quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

SC: Nova associada: Elizabeth Fontes

ELIZABETH FONTES

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Sempre fui apaixonada pelos livros e pela leitura. Pelas crianças, também. Meu trabalho com literatura infantil juvenil começou pela música, pois fui educadora musical por muitos anos. Neste convívio com as crianças nas aulas de musicalização, era comum eu também ler e contar histórias para introduzir os conceitos musicais, ou mesmo, utilizar canções e sonoplastias para enriquecer o contexto literário. Foi assim que comecei a ser “escritora e compositora”, escrever poesias infantis que depois eram musicadas e viravam canções que cantávamos em nossas aulas. Da inspiração literária do “Sítio do Pica Pau Amarelo” de Monteiro Lobato à inspiração musical da “Arca de Noé” de Vinícius de Moraes, este exercício de escrever poemas que viravam músicas para crianças me acompanhou desde sempre. Livros, poesias, histórias e canções também fizeram parte da minha vida familiar e anos depois, com a chegada das minhas filhas, no exercício prazeroso de ser mãe, de ler e cantar para elas. Durante muitos anos fui colecionando textos e canções numa gaveta. Fiz poesia e música para as filhas, para as sobrinhas e um monte mais, para outras crianças. Para bichos, flores, festas e gentes...  Só muito tempo depois, as meninas já estavam adultas, é que nasceram os primeiros contos infantis e juvenis, nos livros que foram publicados em 2013 e 2014.

2) Três livros seus para quem não te conhece.
Quando morei na Colômbia, entre 2008 e 2013, trabalhei como voluntária em projetos sociais de uma ONG Brasileira em Bogotá, chamada Fundação Aquarela, que assiste crianças portadoras de câncer ou em risco social. Do trabalho que realizei como arte terapeuta, surgiu meu primeiro livro para as crianças, o “História de uma Aquarela”. O livro bilíngue, português-espanhol, foi publicado em Bogotá em 2013 pela Editora Panamericana. O texto fala sobre as mudanças que acontecem na vida das pessoas e como elas se sentem ao ter que deixar seu país de origem e ir para outros lugares. Traz o tema da adaptação a uma nova cultura, o como lidar com os sentimentos de perda e a questão do trabalho humanitário como meio de envolvimento social para a superação da saudade. O livro, todo feito em aquarelas, foi ilustrado por Malu Rodrigues.
Em 2014, de volta ao Brasil, publiquei “Sobre os Jardins” (Editora Univille), texto poético sobre a vida e os valores humanos, baseado na metáfora dos elementos de um jardim. O livro, também ilustrado por Malu Rodrigues, traz a riqueza de conteúdos filosóficos que as crianças podem experimentar em contato com as flores, plantas, pedras, insetos, num convite à contemplação e ao diálogo entre imagens e palavras. Borboletas conduzem o fio da leitura. Paciência e perseverança são algumas das sabedorias a serem redescobertas nesta prática de observar profundamente, mais que com os olhos de ver, com os olhos de sentir.  O livro teve sua segunda edição atualizada em 2018.
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Muitos! Quero continuar mergulhada no universo infantil juvenil. Escrever contos, compor músicas e poesias para as crianças. Cantar e contar histórias. Ler muito e aprender mais. No próximo ano pretendo publicar meu livro de poesias e canções infantis, que está em fase de ilustração. Quero continuar meu projeto de compor trilhas sonoras para livros infantis e lançar o “Sarauzinho para crianças”, projeto literário de contação de historias, poesia e músicas interpretadas por crianças. Nos próximos anos, além de publicar livros de literatura infantil juvenil, pretendo participar de concursos. Quero ainda gravar um CD com músicas infantis de minha autoria e publicar um livro de partituras.

Mais informações em 
https://www.facebook.com/beth.fontes1 
https://www.aletradarte.com/post-unico/2018/05/03/Artistas-de-Joinville

Foto: Gustavo de Francisco

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

BR: Carta de colaboração entre as entidades CBL, FNLIJ e AEILIJ


Os acontecimentos envolvendo a premiação do Jabuti desse ano motivaram a criação de um documento de colaboração entre a CBL, a FNLIJ e a AEILIJ. As entidades reconhecem que é importante salvaguardar as instituições, fortalecendo seus laços e compromissos com a literatura e com o público leitor. Só assim, com o apoio de todos, conseguiremos enfrentar os anos que virão.

A AEILIJ entrou em contato com a CBL e ambas convidaram a FNLIJ à mesa, para conversar sobre as mudanças no importante Prêmio Jabuti. Foram três reuniões presenciais, duas no Rio e uma em São Paulo, durante a Bienal, além de diversos e-mails e telefonemas, para chegarmos à carta que segue.

A AEILIJ reafirma, com isso, seu compromisso em defender a literatura infantil e juvenil, e agradece à FNLIJ pela parceria, e à CBL pela recepção, tendo esta se mostrado, desde o nosso primeiro contato, aberta ao diálogo.

***

Prêmio Jabuti: Carta de colaboração das entidades do livro com sugestões para a valorização da literatura destinada ao público infantil e juvenil.

            No dia 10 de agosto de 2018, em São Paulo, os presidentes da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Luís Antonio Torelli, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Wander Soares, da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ), Alexandre de Castro Gomes, e a diretora executiva da CBL, Fernanda Gomes Garcia, reuniram-se com o objetivo de formalizar o recebimento da proposta de mudanças a serem apresentadas à futura curadoria do Prêmio Jabuti com o intuito de valorizar a Literatura Infantil e Juvenil.

            Segundo o presidente da AEILIJ, a Literatura Infantil e a Literatura Juvenil destinam-se a públicos distintos e, por isso, não podem ser agrupadas em uma mesma categoria. Assim como a Literatura Adulta, a Infantil e a Juvenil podem se apresentar em diferentes formas, como conto, poesia, romance, novela e outros. Embora a Literatura Infantil, a Juvenil e a Adulta se dividam entre os mesmos gêneros e formas, há diferenças entre os estilos, o que justifica premiações em separado. Entendendo que ficaria inviável premiar cada forma da Literatura Infantil e Juvenil, foi trazida a sugestão de agraciar novamente as duas categorias, Infantil e Juvenil separadas, além de três elementos essenciais da LIJ: texto, conjunto de ilustrações e projeto gráfico. As cinco premiações contribuiriam para valorizar a Literatura Infantil e a Literatura Juvenil, tão desprestigiadas nos últimos anos no Brasil.

            A proposta visa ressaltar a importância da Literatura Infantil e Juvenil, que, na maioria das vezes, é a porta de entrada para a descoberta do livro, para que o indivíduo se torne leitor e para a formação das pessoas como cidadãos críticos e conscientes do seu papel social. Quem teve a oportunidade de acessar o livro na infância, tenha sido estimulado dentro de casa ou na escola, em algum momento, pode abandonar a leitura. Porém, depois de um período em que o gosto de ler divide a atenção com outros interesses, acaba por reencontrá-lo na fase adulta. Este reencontro só será possível se previamente tiver acontecido a apresentação ao livro, papel desempenhado pela Literatura Infantil e pela Literatura Juvenil. Estas, em conjunto, possuem participação por volta de 25% a 30% do mercado, segundo as estatísticas mais conservadoras, podendo ser ainda mais representativa. 

            Feita esta introdução, foi sugerido pelo presidente da AEILIJ, Alexandre de Castro Gomes, que a próxima curadoria do Prêmio Jabuti avalie e contemple as seguintes categorias relativas à Literatura Infantil e à Literatura Juvenil:
• Premiação de Melhor Livro de Literatura Infantil - Solicita-se o retorno da categoria Infantil, mantendo-se os critérios adotados até então, porém, contemplando o escritor e o ilustrador na premiação. Sabemos da importância da narrativa visual para o livro infantil. Portanto justifica-se premiar os autores de texto e de imagem. Pode ganhar esse prêmio de melhor livro infantil um livro só de imagem, com um ótimo projeto gráfico.
• Premiação de Melhor Livro de Literatura Juvenil - A Literatura Juvenil também é merecedora de uma categoria própria. O livro para jovem tem a ver com a complexidade da temática. A imagem pode ser importante aqui também. Se pegarmos o livro “Psique”, da Ângela Lago, editora RHJ, as ilustrações são fundamentais e ele não é um livro infantil. Na Literatura Juvenil, o autor pode desafiar o leitor por meio do enredo central, como é feito na literatura infantil, mas pode construir outros enredos paralelos, complexificando tanto a história como a estrutura dos personagens. Os autores do livro podem buscar um estilo mais rebuscado na forma de contar a história já que se pressupõe que este leitor terá um repertório mais amplo, além da capacidade de ler narrativas mais longas e complexas. A diferença para a Literatura Adulta ocorre porque o grau de exigência deste leitor é bem maior já que sua experiência de vida poderá permitir que ele reflita sobre temas e enredos que o jovem e a criança pouco usufruiriam por não poderem se projetar ou fazer o simulacro das situações vividas pelos personagens.

