenageados. Faça sua indicação <clicando aqui 

Prêmio de Poesia SESI/SENAI "O mundo através das palavras"
usina de sonhos1.jpgCom a presença do Presidente da FIESP, SESI e do SENAI-SP, Paulo Skaf e do idelaizador do prêmio José Eduardo Mendes Camargo, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo vai realizar, no dia 30 de Novembro de 2010, a cerimônia de Premiação do 3° Concurso de Poesia SESI/SENAI "O mundo através das palavras" em colaboração com o Instituto Usina de Sonhos". Na ocasião serão entregues 33 prêmios, em 11 categorias etárias e de escolaridade, desde a Educação Infantil até os alunos do Programa de Alfabetização Intensiva – PAI do SENAI-SP. O evento terá lugar dia 30 de novembro, as 10h30 no Teatro do SESI/SP Ruth Cardoso, Avenida Paulista 1313, São Paulo, SP. Após a entrega haverá show com o cantor Nando Reis, e um café da tarde será servido a todos os participantes e autoridades presentes. 


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A autora Telma Guimarães,
a Editora do Brasil e a Livraria Cultura
convidam você para conhecer 7 lançamentos
que o farão viajar pelo mundo da literatura.


A Economia de Maria

As gêmeas Helena e Maria ganharam lindos
cofrinhos da madrinha. Mas uma das meninas
não quer nem saber de guardar... 
Ver mais>>

A Árvore Contente

Era o dia de fazer a árvore genealógica na
escola e a professora pediu que a turma
caprichasse. Mas em que galhos...
 Ver mais>>

A Invenção de Celeste

A professora pediu que a turma trouxesse
fotos de seus bichinhos de estimação. Mas
Celeste não tem um, e agora?... 
Ver mais>>

Amigos de Verdade

Bento não está nem um pouco a fim de sair de
casa, apesar dos inúmerosconvites para
brincar no parquinho... 
Ver mais>>

Pollyanna

Embarque na emocionante história da doce Pollyanna,
que, após ficar órfã aos 11 anos, vai morar...
 Ver mais>> 

Os Três Porquinhos

O lobo estava só à espreita esperando
por qualquer descuido dos porquinhos...

Ver mais>>


Chapeuzinho Vermelho

Depois que a Vovó ficou doente em sua
casinha lá no meio da floresta,
Chapeuzinho Vermelho... 
Ver mais>>
 

Livraria Cultura, Shopping Iguatemi, Campinas.
Av. Iguatemi, 777 - Lojas 04 e 05 no piso 1.
Vila Brandina, Campinas-SP.
 
 
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LANÇAMENTO DO CD DE MANUEL FILHO 
Quero convidar a todos para assistirem ao show de lançamento do meu novo CD, "Raízes". 
O show terá única apresentação na sexta-feira dia 05/11 no histórico e sensacional Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520) às 22:00h.

O repertório do novo disco está bastante interessante e o show ainda conta com participações especialíssimas de Fernanda Gianesella, Rita Braga e Cristina Lemos. Além de composições próprias, cantarei Noel Rosa, Custódio Mesquita, Fran Papaterra entre outros. 
O ingresso custará R$20,00 ou 1 quilo de alimento não perecível que será doado a uma instituição de caridade. 
O show está lindíssimo, quero muito contar com a presença de todos.
Aproveite para visitar o meu site www.manuelfilho.com.br
Beijos e abraços e até dia 05 de novembro às 22:00h no Teatro Oficina. 

Direção de cena - Flávio Faustinoni
 
Direção musical - Beto Marsola
 
Direção de produção - Ana Nero

Designer de luz - Carmine D´amore 
Assessoria de imprensa - Iara Filardi
 

Músicos:
 
Violão - Beto Marsola
 
Baixo - Xinho Rodrigues
 
Teclado - Leandro Neri

Percussão - Bira Azevedo
 



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PRIMAVERA NA CULTURA

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II ENCONTRO DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL 
NO ANHEMBI TÊNIS CLUBE 
Local: ATC - Anhembi Tênis Clube - Salão Social 
Data: 07 de Novembro
 Horário: Das 14h às 18h 
Rua Alexandre Herculano, 2 (ao lado do Colégio Santa Cruz, esquina com a Rua Orobó)
 
Alto de Pinheiros
 São Paulo - SP 
Haverá feira de livros, com a participação de editoras, entre elas: Acatu, Biruta, Callis, Duna Dueto, Paulus... 