            Além do retorno das categorias supracitadas, foi registrada a sugestão de que sejam criadas três premiações dedicadas aos elementos essenciais à Literatura Infantil e Juvenil:
• Melhor Projeto Gráfico de LIJ - Utilizando como exemplo, vejam-se os projetos gráficos de “Flicts”, de Ziraldo e “Haicobra”, de Fabio Maciel e Marcio Sno. O projeto gráfico é uma linguagem que colabora com a história por meio de recursos como formato, recortes, cores, relevos, fonte, espaçamento, layout, áreas de respiro, entre outros elementos que compõem a narrativa e justificam a apreciação diferenciada do projeto gráfico.
 • Melhor Conjunto de Ilustrações de LIJ – A proposta de premiar o conjunto de ilustrações é reconhecer que a ilustração não está em função do texto, mas em diálogo com a obra. Nesta categoria, não se premia o livro como um todo, como nas categorias Livro Infantil e Livro Juvenil. O propósito é reconhecer especificamente a qualidade da narrativa visual.
• Melhor Texto de Literatura Infantil - A proposta é premiar a melhor narrativa textual, independente da ilustração e do projeto gráfico. Não se premia o livro como um todo, como nas categorias Livro Infantil e Livro Juvenil, mas, especificamente, a qualidade da narrativa escrita.

            Finalizando, o presidente da AEILIJ sugeriu que para as categorias dedicadas à análise da Literatura Infantil e da Literatura Juvenil, seja retomado o envio de exemplares físicos das obras na inscrição.

            Os presidentes, entendendo a importância  destas sugestões, acordaram que o presidente da CBL, Luís Antonio Torelli, e da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), Wander Soares - que desempenha a função de coordenador da Comissão do Prêmio Jabuti na CBL - serão portadores destas sugestões à próxima diretoria da CBL, responsável por convidar a próxima curadoria do Prêmio Jabuti.


Atenciosamente,
                                                                 
Luis Antonio Torelli                                                                   
Presidente - Câmara Brasileira do Livro

Wander Soares
Coordenador da Comissão do Prêmio Jabuti e Presidente da FNLIJ

Alexandre de Castro Gomes
Presidente da AEILIJ

http://www.aeilij.org.br/_artigos/carta_cooperacao_entidades_jabuti.pdf

terça-feira, 9 de outubro de 2018

BR: Prêmio AEILIJ 2018


A AEILIJ tem o prazer de anunciar o Prêmio AEILIJ 2018 de Literatura Infantil e Juvenil.

Serão avaliadas obras lançadas em 2017 e 2018, de autores associados e não associados. Os autores associados que  estiverem em dia com a anuidade estarão isentos da taxa de inscrição de 60 reais por obra.

Um corpo de jurados de notável conhecimento técnico-literário avaliará o melhor  texto infantil, o melhor texto juvenil e o melhor conjunto de ilustrações.

Os premiados receberão um troféu e um selo de excelência que poderá ser aplicado no livro.

Os associados da AEILIJ votarão nos três livros premiados e o que tiver mais votos receberá também o selo de Livro do Ano da AEILIJ.

As inscrições poderão ser realizadas entre os dias 10/10/18 e 10/01/19 e o resultado será divulgado no Dia do Livro Infantil, em 18 de abril de 2019.

O edital está disponível no site da AEILIJ:
www.aeilij.org.br/_artigos/premio_aeilij_2018.doc

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

PE: Nova Associada: Patrícia Vasconcellos

PATRÍCIA VASCONCELLOS

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Sempre adorei livros, livrarias, bibliotecas. Meus pais foram grandes contadores de histórias. Quando me tornei mãe colocava meus filhos para dormir com histórias, de boca ou dos livros, e esse era um ritual mágico. Até que um dia resolvi compartilhar com outras crianças as que inventava para eles. Os livros foram surgindo, resolvi criar uma editora (a Caleidoscópio), fui publicando, e, de repente, percebi-me escritora. Um encantamento no meu viver. 

2) Três livros seus para quem não te conhece.
Comecei com o "Trocando de lugar", ilustrado por Camila Cahú,  que conta a história de um passarinho que queria conhecer o fundo do mar e de um peixe que queria conhecer o céu; surge uma fadinha e vivem uma grande aventura.
"O rei poderoso", ilustrado por Eduardo Souza e Gabriela Araujo, conta a história de um rei muito ocupado, sempre resolvendo os problemas do seu reino e deixando de lado o que realmente importava para ele; esse vem acompanhado de um CD com audiodescrição, numa parceria com Liliana Tavares.
"Mala quadrada, cabeça quadrada" é o primeiro livro ilustrado que publicamos, uma história narrada por três autores: o texto é meu, as ilustrações são de Eduardo Souza, a diagramação é de Gabriela Araujo; projeto gráfico de Eduardo e Gabriela. Esse é o meu preferido no momento.
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Continuar escrevendo para crianças, publicando livros para crianças do mundo inteiro. No início de novembro teremos a publicação da coletânea de 19 escritoras brasileiras, Com os pés na terra, com ilustrações de Roberta Asse, numa intervenção linda de fotografia e desenho. Vamos lançá-lo no Mulherio das Letras, no Guarujá, Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Paris, Bruxelas, Recife e tantos outros cantos onde as autoras desejarem. E isso me deixa muito feliz por ver a literatura infantil brasileira se espalhando pelo mundo. Também estou reorganizando 14 histórias minhas em um único volume, numa edição mais retrô, capa dura, com possibilidades de tradução para o espanhol e o inglês. E estamos ajudando outras autoras a publicarem suas narrativas, com qualidade no objeto livro, inclusive na Eslovênia, com ilustrações em xilogravura. A Caleidoscópio tem um selo cartonera, a Maracajá Cartonera, e promovemos publicações (tenho um livro cartonera com capa de xilogravura do mestre J. Borges), oficinas de encadernação, emponderando grupos que ficam à margem para que a literatura seja encarada como um direito humano. Realizamos, anualmente, a Festa da Palavra, entre árvores, pássaros, na zona rural de Lagoa dos Gatos (PE), evento que foi selecionado para o Prêmio IPL-2017.  Para arrematar, o lançamento de uma Revista e a participação em festas e eventos literários (vamos fazer nossa primeira participação em Óbidos (Portugal), na FOLIO, e seguiremos para contações e lançamentos em livrarias que promovem a literatura da língua portuguesa.
Ufa!

Mais informações em 

Foto: Roberto Arrais

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

PR: Nova associada: Marcia Paganini Cavéquia

MARCIA PAGANINI CAVÉQUIA

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Produzo livros didáticos de língua portuguesa para crianças e jovens há 25 anos. Esse trabalho me “obrigou”, de maneira maravilhosa, a ler tudo o que existe de literatura infantil e infantojuvenil. Nos didáticos, escrevia, ocasionalmente, textos literários autorais (contos, recontos, poemas, cartas literárias...) e fui descobrindo meu estilo e me apaixonando cada vez mais pela escrita literária. O trabalho com os didáticos é muito árduo e toma muito do tempo do autor, inclusive tempo de vida pessoal. Por isso, apesar de muitos originais e ideias guardadas, em relação à literatura, viabilizar as obras sempre ficava para depois. Nos últimos três anos, tomei a decisão de batalhar para finalizar meus originais e publicá-los. 

2) Três livros seus para quem não te conhece.
Em 2016, lancei um e-book, Histórias bem-contadas (Madrepérola), em coautoria com Ricardo Dalai. Fizemos todo o projeto, com a colaboração de uma ilustradora (Cassia Naomi) e de um designer gráfico (Erick Lopes), pois todos nós queríamos aprender a fazer e-book do começo ao fim, assim como dominamos todo o processo dos didáticos e do livro impresso de modo geral. Também queríamos ver como seria a receptividade do público diante do livro digital. No momento, estamos fazendo uma nova edição dessa obra para lançá-la de forma impressa. Além dessa obra, acabo de lançar o livro ABC das coisas boas (Bambolê). Foi uma parceria incrível que fiz com a ilustradora Carla Pilla. Nessa obra, texto e imagem se complementam. Tenho trabalhado também com a edição de livros de literatura de outros autores para ajustá-los às exigências dos editais do PNLD literário. Esse trabalho é maravilhoso, muito produtivo, uma constante aprendizagem.
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Tenho outros três originais que estão em produção para serem lançados ainda esse ano ou no começo do próximo e, como disse, há muitos projetos para serem concretizados. Nos próximos cinco anos, pretendo formar um catálogo com uma quantidade relevante de títulos, primando sempre pela qualidade do texto e do projeto gráfico-editorial. Alguns de meus novos projetos são em parceira com outros autores. Também desejo investir em epub, áudio-livro e material audiovisual para complementar os livros. Minha formação é de autora e editora então minha cabeça não funciona apenas no original de autor. Não consigo pensar somente no texto, nas no design também. Por isso, prefiro as parcerias com editoras que me deem autonomia para sugerir ou opinar quanto ao projeto gráfico-editorial.  E, é claro, pretendo continuar o trabalho com os didáticos. Penso em produzir uma coleção de livros de educação literária para o Fundamental I e outra para o Fundamental II. Formar leitores deve ser um compromisso de todos nós, escritores, ilustradores, editores, professores...

Mais informações em 

Foto: Arquivo pessoal

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

BR: Chamada para o Anuário 2019


Prezado colega Aeilijiano:

Em breve começaremos a preparar o Anuário 2019 (produção 2018) da AEILIJ. 
Precisamos que envie as capas dos seus livros lançados em 2018 (somente livros que tenham 2018 em suas fichas técnicas!) para que a gente possa preparar o Anuário com calma. Por favor, não me peça para encaixar lançamentos anteriores.
Se puder deixar a capa com 950 pixels de altura, já ajudará um bocado.

Junto com a capa no tamanho informado, precisaremos de:
1) sinopse de até 500 caracteres (caso a capa seja horizontal ou quadrada, manter até 300 caracteres);
2) autoria de texto e ilustrações;
3) editora;
4) ISBN;
5) formato (tamanho em centímetros: largura x altura); e 
6) número de páginas.

Podem participar do Anuário os associados ativos e inativos. Mesmo quem estiver devendo anuidade(s), poderá ser incluído.
A entrega das capas e das informações deverá ser feita até o dia 15 de dezembro. 
O Anuário 2019 da AEILIJ sairá em janeiro de 2019 no formato de revista eletrônica no ISSUU. É possível imprimir depois.
Peço que envie o material para o meu hotmail em oalexgomes@hotmail.com.

Quem ainda tiver livro para lançar este ano, mas já tiver lançado outro(s), peço que adiante as capas e as informações dos que já foi lançado. Não espere para me enviar tudo junto, por favor.
Quem puder facilitar a minha vida, que já anda muito tumultuada, e não deixar para última hora, eu agradeço.

Um abraço e viva a LIJ!
Alex

quinta-feira, 26 de julho de 2018

RJ: Nova Associada: Cynthia Magnani

CYNTHIA MAGNANI

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Escrever sempre foi minha paixão, por isso escolhi o jornalismo como profissão. Aos 12 anos escrevi meu primeiro livro de poesias, mas nunca cheguei a publicá-lo. Com o nascimento da minha filha em 2017, nos EUA, decidi que escreveria para ela em português, para aguçar seu interesse pela leitura e manter seus laços com a cultura brasileira dos seus pais. 

2) Três livros seus para quem não te conhece.
“Um Novo Lar” (ABC Multicultural) é o primeiro livro lançado da série “As Aventuras do Gato Tico”. Os dois próximos livros já estão em fase de produção, em português e inglês, e deverão ser lançados este ano, 2017.
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Lançar mais títulos em português e inglês, ajudando a divulgar a cultura brasileira nos EUA e dando suporte para pais brasileiros de filhos nascidos no exterior que querem alfabetizar suas crianças também em português. Estes são os objetivos do projeto “Brazilian Tales”, que lancei em 2018. 

Mais informações em 

Foto: Vander Zulu

quinta-feira, 21 de junho de 2018

BR: Reunião com a CBL sobre o Jabuti

Amigos e associados da AEILIJ.

No último domingo, a AEILIJ enviou uma carta para a CBL (Câmara Brasileira do Livro) com nossas considerações sobre a atual edição do Jabuti e nos colocamos à disposição para, em conjunto, tentarmos chegar a uma solução que atendesse ao interesse de todos.
Na segunda-feira pela manhã, fomos contactados pela Sra. Fernanda Gomes Garcia, Conselheira Executiva da CBL, para marcar uma conversa no dia seguinte, aqui no Rio de Janeiro, com o Presidente da instituição, Luís Antonio Torelli.
O encontro ocorreu no fim da tarde. Entre os presentes da reunião estavam, além dos já citados Fernanda e Torelli, a Sandra Pina, ex-presidente da AEILIJ e atual conselheira, e eu, Alexandre de Castro Gomes, presidente da AEILIJ.
Conversamos muito sobre a polêmica envolvendo o Jabuti deste ano, sobre a importância da literatura infantil e juvenil na formação de leitores, sobre a participação do nosso segmento no mercado e sobre o difícil momento que não só a LIJ passa, mas também toda a indústria do livro. 
Concordamos que é interesse de todos nós fortalecer as instituições que defendem o livro e a leitura, e que podemos unir esforços para aprimorar as relações entre elas.
Em relação ao edital do Jabuti desse ano, nos foi explicado que há limitações legais que impedem alterações para esta edição. 
Estamos convictos de que a junção das categorias infantil e juvenil, assim como a transferência da ilustração para categoria técnica, foi um erro. Esse foi o motivo que nos levou a assinar uma carta com outros 360 autores, editores e amigos da leitura, pedindo a valorização da Literatura Infantil e Juvenil e mudanças no edital do Jabuti.
Ao constatar os impedimentos para alterações nessa edição, nossos esforços se voltaram para o ano que vem. A proposta de acordo veio do Torelli. Após consultar o Conselho da CBL e a FNLIJ, os presentes ao encontro redigiram a seguinte declaração a ser liberada e divulgada para quem se interessar:

Reconhecendo a importância da LIJ e da ilustração como narrativa literária, será elaborado, ainda na gestão atual, um documento de cooperação entre a CBL, a FNLIJ e a AEILIJ, visando o aprimoramento das categorias infantil, juvenil e ilustração e com a finalidade de orientar a elaboração do edital do Jabuti de 2019.

#cbl
#jabuti2018

terça-feira, 29 de maio de 2018

sexta-feira, 4 de maio de 2018

BA: Novo associado: Tom S. Figueiredo

TOM S. FIGUEIREDO

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
As histórias em quadrinhos estão lá no meu começo com a LIJ. Inicialmente como leitor, depois como roteirista profissional, integrando a equipe de Antonio Cedraz, o criador da Turma do Xaxado, com quem escrevi centenas de tiras, histórias em quadrinhos e livros ilustrados. De lá para cá, minha relação com o universo infantojuvenil se expandiu para outros veículos além do Livro, como o Teatro, o Cinema e a Televisão, sempre tendo em mente a ideia de escrever respeitando a inteligência da criança. Em 2017, finalmente lancei meu primeiro romance, “Bem-vinda assombração”.

2) Três livros seus para quem não te conhece.
O romance “Bem-vinda assombração” (2017), a minissérie em quadrinhos “Em terras americanas” (2015) e o livro ilustrado “A Moça-gorila e o Engolidor de Elefantes” (2013).
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Escrever as sequências de “Bem-vinda assombração”, mais dois romances que estão na fila e traduzir alguns desses. Ver a série de TV infantojuvenil que estou desenvolvendo com recursos da ANCINE produzida e exibida na TV brasileira e concluir o percurso do meu roteiro de longa-metragem “Pedro e a cobra-de-fogo” no mercado internacional.

Mais informações em www.assombrada.com.

Foto: Luciana Leitão

BR: Chamada para a entrega dos prêmios AEILIJ 2017

Estão todos convidados! Mais um momento bacana para batermos um papo e celebrarmos a literatura infantil e juvenil.

É daqui a 10 dias! Anotem na agenda!


quarta-feira, 18 de abril de 2018

BR: Vencedores do I Prêmio AEILIJ

É com imensa satisfação que anunciamos os ganhadores das três categorias do I Prêmio AEILIJ. 

Foi uma decisão apertada e muito difícil, que contou com grande dedicação dos nossos jurados, mas as borboletas pousaram em "Catarina e o lagarto", de Katia Gilaberte, "Esopo: Liberdade para as fábulas", de Luiz Antonio Aguiar, e "A alma secreta dos passarinhos", de Elisabeth Teixeira.

Parabéns!

A cerimônia de premiação ocorrerá em 14 de maio, na sede da AEILIJ no Rio de Janeiro, quando conheceremos o "Livro do Ano" de 2017.

Agora é com os associados!