Camerata de violão com o Projeto Fênix Contação de história "A princesa no castelo em chamas" - com Claudia Benson 
Autógrafo com escritores e ilustradores, entre os quais estarão presentes Ailton Sobral, Biba Rigo, Cacá Lopes, Danilo Marques, Fábio Sgroi, Januária Cristina Alves, Luna Vicente, Mariah Moraes, Manuel Filho, Moreira de Acopiara, Marco Haurélio, Nireuda Longobardi, Simone Petersen...
 
Brincando de roda de Capoeira - com as crianças do ATC
 
Caricatura - com o ilustrador Danilo Marques 
Oficinas de massinha - com a ilustradora Luna Vicente 
Oficina de lápis animado - com as meninas da brinquedoteca
 
Cantando Brincadeira - com Cacá Lopes
 
Oficina Como ilustrar uma história - com o ilustrador e escritor Fábio Sgroi
 
Sarau de Poesia com os escritores e público presente.
 

Exposição Cores e Formas que Contam Histórias
 
Durante o evento haverá a exposição da AEILIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil "Cores e Formas que Contam Histórias" que foi organizado pela AEILIJ. A exposição apresenta o trabalhos de 25 ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil de diferentes técnicas e estilos. O objetivo da exposiçaõ é mostrar a beleza e a importancia das ilustrações nos livros de literatura para crianças e jovens.
 A AEILIJ - Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ) iniciou suas atividades em 1999 com o objetivo de estimular a união de autores, escritores e ilustradores de literatura infantil e juvenil pela defesa dos seus interesses e direitos dentro do mercado editorial e, também, para a troca de experiências e informações entre os profissionais através de uma lista de discussão. 

Mapa: http://www.clubeanhembi.com.br/mapaok.html

Site do ATC: http://www.clubeanhembi.com.br/
AEILIJ: http://www.aeilij.org.br/ 

 
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OFICINAS DE CRIAÇÃO LITERÁRIA 

Um estímulo à imaginação e à criatividade pelo trabalho poético
 Com Cláudio Daniel Programa elaborado com o objetivo de apresentar conceitos teóricos sobre a poesia e desenvolver exercícios práticos de criação, com a aplicação de conceitos de Edgar Allan Poe, Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé, Ezra Pound, Vladimir Maiakovski, Haroldo de Campos e Paulo Leminski, entre outros autores. O curso pretende estimular os alunos a pensarem a poesia de maneira crítica e aprofundada.

Para público jovem e adulto.
 

Biblioteca Milton Santos
 
De 4 a 25 de novembro, 5ª feiras, das 15h às 17h
 
Biblioteca Thales Castanho de Andrade

De 9 a 30 de novembro, 3ª feiras, das 14h às 16h 


Língua nas Letras de Música
 
Com o violonista Lucas de Luccia e o professor João Jonas Veiga Sobral
 

Encontros direcionados ao público jovem, destacando as nuances da língua na criação das músicas populares. Parceria com a revista Língua Portuguesa.
 

Biblioteca Paulo Setúbal
 
Dia 12 de novembro às 10h e às 14h
 
Biblioteca Adelpha Figueiredo
 
Dia 13 de novembro às 10h e às 14h
 
Biblioteca Mário Schenberg
 
Dia 19 de novembro às 10h e às 14h
 
Biblioteca Cora Coralina
 
Dia 26 de novembro às 14h
 


Soltando a Língua
 
Com Marcelino Freire
 

Na oficina de criação de textos serão trabalhadas técnicas de como "desbloquear" o texto e de como avançar no seu projeto literário.
Para isso, os participantes produzirão textos em sala e discutirão a produção de outros autores, em vários gêneros - conto, poesia, romance.

Para público jovem e adulto.
 

Biblioteca Lenyra Fraccaroli
 
De 22 de novembro a 13 de dezembro, 2ª feiras, das 10h às 12h
 
Biblioteca Nuto Sant'Anna
 
De 25 de novembro a 16 de dezembro, 5ª feiras, das 14h às 16h


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Literatura para Todos recebe inscrições até 21 de novembro
O Concurso Literatura para Todos foi criado para estimular a produção literária direcionada a jovens e adultos em processo de alfabetização. Este ano, o Ministério da Educação vai premiar nove escritores com R$ 10 mil cada um e publicar as obras vencedoras, que serão distribuídas em escolas e bibliotecas públicas.
Os candidatos podem competir nas categorias prosa (conto, novela ou crônica), poesia, biografia e texto de tradição oral (em prosa ou em verso). Em cada uma delas serão premiados dois autores.
Esta é a segunda edição do Literatura para Todos. A novidade é que a competição vai premiar um escritor africano, natural de um dos países de língua portuguesa — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O autor africano ganhará o mesmo prêmio de R$ 10 mil, independentemente da categoria literária do texto apresentado.
As obras devem ser enviadas, até 21 de novembro, ao Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade — Esplanada dos Ministérios, bloco L, sala 710, CEP 70047-900 Brasília (DF).
A divulgação dos resultados e a premiação estão previstas para março de 2008. No ano passado, 2.095 obras concorreram na primeira edição do concurso.
Mais informações no endereço eletrônico literaturaparatodos@mec.gov.br ou pelo telefone 0800 616161
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

SP: Quintas (35)

PASÁRGADA: 
UTOPIA DA VIDA QUE PODERIA

“Estrela da vida inteira.
Da vida que poderia

Ter sido e não foi. Poesia,
Minha vida verdadeira.”
MANUEL BANDEIRA


Paulo Diniz, autor de canções como “Quero voltar para a Bahia”, “Ponha um arco-íris na sua moringa”, “Brasil, brasa, braseiro” de ritmo alegre presente também em diversas canções cantadas por Martinho da Vila, “O meu amor chorou” e uma adaptação feliz para “Peixe Vivo”, a trilha sonora de um popular presidente do Brasil, fez coisas profundas no universo da canção de poesia do país.
Musicou “E agora José?” do mineiro Carlos Drummond de Andrade. Ouvir nas rádios o compositor cantando “José” ampliou a consciência de um Brasil profundamente poético. Mas ele também colocou melodia num outro poema, de um poeta pernambucano, uma das grandezas do país.
Nascido no final do XIX no Recife, o autor de comoventes poemas foi um menino que viveu intensamente a infância na capital pernambucana.
Um de seus poemas “Evocação do Recife” vale por muitas aulas de geografia. Se a escola fosse diferente e se os professores pudessem voar, que maravilha trabalhar numa aula de geografia sobre Recife apenas esse poema que começa limpando o nome de Recife de comparações. Dá pra viajar em sala de aula.
Farto do lirismo bem comportado, Manuel Bandeira, que viveu uma vida limitada por causa da tuberculose, publicou seu primeiro livro de poesia imaginando-se à beira da morte. Afinal, a idéia da morte o acompanhou a vida inteira.
Sua obra composta em quartos de pensões é um dos maiores tesouros do idioma. Provavelmente seja o mais lindo poeta de almas do Brasil a enriquecer com seus poemas a sensibilidade nacional. Maravilhosas crônicas publicadas em vários jornais: muitas delas ouvidas no rádio encantaram o espírito brasileiro.
Morreu fisicamente com mais de 80 anos de idade, muito embora desde a juventude, ao contrair tuberculose, foi acompanhado pela morte. Mas sempre viveu intensamente por meio de seus poemas. A poesia foi a sua vida verdadeira.
Solitário e doente, ao completar oitenta anos ganhou o prêmio “Moinho Santista” no valor de cinco mil cruzeiros quando o jovem compositor Chico Buarque, poucos dias antes recebera um prêmio de cinqüenta mil cruzeiros pela composição “A Banda”.
Estrela solitária diante da força do vendaval da indústria cultural, o autor contemporâneo do modernismo foi homenageado por praticamente todos os poetas do seu tempo, inclusive pelo Carlos Drummond da Andrade, que para ele dedicou 21 poemas.
Poeta “bem triste de tantos ais”, sua contribuição gigantesca para a cultura nacional bem poderia ser conhecida com afinco por todos os estudantes do Brasil. Um bom começo seria ouvir a canção de Paulo Diniz.
Uma palavra que o poeta ouviu quando menino numa sala de aula. Memorizou-a, porém nunca teve a idéia verdadeira do lugar, até que um dia revelou aos leitores: Pasárgada é um lugar dentro da poesia.
Poema que fala de uma utopia. De um lugar imaginário, para onde o poeta poderia ir e ser feliz, onde poderia ter a mulher que queria na cama por ele escolhida.
Um lugar onde a vida seria uma aventura, onde ele poderia andar de bicicleta e até subir no pau-de-sebo. Tomar banho de mar, deitar na beira do rio.
Assim foi a sua utopia pelo compositor levada ao disco, a utopia repleta da vida não vivida, da vida que poderia ter sido, a vida do homem que queria que o seu último poema fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais.
O Brasil é o país do orgulho e não sabe, tem Manuel Bandeira e às vezes se esquece.