Leiam e votem em um dos três para receber também o título de "Livro do Ano". Está em jogo todo o conjunto da obra. Temos 12 dias para a votação! O e-mail, para onde o voto deverá ser encaminhado, está na imagem.


Em tempo: Todos os associados podem votar. Não é necessário estar em dia com a anuidade.

domingo, 8 de abril de 2018

BR: Nota da AEILIJ sobre os editais do PNLD

Em relação aos novos editais do PNLD, pedi para a Anna Rennhack escrever um artigo que expresse a posição da AEILIJ. Segue abaixo:

Análise do novo Edital Literário 2018 MEC/FNDE/SEB

Como ponto negativo mais grave, a didatização da Literatura Infantil e Juvenil, atrelada a temas (quem não se lembra dos temas transversais?). A Literatura é livre e criativa. Exigir um manual para o professor com orientação para trabalhar a obra em sala de aula é um retrocesso de muitos anos.

O enquadramento das obras de literatura a temas pré-definidos (com apresentação de justificativa para os que não se enquadrem aos temas propostos) e a obrigatoriedade de serem acompanhadas por um Manual do Professor digital (para os anos iniciais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio (PNLD 2018 Literário) e para os anos finais do Ensino Fundamental (PNLD 2020), representa um retrocesso à leitura literária e à sua aplicação na sala de aula.
O Edital prevê a inclusão de informações, a nosso ver, didáticas, incluídas no próprio volume da obra literária, descaracterizando o que entendemos como obra literária e a liberdade temática e criativa inerentes à literatura.

“Cada obra literária inscrita deverá incluir, no próprio volume, informações paratextuais que: (1) contextualizem o autor e a obra; (2) motivem o estudante para leitura e (3) justifiquem a correspondência entre a obra, a categoria, o(s) temas(s) e o gênero literário, exceto para as obras da educação infantil.
As informações paratextuais são critérios de avaliação das obras dos anos iniciais do ensino fundamental e do ensino médio." (PNLD 2018 Literário - 4.20 e 4.20.1 – p.5)

Quanto à elaboração do Manual do Professor para as obras literárias, entendemos, pelo exposto no referido Edital, que não se coaduna ao aspecto libertário e criativo que a literatura reflete.
Lembramos texto escrito pela educadora mineira Maria Antonieta Cunha, à época dos Temas Transversais, que afirmava que, ao enquadrarmos os livros de literatura infantil e juvenil aos parâmetros curriculares e a este ou aquele tema transversal, muitas vezes deixávamos de perceber aspectos muito mais ricos trazidos na própria obra.

Inicialmente o Edital afirma que o Manual é parte integrante da aquisição das obras literárias, conforme especificações adicionais, e deverá ter tamanho máximo de 4,5 GB e ser disposto em um único DVD. Além disso, deverá estar em consonância, conforme o caso (sic), com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) ou as Diretrizes e Orientações Curriculares para o Ensino Médio e ser composto por:
I – Material de apoio (em pdf) com informações que:
1. contextualizem o autor e a obra;
2. motivem o estudante para leitura/escuta;
3. justifiquem a pertença da obra aos seus respectivos temas, categoria e gênero literário;
4. incluam subsídios, orientações e propostas de atividades para a abordagem da obra literária com os estudantes.
II – Material de apoio (em pdf) com orientações para as aulas de língua portuguesa (ou inglesa, conforme o idioma da obra inscrita) que preparem os estudantes antes da leitura das respectivas obras (material de apoio pré-leitura), assim como a retomada e problematização das mesmas (material de apoio pós-leitura).
III – Material de apoio (em pdf) com orientações gerais para aulas de outros componentes ou áreas para a utilização de temas e conteúdos presentes na obra, com vistas a uma abordagem interdisciplinar.
IV – Material audiovisual tutorial/vídeo-aula facultativo – que ofereça aos professores informações que:
1. contextualizem o autor e a obra;
2. motivem o estudante para leitura
3. justifiquem a pertença da obra aos seus respectivos temas, categoria e gênero literário;
4. incluam subsídios, orientações e propostas de atividades para a abordagem da obra literária com os estudantes.
Por ser facultativo, o material audiovisual não é critério para aprovação ou reprovação da obra. A disponibilização desse material é condicionada à avaliação pedagógica e, sendo considerado pertinente, será destacado no Guia do PNLD que a obra dispõe no Manual do Professor de tal recurso.

Nas obras destinadas à Educação Infantil o Manual deverá estar em consonância com a BNCC e incluindo apenas os item I e II acima expostos.
Os Anexos II e III apresentam as características técnicas (formato, papel etc) e os critérios para a avaliação das obras literárias, ancorada em quatro dimensões:
1. Qualidade do texto;
2. Adequação de categoria, de tema e de gênero literário;
3. Projeto gráfico-editorial
4. Qualidade do manual do professor digital.
Para o PNLD Literário 2018, estão previstas seis Categorias, descritas em quadros com Temas e Enfoque da Obra.

Fica claro que autores e editores, para se adequarem às exigências do Edital, vão precisar trabalhar com equipes pedagógicas e multidisciplinares para a confecção dos manuais referentes aos livros de literatura infantil e juvenil, enquadrando suas obras às Categorias propostas pelo MEC e à BNCC. 
Bem longe da forma simplista apresentada na audiência do MEC que tratou do PNLD Literário, a complexidade da elaboração de atividades pré e pós-leitura e de interdisciplinaridade exigem conhecimentos didáticos, motivacionais e curriculares. O mesmo acontece para a preparação do material audiovisual facultativo, que apesar de não ser obrigatório, certamente contará pontos positivos para a avaliação da obra.

O saudoso autor Bartolomeu Campos de Queirós sempre destacou a promoção da leitura literária como instrumento de aquisição da cidadania (Movimento por um Brasil Literário), ao mesmo tempo em que reafirmava a liberdade da literatura. Seria bom que o MEC considerasse a afirmativa do Bartô, deixando a literatura livre e não a enquadrando em esquemas limitantes.
“...o que a escola pretende é menor do que a arte possibilita. A escola empobrece a literatura quando interrompe o voo permitido por ela em detrimento da formalização.” 
(In: Bartolomeu Campos de Queirós – Uma inquietude encantadora. Org. ABL – Associação de Leitura do Brasil – FNLIJ. São Paulo: Moderna, 2012, p. 77)

Uma última palavra, o professor não é um indivíduo tutelado, limitado em sua iniciativa e criação, prisioneiro de manuais e planos. 
Conhecedor de seus alunos e possibilidades, amplia as perspectivas e propõe novas oportunidades para crianças e jovens a quem se dedica. Se isso não ocorre, há que se propor novos cursos, treinamento, embasamento para o desempenho da sua função, e não alterar a proposta máxima da literatura e enquadrá-la em situações limitantes.

É desumano o pássaro preso na gaiola. Ele é livre!
Liberdade é a palavra base da Literatura.

AEILIJ // Anna Rennhack

SP: Nova associada: Fabiana Gutierrez

FABIANA GUTIERREZ

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Sempre gostei muito de ler e escrever mas não imaginava que um dia poderia me tornar escritora. Através do trabalho que desenvolvemos em Carlotas, passei a escrever diversos contos e perfis de personagens e, a partir daí, pensar em histórias mais extensas. Clara nasceu em 2015 mas ficou na gaveta por dois anos até encontrarmos uma editora que entendesse a proposta e a abrangência que os personagens de Carlotas têm. Clara Cabelo Laranja é o primeiro e já tenho outros prontos para lançar.

2) Três livros seus para quem não te conhece.
"Clara Cabelo Laranja" (Cria Editora) é o primeiro que lancei em dezembro de 2017.
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Quero lançar diversos outros livros que ajudem nas reflexões sobre Diversidade, Respeito e Empatia, que é a missão de Carlotas. Trazer a literatura como parte dessa conversa é importante, não apenas para ajudar a ampliar o diálogo sobre esses temas, mas para reforçar a importância da educação na transformação social do país. 

Mais informações em 

Foto: Anne Kaiser

segunda-feira, 26 de março de 2018

RJ: AEILIJ na FLIST 2018


AEILIJ na FLIST 2018

Sábado, dia 14:
15h: Performance de ilustração de Luciana Nabuco
Local: Túnel Literário
Público: crianças, adolescentes e adultos

Domingo, dia 15:
10h: A importância das antologias literárias para autores e leitores (roda de debate e autógrafos de livros)
Com os convidados Antonella Catinari, Fabio Maciel, Luiz Antonio Aguiar, Maria Elaine Altoe, Rosa Amanda Strausz e Sandra Ronca
Local: Galeria das Ruínas
Público: adultos
15h: Performance de ilustração de Sandra Ronca
Local: Túnel Literário
Público: crianças, adolescentes e adultos

quarta-feira, 21 de março de 2018

RJ: Nova associada: Agláia Tavares

AGLÁIA TAVARES

1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Sou jornalista e trabalho como tal no IBGE há 16 anos. Como tenho filhos, conheci de perto a literatura infantil desde que meus gêmeos (hoje com 9 anos) estavam na barriga. Lia desde que eram bebês no ventre. E sempre li, depois que nasceram. Até que comecei do nada a escrever e me lancei no mundo dos escritores. Hoje tenho um livro lançado em 15 de dezembro de 2017 e outro no forno, prestes a ser lançado, agora em abril.