MARCIANO VASQUES

terça-feira, 23 de novembro de 2010

SP: Homenagem ao escritor Francisco Marins

Prédio da Academia Paulista de Letras localizado no Largo do Arouche centro de São Paulo

Meus queridos leitores,

É com imensa alegria que venho informar a todos que nossa regional irá realizar a HOMENAGEM 2010 ao renomado escritor Francisco Marins, conhecido como O ESCRITOR DA JUVENTUDE, no dia 09 de dezembro às 15,30hs, quinta-feira, na ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS. O prédio, conhecido pela suntuosidade está localizado no LARGO DO AROUCHE, nº312. Quero acrescentar que essa foi uma opção do próprio autor, que ocupa a cadeira nº33 da APL.

Francisco Marins irá, pessoalmente, mostrar as dependências da Academia aos visitantes. Hoje, dia 23 de novembro, ele completa 88 anos de idade.

Um forte abraço,
Regina Sormani 


Conheça os ocupantes de cada Cadeira

01 - José Cretella Jr.
02 - Miguel Reale Jr.
03 - Julio Medaglia
04 - Célio Debes 
05 - Gabriel Chalita
06 - Luíz Carlos Lisboa
07 - Anna Maria Martins
08 - João de Scantimburgo 
09 - Ada Pellegrini Grinover
10 - Paulo Nogueira Neto
11 - Milton Vargas
12 - Paulo Nathanael Pereira de Souza
13 - Myriam Ellis
14 - Walcyr Carrasco 
15 - José Altino Machado
16 - Bolívar Lamounier
17 - Massaud Moisés
18 - Jorge Caldeira
19 - Erwin Theodor Rosenthal
20 - Hernâni Donato 
21 - Paulo José da Costa Jr.
22 - Ruth Guimarães 
23 - Antônio Ermírio de Moraes
24 - Geraldo Vidigal
25 - Tatiana Belinky
26 - Mário Chamie
27 - Fábio Lucas
28 - Lygia Fagundes Telles 
29 - José Pastore 
30 - Raul Cutait
31 - Ives Gandra da Silva Martins
32 - Antonio Penteado Mendonça
33 - Francisco Marins
34 - Tércio S. Ferraz
35 - Paulo Bomfim
36 - Dom Fernando Antonio Figueiredo 
37 - Ignácio de Loyola Brandão 
38 - Ruth Rocha
39 - Benedito Lima de Toledo
40 - José Renato Nalini

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SP: Um livro do qual gostei muito - Miguel e Serafina



MIGUEL E SERAFINA

Pense em algodão doce, em picolé e pirulito. Isso. Picolito. Li um livro assim: bem doce, com gosto de leitura de "fazedeira".

É a história de uma boneca que vivia no armário da bagunça, mais precisamente de um menino que todo menino é, mais ainda, é uma história de amizade, da infância, da alma do brinquedo.