2) Três livros seus para quem não te conhece.
Só tenho um lançado: "Bela e o menino manchado" (Inverso). O outro será "O vovô da Lalá", sobre depressão.
  
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Continuar no IBGE, onde também escrevo, e continuar lançando livros. Tenho 12 originais já escritos e prontos para serem publicados. 


Mais informações em 


Foto: Arquivo pessoal

terça-feira, 20 de março de 2018

BR: Finalistas do I Prêmio AEILIJ de Literatura Infantil e Juvenil

Foi difícil chegar nos quinze finalistas do I Prêmio AEILIJ de Literatura Infantil e Juvenil. Foram três meses de leituras intensas, trocas de mensagens, avaliações dos quesitos do edital e reuniões presenciais para, enfim, fechar a relação dos livros que receberão os selos da lagarta e da borboleta.


Após a seleção dos finalistas, era necessário escrever resenhas para cada livro premiado. Os jurados decidiram que cada um resenharia uma categoria. Anna Rennhack, autora associada, editora e agente literária, escreveu sobre os finalistas em texto literário infantil. Marisa Borba, pedagoga e membro do Conselho diretor da FNLIJ, resenhou os textos de literatura juvenil. Maurício Veneza, escritor, ilustrador e ex-vice-presidente da AEILIJ, assinou as resenhas dos livros julgados pelo conjunto de ilustrações.

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Finalistas de Texto Literário Infantil


CATARINA E O LAGARTO
Texto de Kátia Gilaberte
All Print Editora – 2016
Resenha de Anna Rennhack

A menina Catarina tem um bichinho de estimação bem diferente. Um lagarto (que a avó chama de calango) que se comunica com ela em sonhos. Aniceto, o lagarto, conta que veio do outro lado do mar, em uma caixa de papelão e que vivia no jardim e nos sonhos de outra menina, Tchissola.
Curiosa, Catarina pergunta a sua avó sobre o que existe do outro lado do mar. Vó Bela fala sobre a África e os escravos que de lá vieram. A menina fica muito curiosa para descobrir mais coisas.
Um dia, Catarina percebe que Aniceto está muito agitado e o segue percorrendo as ruas. Chegam à beira da praia e encontram em uma casa humilde, ainda não terminada, uma família que veio do outro lado do mar, da África, de um lugar chamado Angola, Laurinda e os filhos, Carlos e a pequena Ana.  Apesar de estranhar a maneira diferente como falam, logo se tornam amigos e passam a conviver com a menina e a avó.
No dia do aniversário de sete anos, a mãe de Catarina, Rosa, vem da cidade para a festa e encontra os novos amigos angolanos na comemoração. As crianças riem e se divertem.
Após a festa, irritada, Rosa questiona a mãe pela convivência da menina com os amigos e afirma que deixou Catarina aos cuidados dela para poder trabalhar melhor na cidade e proporcionar à menina melhores condições de vida. Os novos amigos são imigrantes africanos,  possuem uma cultura estranha e podem até ter trazido alguma doença.
Vó Bela ouve o esbravejar da filha e busca uma caixa antiga, cuidadosamente guardada. Retira, devagar, uma foto  e revela à filha que sua mãe era uma linda negra angolana por quem o pai, português, se apaixonou, ao trabalhar na África. Impedido, na época, de casar-se em Portugal pelo preconceito da família, veio para o Brasil. Obrigado à retornar, aqui deixou a esposa e a filhinha, Ombela – que significa chuva na sua língua natal.
Catarina encantou-se com a história. – Então minha bisavó era africana? 
No dia seguinte, Rosa retorna à cidade e vó Bela a abraça recomendando que nunca se envergonhe de suas raízes.
Ao chegar da escola, Catarina pede a avó para rever a caixa de recordações. No fundo da caixa encontra uma foto antiga da bisavó sentada no chão, encostada em uma árvore. A menina descobre, agarrado ao tronco, um lagarto bem parecido com Aniceto. A legenda no verso surpreende a menina: ”Tchissola na casa de Huambo. 1946”.
Deliciosa história, perfeita para abordar costumes, tradições, preconceitos, histórias antigas, amizade, imigrantes e o recomeçar em terras estranhas,  com hábitos e costumes diferentes.
A cuidadosa edição com as ilustrações repletas de cores e sentimentos de Bruna Assis Brasil acompanham a sensibilidade do texto.


O GUARDIÃO DA FLORESTA E OUTRAS
HISTÓRIAS QUE VOCÊ JÁ CONHECE
Texto de Heloisa Prieto
Brinque-Book – 2017
Resenha de Anna Rennhack

Que cada conto seja lido como uma espécie de álibi para a invenção de novos contos, para a inclusão na longa, eterna e infinita roda de histórias. O jogo mais antigo do mundo. (Heloisa Prieto)
Heloisa Prieto nos surpreende de maneira criativa e motivadora.
Com a presença do Guardião da Floresta como elemento de união entre as histórias, tudo se transforma e possibilita a releitura dos contos de fadas tradicionais sob a ótica do companheirismo, cooperação e participação.
Os personagens não perdem as características originais – o lobo ainda sente vontade de comer umas costeletinhas ou mesmo a avó e Chapeuzinho Vermelho. Como afirma o Guardião, “um lobo é sempre um lobo”. Mas, com ponderação e bons argumentos, acaba por aceitar a convivência pacífica com os filhos da sua melhor amiga: a mãe dos três porquinhos!
Em João e Maria, além do resgate de crianças enfeitiçadas pela bruxa – bela e simpática –, Maria tem a ideia de deixar sua bonequinha de presente para a malvada e justifica os feitiços pela solidão vivida por ela na floresta, sem amigos, sem companhia.
Contos tradicionais, Chapeuzinho Vermelho, João e Maria, Os Três Porquinhos, O Gato de Botas, A Sereiazinha e João e o Pé de Feijão são recontados de maneira a estimular os pequenos leitores a criar novas narrativas com adaptações peculiares. Afinal, quem nos garante que o chapéu da menina era vermelho? Eu prefiro azul! 
Edição cuidadosa, enfeitada pelas ilustrações de Laurabeatriz, repletas de cor e de elementos que enriquecem as invenções das histórias recontadas.


O PRESENTE DE  JAXY JATERÊ
Texto de Olívio Jekupe
Texto em guarani de Werá Jeguaka Mirim
Panda Books – 2017
Resenha de Anna Rennhack

Narrativa indígena bilíngue (português/guarani) que proporciona aos jovens leitores o contato com os mitos e a língua dos primeiros povos do Brasil.
Lenda indígena que se propagou entre os escravos como o mito do Saci Pererê, a obra apresenta o personagem mágico Jaxy Jaterê, protetor da floresta e dos animais. 
A índia guarani Kerexu conhece os poderes do ente fantástico Jaxy Jaterê e não sabe como encontrá-lo para fazer-lhe um pedido. Orientada pela prima Jaxuká, conseguiu as oferendas de agrado de Jaxy e as deixou em um lugar da floresta, para atraí-lo.
No dia seguinte, ao chegar ao local, a índia sentiu a presença de Jaxy, que lhe diz que não tenha medo e faça o seu pedido. Kerexu contou então que todos gostavam muito de milho colorido, mas a terra era ruim e a planta não vingava. Jaxy Jaterê disse-lhe que podia confiar que ela teria o milho na quantidade que quisesse.
Kerexu regressa encontra um pé de milho colorido ao lado de casa. Porém, era apenas uma espiga e ela fica irritada, uma só espiga não dava para nada! Decepcionada, arranca a espiga e imediatamente outra surge, e assim sucessivamente – cada  espiga arrancada, outra surgia. Kerexu compreende que o milho colorido não iria mais faltar. Jaxy Jaterê atendeu ao seu pedido!
Além de apresentar a lenda, a obra propicia o contato com aspectos da cultura guarani e o seu modo de vida.
O texto em guarani cria oportunidade de aproximar o leitor com a língua indígena e foi vertido pelo filho do autor. Os autores vivem na aldeia Krukutu, em São Paulo.
As ilustrações  – de traçado simples e bem coloridas –, apresentam um pouco do modo de vida guarani, enriquecendo a narrativa.


TIO FLORES: UMA HISTÓRIA ÀS
MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO
Texto e ilustrações de Eymard Toledo
V&R – 2016
Resenha de Anna Rennhack

Edinho quer ser costureiro como o Tio Flores. Mas antes ele precisa conhecer os fios que unem o passado ao presente. Inspirada em histórias reais vividas na região do Rio São Francisco, Eymard Toledo propõe uma reflexão sobre os descaminhos que podem ser trilhados em nome do progresso. Um delicado conto tecido nos afluentes da memória. (V & R)
Tio Flores vive em uma pequena comunidade, às margens do Rio São Francisco. Conhecido costureiro, suas roupas com padronagens alegres enfeitavam as festas e comemorações do lugarejo.
Mas, de repente, as coisas foram mudando. A instalação de uma fábrica, alterou completamente a vida no local. Com o rio poluído pelos dejetos da fábrica, os pescadores viram os peixes escassear. As lavadeiras não lavam mais suas roupas nas margens do rio de águas turvas.
Tio Flores viu, momentaneamente o trabalho crescer com a encomenda de muitos uniformes cinzentos para os funcionários da fábrica.
Edinho, pequeno ajudante do costureiro, conversa com o tio sobre um tempo antigo, com o rio com águas claras e apenas um pequeno povoado que vivia da pesca. Tio Flores sente a grande diferença. Agora, até a confecção dos uniformes, seu ganha pão, foi suspensa, substituída pela importação mais barata.
Edinho afirma ao tio que quer ser como ele, fazendo roupas alegres para os moradores do povoado, hoje tão diferente.
O menino recolhe retalhos coloridos guardados e dá a ideia para o tio fazer cortinas, para enfeitar as casas agora poeirentas.
A ideia dá certo. Na Praça Central as cortinas são expostas e logo a primeira encomenda enfeita o carrinho de pipoca de D. Dita, espalhando a novidade. As encomendas aumentam e as pessoas enfeitam e até pintam suas casas.
Tio Flores recomeça o trabalho com novos pedidos de roupas novas para e comemorações. Ele ensina a Edinho que seu segredo para o sucesso no trabalho é sempre receber as pessoas com um bom cafezinho, uma broa gostosa e escutar o que elas têm para contar.
Hoje, quem diariamente senta-se à máquina de costura é o Edinho. Tio Flores já não enxerga tão bem, mas está feliz pelo sobrinho ter seguido os seus passos. Ainda é ele quem recebe os clientes, sempre com um cafezinho, a broa de milho e uma boa e longa prosa.
Uma obra com edição cuidadosa e lindamente ilustrada pela autora. Suscita debates e levantamento de inúmeras questões pelos temas apresentados de forma simples e do ponto de vista dos moradores ribeirinhos, como a poluição, a modernização e a valorização do trabalho artesanal.  


UM ABRAÇO PASSO A PASSO
Texto de Tino Freitas
Panda Books – 2016
Resenha de Anna Rennhack

Em Um abraço passo a passo, as crianças embarcam na aventura de um bebê que está aprendendo a andar. O texto apresenta uma linguagem simples, composta por palavras do cotidiano das crianças, com números, animais e membros da família. (Panda Books)
O bebê começa a andar, cambaleante, seguindo a brincadeira infantil, “quantos passos? De formiga ou de elefante?”. Seu desenvolvimento é acompanhado, a cada conquista, pelos “vivas” da família e, finalmente, ele caminha e é afetuosamente recompensado.
Deliciosa brincadeira de vida!
Já são conhecidos os efeitos da leitura e manuseio de livros infantis sobre as crianças pequenas. O fascínio pelas histórias, repetidas à exaustão, o encantamento pelas cores vivas e desenhos facilmente identificados pelos pequenos.
Em Um abraço passo a passo, o autor usa a brincadeira, o lúdico, para atrair os que se iniciam na alfabetização, empregando rimas e situações divertidas.As ilustrações acompanham a brincadeira, além de fornecer, subliminarmente, informações adicionais que complementam o texto.
O cuidado editorial proporciona o manuseio resistente e também serve de atração para a obra.


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Finalistas de Texto Literário Juvenil


E EU, SÓ UMA PEDRA
Texto de Helton Pereira
Cepe Editora - 2016
Resenha de Marisa Borba

O livro “E eu, só uma pedra”, de Helton Pereira foi vencedor na categoria infanto-juvenil do I Prêmio CEPE Nacional de Literatura 2015. Publicado em 2016 pela Companhia Editora de Pernambuco-CEPE, recebeu imagens do ilustrador e artista gráfico Cau Gomes, resultando num bem cuidado objeto-livro, impresso a quatro cores em papel Couchê fosco e capa em Cartão Supremo. 
O leitor, com certeza se enredará nessa trama, atraído, provavelmente por seu instigante título. Encontrará então, uma protagonista singular, a Pedra, com suas emoções e comportamentos humanos. Pedra é uma personagem que foge aos clichês encontrados em outras histórias, pois “ficava fascinada com cada palavra que aprendia a ouvir” e sonhava, como todas as outras, com o depois do horizonte.
Pedra não queria ser, para sempre, apenas uma pedra esquecida no caminho.
O autor se apropria de diferentes referências literárias e coloca Carlos Drummond de Andrade em seu caminho, pois “quem tinha tropeçado nela era um homem alto e magro, careca e de óculos.”
“E ele gostava muito de escrever sobre a Pedra que ele tinha encontrado no caminho.” Mas Pedra seguiu outros caminhos e foi parar nas mãos de uma mulher de olhos verdes chamada Cecília, com quem aprendeu rimas e ritmos e ouviu poesias bonitas sobre a vida.
Com muita criatividade, o autor aposta na fantasia e na invenção e com ousadia intelectual passeia por outras referências literárias e discorre sobre pedras-peso de papel, pedra angular, pedras de piso.
O estilo leve de Helton Pereira nos fala da Pedra que recitava versos de Cecília. Pedra que ouvia histórias de Raquel. Pedra que aprendeu palavras com Carlos. Pedra que conheceu Paulo...Mas, “Paulo não era rei, pois o tempo dos reis já tinha passado, somente os castelos tinham ficado”.
As imagens de Cau Gomes, em folhas inteiras ou páginas duplas são arrebatadoras e dialogam com o belo texto.
Nesse sentido, pela inventividade do texto, pela bela homenagem aos artistas da palavra, pelo respeito à fantasia do leitor, pelo projeto gráfico cuidadoso, essa obra merece estar entre os cinco finalistas do Concurso da AEILJ de 2018, pois:
Os humanos é que são escritores, poetas. Eles criam estas palavras, eu só as repito. Eles são artistas, e eu, só uma pedra.


ESOPO: LIBERDADE PARA AS FÁBULAS
Texto de Luiz Antonio Aguiar
Escarlate - 2017
Resenha de Marisa Borba

Esopo teria nascido no Século VII A.C. ou no início do Século VI A.C., provavelmente na Trácia e morreu em Delfos, executado injustamente segundo Heródoto. A ele é atribuído um conjunto de histórias pequenas, curtas, onde os animais desempenhavam papeis que faziam sentido do ponto de vista moral. Eram histórias de tradição oral e só foram escritas, registradas cerca de duzentos anos depois.
Esopo inspirou, como sabemos também, muitos poetas medievais e também o escritor e fabulista francês Jean de La Fontaine (1621-1695).
Mas a vida de Esopo é feita de muitas histórias, que com certeza dariam muitos livros. Ele foi escravo de lavoura no interior da Ásia Menor, depois escravo doméstico de um filósofo na Ilha de Samos, até que finalmente ganhou ou conquistou sua liberdade. O uso da palavra pública em auditórios e assembleias (só possível com a liberdade) fez seu mundo geográfico aumentar.
É importante mencionar que Esopo possuía um físico disforme para os padrões de beleza da época. E também alguma deficiência. Inicialmente mudo, possuía uma inteligência cáustica, demonstrada no episódio dos figos, quando ainda garoto, franzino, corcunda e tímido e vivia na casa de Ladmon. Acusado de ter comido os belos figos dados ao patrão, ele, gago e nervoso, não conseguiu se defender. E vomitou para provar que não havia ingerido as frutas. Invejoso, Agathópodes teve que fazer a mesma coisa. Luiz Antonio Aguiar revela ao leitor:
-“Já o senhor da casa passou a reconhecer em Esopo uma grande inteligência. Admirava-o ainda mais a cada dia. Não que a vida do garoto escravo tivesse se alterado muito...”
Mais tarde, já falante, comprova como palavras, ao contrário da experiência com os figos, podem valer como gestos. Assim, o que ele faz é contar histórias, ao invés da dar lições, aconselhar ou reprimir.
Luiz Antonio Aguiar reuniu algumas destas histórias de Esopo, num livro que na realidade são dois. Uma parte é composta de vinte e uma fábulas, algumas bem conhecidas como O lobo e o cordeiro, A cigarra e a formiga ou O coelho e a tartaruga. Outras não muito presentes em nosso livros como Pescador de  águas turvas ou Penas de águia.
O leitor mais atento perceberá como a fábula pode contaminar a vida e  também como, dialeticamente, a vida pode ser contaminada pelas fábulas.
Uma outra parte do livro, visualmente diferenciada pelo tipo de letra e  outro papel traz informações sobre a vida de Esopo.
Se as fábulas são conhecidas, o que sabemos sobre a vida de Esopo?
Luiz Antonio Aguiar, de forma original, procura responder a esta indagação.
Com uma escrita fluida e clara, paralelamente à narrativa de suas fábulas, o autor procura jogar uma luz neste tão intrigante fabulista, um personagem mesmo, e sua tão enigmática vida.
As ilustrações de Márcia Széliga, em duas cores, com personagens usando máscaras do teatro grego ajudam a intercalar e criar paralelos entre algumas fábulas e a história de vida de Esopo.
Pela sua originalidade um livro certamente merecedor de figurar entre os cinco finalistas do Concurso AEILIJ na categoria Juvenil.