Isso mesmo está posto no livro de Regina Sormani, que brinquedo tem alma. Todos eles, o pé-de-chinelo, o polichinelo, o cachorrinho, o robô. O cinema atualmente diz isso. A escritora se antecipou. Mas é fazedeira de poesia e assim vai numa escrita de lã que criança de doce de leite lê. Andersen, é claro, sabia disso, que brinquedo tem alma. Aliás, ele capturou essa alma com maestria. Regina nos trouxe uma boneca lá do seus interiores.

Antes das bonecos interplanetários repletos de poderes, alguém lançou uma pergunta: "Bonecas brincam com meninos?". Brincam sim, e falam na imaginação deles, ora!, até sonham com ser gente!, melhor não realizarem esse sonho, ainda que viessem a ser bonecas de madeira.

A fazedeira, a dona artista, dedos são pensamentos mágicos. Cada pensamento um artesão. E arte são pensamentos em forma de bolotas de algodão, chumaços de amores.

Uma artista assim só poderia fazer uma boneca com os olhos de afastar quebranto.

Que livro rico! E delicioso de oralidade. De tesouros que os leitores vão descobrindo. Tesouros que existem desde o tempo do arco-da-velha.

E um arco na íris da boneca faz com que a autora enverede pelas veredas da cumplicidade com o leitor. "Cá pra nós".

Mas brinquedos viraram tranqueiras! O menino cresceu. Sendo assim, a boneca não mais falou.
Não?

Quem tece domingos deveria ler este livro. Eu li, e ele me trouxe laços de ternura, de coração de menino, de alegria de respingo de chuva na vidraça. Gostei muito de conhecer a Serafina, e também o Miguel. 

Livro. MIGUEL e SERAFINA
Texto: REGINA SORMANI
Ilustrações: MARCHI
Leitor: MARCIANO VASQUES
Editora: Edições Loyola
ANO: Todos, por que em todos os anos haverá sempre uma boneca dessas, com vestidinho vermelho, e de algodão recheada.

MARCIANO VASQUES


Um comentário:

Roberta Granada20 de novembro de 2010 19:34
Oi amiga , adoro passar por aqui, sempre tem muita coisa bonita, parabéns, beijokas...
http://agulhaetricot.blogspot.com
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SP: Pé de meia literário (14)

Um mar de leitores

Nem podia ser diferente. Cidade localizada no litoral fluminense, Paraty deu um nome peculiar ao seu projeto de leitura: Mar de Leitores.
Quantas interpretações possíveis, este “mar de leitores” nos instiga a pensar. O primeiro, e mais imediato, e talvez o mais adequado: muitos leitores. Tantos e tantos que podemos falar em quantidade imensa, do tamanho do mar.
Falar de Paraty, nestes últimos anos, em matéria de leitura e leitores, o que vem à lembrança é a FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty) e sua parceirinha, a FLIPINHA. Não é por menos. No entanto, depois que a agitação glamurosa da festa internacional desaparece e a cidade volta a conviver com seus dias calmos, históricos e sossegados, uma outra intencionalidade surge: fazer da cidade, uma cidade de leitores. Aí começa (ou continua) a atuação do pessoal do Mar de Leitores, a turma da ong Casa Azul e seus parceiros da secretaria municipal de educação, técnicos e educadores das escolas.
O projeto caminha para o seu segundo ano de vida, com conquistas interessantes, uma das quais um documento legal da secretaria de educação que garante no currículo de todas as escolas uma hora semanal de atividades específicas de leitura. Outra conquista: uma carta de intenção da secretaria se disponibilizando a manter uma política de reposição de acervo. Ações como essas mobilizam os representantes da Casa Azul, da secretaria de educação e os educadores de todas as escolas do município. Em reuniões mensais, com a presença da secretaria, de representantes da Casa Azul e convidados, as coisas vão acontecendo, tomando rumo, abrindo espaços.
Estive por lá, como convidado, no último dia 10 de novembro, falando para/com os educadores (gestores e coordenadores pedagógicos) que tocam as ações nas escolas. Falei da minha experiência como gestor de escola, de sala de leitura e como membro de equipe criadora de programas de incentivo à leitura, entre os quais, o programa de salas de leitura das escolas municipais de São Paulo e o Prazer em Ler, do Instituto C & A. Conversamos sobre a importância da leitura na sociedade contemporânea, sobre a dupla tarefa do educador, formar-se leitor e formar leitores, sobre acervos, escolhas e persistência.
Voltei para casa com satisfação dobrada: de um lado, por ter colaborado com o projeto, cruzando histórias, trocando certezas; e, de outro lado, por reforçar questões pelas quais venho batalhando há muito, a importância da escola no trajeto da educação para a literatura e a necessidade fundamental de se fazer de cada educador um leitor. 
Mar de Leitores, da bela Paraty, renovou em mim a certeza de que as coisas podem ser simples, em matéria de programas de incentivo à leitura, quando se juntam a vontade política, o espaço para a organização, discussão e elaboração de projetos e o envolvimento dos educadores. Taí...
Mar de Leitores certamente é um programa de formação de leitores que tem tudo para transformar a cidade em cidade leitora. 

Constitui-se, graciosa e energicamente, um alto valor para o nosso pé de meia literário.

Edson Gabriel Garcia
Educador e Escritor

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SP: Quintas (35)

Os últimos escritos 
“Há adeuses nos girassóis da minha mente” 


O cavalo foi domesticado. Uma perda para a natureza. Um ganho para a humanidade. A humanidade vive ganhando. Gosto, aliás, daquele pensamento indígena: “Só depois que a última árvore for derrubada, o último peixe for morto, o último rio for envenenado, todos irão perceber que dinheiro não se come.” 
A humanidade não existe, é um conceito abstrato. Faz tempo penso assim. O que há são seres bondosos, mas isso não importa agora, como não importa a saudade de Hume, por exemplo, ou a grandeza da minha alma. 
Hoje, quase final de novembro, cantei pneu na estrada. Um rei já fez isso antes de perder a velocidade. Cantei pneu porque tudo parece que faz tanto tempo. É preciso a postura de rei sempre. Mas ando machucado, a alma com esta infecção me atrapalha muito. Porém ainda não perdi a noção de que as estrelas estão no céu, independente da visibilidade. 
Quero voltar para o cavalo, melhor, para o aspecto da interferência da humanidade no rumo das coisas na natureza (hipocritamente chamada de mãe). A natureza do cachorro é a do lobo, mas hoje, domesticado, é chamado de melhor amigo do homem, talvez tenha algumas qualidades que o homem aprecia muito, como a obediência... 
Quero voltar para a poesia. Penso que a cidade na qual vivo, se não fosse tão concreta, talvez se transformasse em sampa, o que significaria a sua abertura total para a poesia. Mas há a impossibilidade de vertê-la em poesia (a cidade está sempre dentro do homem, se ele é um homem da cidade). 
Algo me distraiu e perdi um fragmento mental que sei que desembocaria na falta que sinto de Caetano Veloso, o que significa aqui a essência, aquilo que permanece, como a profundidade de um verso que representa a verdade que se derrama sobre séculos de filosofia, um verso que afirma “Que a coisa mais certa de todas as coisas não vale um caminho sob o Sol!” 
Mas a poesia, onde ela está? Vi uma criança comendo uma fatia de pão com margarina. Ali está a poesia. Se alguém presenciou mão estendendo fatia de pão com manteiga num dia chuvoso, tomou ciência da poesia. Eu já me senti poeta. Nada a ver com arranjos de palavras. É outra coisa a que me refiro. Quem viu um cavalo no verde-paz de um entardecer sabe o que é poesia. 
Bem, contos e crônicas, a vida segue em frente. O que eu sofri, as coisas pelas quais eu sofri, não alterou nada; o poeta, ou esse modo de ser do homem, não promoveu alterações nos destinos das coisas, no destino do cavalo, por exemplo, mas sempre há uma centelha de interferência no destino de alguém. 
Há adeuses nos girassóis da minha mente. Que pena! 

MARCIANO VASQUES
http://www.cianomar.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SP: O autor e sua obra - Lima Barreto

Prezados leitores,

Hoje, 15 de novembro, a página "O autor e sua obra" do blog paulista coloca no ar a participação do escritor Marciano Vasques, falando sobre Lima Barreto.