OS FILHOS DO DESERTO COMBATEM NA SOLIDÃO
Texto de Lourenço Cazarré.
Cepe Editora - 2017
Resenha de Marisa Borba

Numa entrevista no Canal Futura, o autor Lourenço Cazarré declarou:
“Meu objetivo como escritor juvenil é provar para um garoto de doze anos que se ele atravessa um livro de cem páginas, ele lê e não morre”.
Assim o autor foi nesta busca construindo sua carreira, ganhando leitores e prêmios, entre eles o Jabuti em 1998 (categoria infantojuvenil) com Nadando contra a morte que também ganhou o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Os filhos do deserto combatem na escuridão foi vencedor da categoria infanto-juvenil no 2º Prêmio Cepe Nacional de Literatura de 2016, sendo publicado em 2017.
Dos versos do poema Navio Negreiro, de Castro Alves vem a inspiração para o título, pois...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...
Navio Negreiro, Castro Alves.
Nesta obra o escritor gaúcho narra as aventuras do menino Kandimba, desde que é capturado e feito escravo em África, até sua chegada ao Brasil, já rapaz e enamorado de Diara.
Kandimba é um garoto esperto, curioso e faz desde sempre muitas perguntas. Ávido por aprender, pergunta e pergunta. Mete-se em muitas aventuras e peripécias enfrentando muitos perigos e acaba se tornando líder da libertação de seus companheiros.
Escutando o velho Mgongo aprendeu palavras em quatro idiomas. Morando com a rica portuguesa Dona Joana aprendeu a ler e a apreciar a poesia de Camões e se deslumbrou com os versos de “Os Lusíadas”, pois disse ele:
-“Aquilo era pura música, com as palavras substituindo tambores e chocalhos!”
No convento dos franciscanos, cuidando de Paizinho Coração, leu a Bíblia e aprendeu que “a dor de um homem deve ser sentida por toda a humanidade...” 
Assim, Lourenço Cazarré faz qualquer leitor (e não só os de doze anos) atravessar estas cento e cinquenta e sete páginas e não só não morrer, mas essencialmente renascer. Renascer para revisitar este capítulo da história brasileira sentindo a dor destes homens.
Lourenço Cazarré usa uma linguagem ágil e envolvente, às vezes com traços de humor para nos contar esta saga.
As imagens de Luísa Vasconcelos, aliadas à diagramação dos curtos capítulos contribuem para a fruição estética do leitor.
Como Mortezinha que segurou o leme da embarcação ao final de modo que o navio oferecesse toda a extensão de seu costado ao mar furioso, o autor oferece toda sua arte em favor da leitura literária e do pensamento reflexivo.


ROSA
Texto e ilustrações de Odilon Moraes.
Olho de Vidro - 2017
Resenha de Marisa Borba

Na história de Odilon de Moraes o menino “Vai se chamar Rosa. Rosa, só Rosa, mais nada. Rosa, igual nome de flor.”
Rosa, como João Guimarães Rosa.
Quem é o leitor de Rosa, de Odilon Moraes, que traz um personagem menino com nome de flor?
Será preciso desconstruir uma série de conceitos, abandonar preocupações com conteúdos ou quantidade de texto, com formas ou temas ao nos depararmos com Rosa.
Será preciso não pensar em faixas etárias ao ter em mãos o livro Rosa.
Será preciso apenas aceitar o convite que Odilon Moraes nos faz para esta fruição estética. Um convite a ver com olhos desacostumados, olhos de Miguilim.
Olhos desacostumados que perceberão a importância da capa a preparar para a entrada no rio-livro; cada par de páginas traz um movimento simultâneo de ida e volta.
O desencontro entre o tempo da imagem e do texto deixa a sensação de ida de uma margem à outra, oscilante, para alcançar a terceira margem do rio.
Páginas quase vazias trazem silêncios profundos.
Páginas completamente preenchidas por traços ágeis pedem uma observação mais demorada. Pedem calma...
Odilon de Moraes, escritor e ilustrador, duas vezes vencedor do prêmio Jabuti (pelas ilustrações de A saga de Siegfried e O matador) e ganhador também do prêmio FNLIJ- o melhor livro para crianças (A princesa medrosa e Pedro e lua) conhece bem a importância da subjetividade da escrita literária, por isso faz um texto enxuto, onde predomina o não-dito.
Com referências ao universo de João Guimarães Rosa, o livro Rosa poderia ser uma continuação do conto “A terceira margem do rio”, de onde pega emprestada a epígrafe:
“Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?”
Ou poderia ser uma introdução à obra deste grande autor.
Seria a primeira imagem uma alusão à estação de trem do conto  Sorôco?
Odilon de Moraes reescreve também:
-“Rio abaixo, rio afora, rio adentro...”
E assim vai o leitor adentrando devagarinho no universo de Guimarães Rosa, pela escrita de Odilon de Moraes.
Com muito prazer!


TODO MUNDO É MISTURADO
Texto de Beth Cardoso
Escarlate - 2016
Resenha de Marisa Borba

- Por que ele veio morar em São Paulo?
- Como é morar na Bolívia?
- E sua família, vive com ele?
Estas são questões que a curiosa Júlia quer responder sobre Pablo, o novo colega de classe.
O movimento de aproximação de Júlia não encontra eco em outros alunos da turma ou do colégio, que riem de Pablo e estranham seu modo de falar.
Mas Pablo e Júlia encontram muitas afinidades, em meio a conversas em que esclarecem mal entendidos por conta dos significados das palavras em espanhol e em português.
Um conflito surgido entre alunos e meninos bolivianos que não estão na escola, quase provoca a expulsão de Pablo. 
Aos poucos Júlia vai se aproximando da família de Pablo e começa a conhecer um pouco da cultura tão rica deste país.
Os encontros e desencontros destes jovens vão se trançando até que um criativo e desafiador trabalho escolar, a apresentação da árvore geográfica da família de cada aluno, mobiliza a turma em torno da origem de cada um. Assim, procuram saber de onde vieram seus pais, mães, avós, bisavós, tataravós, por que razões saíram de seus países, que outros espaços geográficos conheceram. Os alunos teriam liberdade para criar, levar objetos, mapas, roupas e ao final haveria uma apresentação individual.
A escrita delicada e bem humorada de Beth Cardoso nos apresenta o universo de jovens e seus conflitos, com uma protagonista que quer resolver, sozinha, situações, complexas e muitas vezes se vê em confusões.
O texto agradável e leve de Todo mundo é misturado abordando a questão do respeito às diferenças, com certeza, agradará a leitores de diferentes idades.


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Finalistas de Conjunto de Ilustrações


A ALMA SECRETA DOS PASSARINHOS
Ilustrações de Elisabeth Teixeira
Olho de Vidro – 2017
Resenha de Maurício Veneza

A alma secreta dos passarinhos é um livro que se destaca pela delicadeza. A história do menino que, baseado em coisas que ouviu, intui profundos mistérios em coisas simples e cotidianas é tratada de forma sutil e delicada. Igualmente delicadas e sutis são as imagens criadas por Elisabeth Teixeira. As ilustrações, pintadas com aquarela, em que as transparências permitem vislumbrar a textura do papel, também são carregadas de suavidade. Aqui se percebe toda a experiência e o domínio da artista sobre seu meio de expressão.
O menino, sem nome e sem antecedentes, é o único elemento humano visível no livro. Nota-se nas imagens a presença de outros elementos que não estão  explicitamente mencionados ou sugeridos no texto (a bicicleta, o descampado) e que talvez nem sequer tenham ocorrido ao escritor, mas que estão perfeitamente integrados, contribuindo com a narrativa e constituindo um conjunto equilibrado e agradável à vista.
Todas as imagens são de página dupla, exceto a vinheta final, que, de certa forma, complementa a ilustração que a antecedeu, fechando brilhantemente a sequência.