Agradeço muito e um forte abraço,
Regina Sormani


LIMA BARRETO

Hoje, 15 de novembro, feriado nacional no Brasil. Dia de Lima Barreto. Deveria ser assim, afinal, quem mais na imprensa e na literatura quis e clamou por uma República autêntica?

Isso mesmo. O maior dos mulatos bem quis proclamar a República, mas não a República da burguesia, a República da Belle Époque, porém a República do seu povo, do povo mulato do Rio de Janeiro, do povo pobre, da lavadeira, do operário. Lima Barreto, a voz solitária na imprensa, com suas crônicas de liberdade, a primeira voz a defender a mulher nas páginas dos periódicos, e a gritar contra os assassinos de mulher.

O escritor, conhecido como o "mulato dos mulatos", com sua "alma de bandido tímido", foi um exemplo notável de escritor a serviço da humanidade. 

Humanista, queria que a República verdadeira fosse proclamada, por isso denunciava a falsa República, e escrevia para ser lido, mas ser lido pelo seu povo, pelo povo que subiu ao morro. Escrevia propositalmente numa linguagem nada estilizada, nada elitizada. Menosprezava os escritores que escreviam de forma requintada para serem lidos pelos seus pares. Acreditava que a República deveria começar na literatura, na escrita, na forma como se lida com o idioma, e como se faz literatura.

Ironicamente nascido num 13 de maio, e ironicamente morrendo em 1922, quando em São Paulo aconteceu a Semana da Arte Moderna, Lima, que antecipou o tempo, o grande cronista, escreveu livros memoráveis, como "Triste Fim de Policarpo Quaresma", na qual apresenta o seu personagem comovente, o nacionalista que sonha com um Brasil que não existe além do seu coração e da sua mente. 

Afonso Henriques de Lima Barreto, nascido no ano da publicação de O Mulato, de Aluísio de Azevedo, escreveu também Clara dos Anjos, O Homem que sabia javanês, Bruzundangas, e uma fértil coleção de crônicas em jornais da época. Crônicas que abordavam os mais variados assuntos, como as superstições do povo do Brasil, as mulheres vítimas da violência brutal, a falsa república... 

Lima Barreto nasceu num bairro, digamos, de classe média, e caminhou em direção ao subúrbio, para ficar mais próximo do povo que amava. Sua residência, bem longe da República burguesia, ao receber o nome de Vila Quilombo, deixava Copacabana enraivecida.

A juventude precisa ler Lima Barreto, todos deveriam ler o homem que queria inaugurar a República autêntica.

MARCIANO VASQUES

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

SP: Vice-Versa de Novembro de 2010

Meus caros,
Estou postando, com muita satisfação, o Vice-Versa de novembro entre o escritor Marciano Vasques, da regional SP e a editora independente Agueda Guijarro.
Grande abraço,
Regina Sormani


Agueda Guijarro

Marciano Vasques


Marciano responde.

1.Como foi entrar como autor no universo da Literatura Infantil?

Passei a minha infância criando mil capas de gibis e suas respectivas aventuras. Depois, na adolescência, escrevi todos os poemas, e sempre permiti que essa gigantesca felicidade, a da leitura, fizesse parte da minha vida. Então, depois de ter pintado quadros, e desenhado muito, e publicado Histórias em Quadrinhos em jornais, decidi num dia sábio que seria escritor, já que de ser poeta era inútil fugir, eu já estava docemente condenado para isso. Passei então a escrever poemas que outros poetas liam, e cada vez mais "intelectuais". Então aconteceu algo extraordinário em minha vida: comecei a dar aulas para crianças... E logo em seguida tornei-me Professor Orientador de Sala de Leitura... Foi ai que tive o meu primeiro contato profundo com a Literatura Infantil...

2. Conte-nos qual livro marcou sua infância e / ou adolescência.

Quando era bem mais menino li o livro do Monteiro Lobato com o rinoceronte na capa. Aquele mundo me fascinou, fiquei encantado, sem possibilidade de quebrar o encanto. Mas na infância li mesmo pra valer os gibis, os meus companheiros inseparáveis. Por onde eu andava, o "Espírito que Anda" me acompanhava, com toda a sua "mitologia". Na adolescência, li um livro de Jorge Amado que me impressionou. Jubiabá. A forma como ele conduzia a narrativa mesclando a sua poesia natural com a exacerbação erótica me cativou. A cada página eu me enluarava nas suas narrativas. Estava diante de um escritor que trazia a maresia quando falava do mar.

3. Já leu algum livro e ao terminá-lo, pensou: "Puxa, eu gostaria de ter escrito este livro!" Qual e por quê?

Crônica de Uma morte anunciada. Li de um só gole, gole de Coca - Cola, enfim... Mas li sem parar, pois não dava para parar. O texto me lembrando o tempo todo de A Morte e A Morte de Quincas Berro D'Água. A narrativa assim cinematográfica, naquele estilo vertiginoso. Realmente, eis um livro que eu gostaria de ter escrito. De qualquer forma, tantos e tantos eu gostaria também de ter escrito, inclusive e principalmente na Literatura Infantil, que temos coisas tão lindas e preciosas.

4. Como é o seu processo de criação? Tem um cantinho especial ou um horário... quando você sente que de uma ideia está nascendo um livro?

Horário eu tenho sim, para passar a limpo, passar para a tela, quando não escrevo diretamente, como atualmente ocorre. Mas o processo de criação? Escrevo no ônibus, no metrô, sempre foi assim. As ideias são serelepes, são bem sapequinhas, e não avisam quando vão chegar. Então, não me dão tempo de criar uma rotina. Mas sou disciplinado. Das 4 horas da manhã até às 6 horas, o computador é meu, mesmo porque todos estão dormindo.


Agueda responde

1. Como editora, qual o sentimento que sente ao aprovar um livro, e saber que a partir desse gesto, dessa decisão, uma nova obra poderá encantar e influenciar mentes e corações, e contribuir para a andança das palavras no mundo escrito?

É muito satisfatório, mas a responsabilidade tem a mesma proporção. Quando um texto é aprovado, já imaginamos o caminho que queremos que ele percorra, assim como um filho. Mesmo sabendo que depois de pronto, já não temos mais controle sobre ele. Saber de alguma adoção ou prêmio recebido, essa é a maior contribuição. Além dos pedidos de reimpressões... 

2. Sempre está presente aos eventos de lançamentos dos autores, e comparece para dar o seu abraço, manifestar o seu carinho. Considera esse relacionamento com o autor algo importante no universo literário?

Sim, esse contato pessoal é muito importante ainda mais nesses tempos tecnológicos. Produzimos um livro inteiro sem nunca ver o autor ou o ilustrador. Só tendo contato por e-mails e telefone. Sempre que possível gosto de fazer pelo menos uma reunião pessoalmente. É bom conversar olho no olho! Passa confiança, além de estreitar o vínculo profissional.

3. Cada um tem a sua história. Qual a sua? Qual é a sua trajetória? Os momentos marcantes que delinearam o seu caminho no mundo das letras?

Entrei na área editorial por acaso. Quase fiz Direito! Por influência de uma tia, prestei vestibular para Comunicação Social. Passei, desisti do Direito e me formei em Produção Editorial. Depois de alguns estágios, fui trabalhar com edição de livros médicos. Quando saí da Editora Lemos entrei na Salesiana para trabalhar com a edição dos livros religiosos. Depois, passei para literatura infantil e juvenil, onde fiquei por 5 anos. Foram muitos os momentos marcantes. Cada livro produzido traz uma “história de bastidor” que me fascina. Mas, a maior satisfação é receber o retorno do autor comentando sobre o livro pronto. E depois as vendas! Além dos prêmios. 

4. O governo compra livros, isso é louvável. Porém, o que mais deveria ser feito em nível de governo para aproximar os jovens da leitura?

Imagino que também é preciso preparar melhor os professores para trabalhar com esses livros. Além da escolha de textos que dialoguem com os jovens dentro de sua realidade. Claro que os clássicos são importantes, mas sem um preparo em relação ao texto que será trabalhado, é difícil. A linguagem distancia o jovem desses textos, mas com um professor bem preparado, o aluno só irá ganhar.