ESOPO: LIBERDADE PARA AS FÁBULAS
Ilustrações de Márcia Széliga
Escarlate – 2017
Resenha de Maurício Veneza

As inquietantes ilustrações de Márcia Széliga feitas para o texto Esopo: liberdade para as fábulas, de Luiz Antonio Aguiar, cumprem com perfeição o objetivo de não apenas corroborar mas também ampliar o sentido do texto. Para concretizar este propósito, valeu-se a artista da aplicação de um conceito bastante inusitado: se, nas fábulas atribuídas a Esopo, as ações dos animais são alegorias do comportamento humano, por que não trazer o ser humano para as imagens, interpretando as ações dos animais? Assim, diferentemente de dezenas de interpretações anteriores, Márcia traz à cena pessoas (atores?), que, usando túnicas e máscaras do teatro grego, exercem o papel dos animais das fábulas. Mas a originalidade da abordagem não se detém aí. Há uma fusão de elementos, até mesmo na própria anatomia, um ir e vir de formas, que torna bastante tênue e difusa a linha que separa o que é humano do que é animal, o que é intérprete do que é personagem.
A ilustradora trabalhou com apreciável economia de cores, o que é bastante pertinente, já que as imagens manteriam sua força, mesmo que a impressão fosse monocromática. Como resultado, temos nas imagens (do mesmo modo que no texto) um enfoque dos mais originais já vistos sobre um tema tão sobejamente conhecido.


MARINELA
Texto e ilustrações de Luciana Grether
Zit - 2017
Resenha de Maurício Veneza

Em seu livro de estreia com texto próprio, a ilustradora Luciana Grether nos traz a história de Marinela, menina sertaneja que, de acordo com a tradição da família, é educada para a espera de um improvável príncipe encantado. Mas ela se recusa a esperar passivamente: vive cada momento com a intensidade que lhe é possível. As imagens mostram a passagem do tempo, os diferentes momentos da vida de Marinela, e nelas é predominante a presença feminina. Há uma tia, uma avó, rendeiras, bordadeiras e lavadeiras, mas não há um tio ou um avô, um passante sequer, na maioria das imagens. Após a página 5, em que aparecem meninas e meninos brincando, somente na página 27, quase ao final, volta a surgir outra figura masculina.
Em todas as cenas, sejam as que retratam a diversão ou as que mostram os afazeres do dia a dia, a preponderância das cores quentes é absoluta: as ilustrações, feitas com aquarela, têm um clima de permanente verão. Laranjas, vermelhos, amarelos e marrons dominam todas as páginas (esta condição se estende até mesmo à tipologia e à roupa usada pela autora em seu retrato). São páginas transbordantes de calor (humano?), prenhes de vida e alegria, da primeira à última.


ROSA
Texto e ilustrações de Odilon Moraes
Olho de Vidro – 2017
Resenha de Maurício Veneza

Desde Pedro e Lua, Odilon Moraes vem despojando seu traço de detalhamentos. Melhor dizendo, vem alternando os trabalhos de maior tempo de lapidação com os de maior despojamento e síntese de formas, o que não significa que uns sejam mais “fáceis” que os outros. Rosa está no segundo caso. É lícito supor que, a despeito de sua aparente simplicidade, a construção da obra tenha custado inúmeros apontamentos, em busca dos diversos enfoques possíveis de cada página a ser ilustrada. 
O livro, econômico também no texto, abarca um antes e um depois. As imagens assumem um lado da narrativa e o texto assume o outro, sem que haja qualquer redundância. Enquanto as ilustrações falam de um tempo presente, as palavras, como a voz narrativa em off, comum no cinema, falam de um tempo passado que esclarece as ações do presente.
Bastante sintético, inclusive no uso parcimonioso de cores, trata-se de uma obra em que ilustrações e texto caminham lado a lado, formando um todo coerente e harmonioso.


TIO FLORES: UMA HISTÓRIA ÀS MARGENS DO RIO SÃO  FRANCISCO
Texto e ilustrações  de Eymard Toledo  
V&R – 2016
Resenha de Maurício Veneza

Eymard Toledo é mais um caso de autora de livros que atua em duas frentes, texto e ilustração. O livro TIO FLORES: uma história às margens do rio São Francisco, publicado originalmente na Alemanha, conta a história de um velho costureiro de uma pequena cidade às margens do São Francisco. Ao ver seu prestígio diminuído pelas modificações sociais sofridas pela cidadezinha, Tio Flores é obrigado a repensar a atividade que sempre exerceu e da qual sempre extraiu seu sustento.
Nas ilustrações foi usada a técnica de colagem. É possível que o maior mérito das imagens criadas por Eymard seja o de representar, de forma não realista, mas profundamente convincente, o ambiente de uma pequena cidade do interior. Além dos personagens de Tio Flores e Edinho, seu sobrinho narrador, outros moradores da cidade transitam pelo espaço das páginas, envolvidos em suas atividades cotidianas, o que reforça a verossimilhança do ambiente. O conflito entre o simples espaço interiorano e a chegada da indústria, que transforma as relações sociais até então vigentes, também está representado na escolha dos materiais utilizados nas colagens. Na primeira aparição da fábrica, ela é apenas vislumbrada à distância através da janela. Na segunda, em que é visto seu interior, foram usadas peças metálicas que somente tiveram emprego nesta imagem. Por fim, há a ilustração em que aparecem ao mesmo tempo a fábrica, com sua fumaça se espalhando pelo ar, e o rio, que, de acordo com o texto, se encontra à beira da inutilidade. Assim, Eymard, além de conduzir a narrativa verbal, conduz também a narrativa visual com mão hábeis e eficientes.


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Os jurados do Prêmio AEILIJ 2017:

Anna Maria de Oliveira Rennhack é pedagoga, com mestrado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ. Foi gerente de relações institucionais do Grupo Record, de 2002 a 2015, e Diretora da Bloch Educação (Grupo Manchete), de 1996 a 2000. Anna é responsável pela página de Literatura Infantil do Jornal de Letras, publicação do Instituto Antares de Cultura, desde junho de 1999. É membro do júri inicial do Prêmio Rio de Literatura 2016 e 2017 (Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e Fundação Cesgranrio). Alguns de seus livros foram adotados por programas de governo. Entre as publicações selecionadas estão "A origem dos bebês" (MEC/FAE - PNLD), "Livro dos bichos" (MEC/FAE - PNLD) e "O Segredo da Vida" (MEC/FAE - Projeto de Educação Básica para o Nordeste e MEC/FAE - Salas de Leitura).

Marisa de Almeida Borba possui graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação Jacobina – RJ, nas áreas de Administração e Supervisão Escolar. Foi professora da rede municipal desde 1965 e particular de ensino do Rio de Janeiro, com larga experiência profissional como professora, educadora, membro de júri de prêmios literários (é membro do júri do Prêmio FNLIJ desde 2001 e por duas vezes membro do júri do Concurso literário da Fundação Biblioteca Nacional). Participa como professora do Curso Leitura, Literatura e Formação de leitores, coordenado pela FNLIJ para a SME-RJ desde 2006. Coordenou os espaços culturais de eventos organizados pela FNLIJ no Salão do Livro, do Natal com Leituras e o Momento Literário de Barra Mansa de 2006 a 2009. Ministrou cursos de promoção de leitura para a implantação de bibliotecas comunitárias do projeto Ler è Preciso, em parceria da FNLIJ com o Instituto Ecofuturo. Desde a década de 80 tem sido professora de cursos e participado de palestras e seminários na área de leitura literária, formação de leitores e bibliotecas.

Maurício Veneza é escritor e ilustrador de livros para crianças e jovens. Também já atuou nas áreas de publicidade, desenhos de humor, histórias em quadrinhos e ilustração editorial. Obras com seus textos ou ilustrações receberam prêmios como o Altamente Recomendável da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e o da Academia Brasileira de Letras. Vários de seus livros foram selecionados para programas de leitura como o Programa Nacional Biblioteca da Escola e o Programa Nacional do Livro Didático/SP. É também um dos fundadores da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil), entidade que reúne os profissionais dedicados ao gênero no país. Entre livros escritos e ilustrados, publicou mais de cento e cinquenta títulos.