E EU, SÓ UMA PEDRA
Texto de Helton Pereira
Cepe Editora - 2016
Resenha de Marisa Borba
O livro “E eu, só uma pedra”, de Helton Pereira foi vencedor na categoria infanto-juvenil do I Prêmio CEPE Nacional de Literatura 2015. Publicado em 2016 pela Companhia Editora de Pernambuco-CEPE, recebeu imagens do ilustrador e artista gráfico Cau Gomes, resultando num bem cuidado objeto-livro, impresso a quatro cores em papel Couchê fosco e capa em Cartão Supremo.
O leitor, com certeza se enredará nessa trama, atraído, provavelmente por seu instigante título. Encontrará então, uma protagonista singular, a Pedra, com suas emoções e comportamentos humanos. Pedra é uma personagem que foge aos clichês encontrados em outras histórias, pois “ficava fascinada com cada palavra que aprendia a ouvir” e sonhava, como todas as outras, com o depois do horizonte.
Pedra não queria ser, para sempre, apenas uma pedra esquecida no caminho.
O autor se apropria de diferentes referências literárias e coloca Carlos Drummond de Andrade em seu caminho, pois “quem tinha tropeçado nela era um homem alto e magro, careca e de óculos.”
“E ele gostava muito de escrever sobre a Pedra que ele tinha encontrado no caminho.” Mas Pedra seguiu outros caminhos e foi parar nas mãos de uma mulher de olhos verdes chamada Cecília, com quem aprendeu rimas e ritmos e ouviu poesias bonitas sobre a vida.
Com muita criatividade, o autor aposta na fantasia e na invenção e com ousadia intelectual passeia por outras referências literárias e discorre sobre pedras-peso de papel, pedra angular, pedras de piso.
O estilo leve de Helton Pereira nos fala da Pedra que recitava versos de Cecília. Pedra que ouvia histórias de Raquel. Pedra que aprendeu palavras com Carlos. Pedra que conheceu Paulo...Mas, “Paulo não era rei, pois o tempo dos reis já tinha passado, somente os castelos tinham ficado”.
As imagens de Cau Gomes, em folhas inteiras ou páginas duplas são arrebatadoras e dialogam com o belo texto.
Nesse sentido, pela inventividade do texto, pela bela homenagem aos artistas da palavra, pelo respeito à fantasia do leitor, pelo projeto gráfico cuidadoso, essa obra merece estar entre os cinco finalistas do Concurso da AEILJ de 2018, pois:
Os humanos é que são escritores, poetas. Eles criam estas palavras, eu só as repito. Eles são artistas, e eu, só uma pedra.
ESOPO: LIBERDADE PARA AS FÁBULAS
Texto de Luiz Antonio Aguiar
Escarlate - 2017
Resenha de Marisa Borba
Esopo teria nascido no Século VII A.C. ou no início do Século VI A.C., provavelmente na Trácia e morreu em Delfos, executado injustamente segundo Heródoto. A ele é atribuído um conjunto de histórias pequenas, curtas, onde os animais desempenhavam papeis que faziam sentido do ponto de vista moral. Eram histórias de tradição oral e só foram escritas, registradas cerca de duzentos anos depois.
Esopo inspirou, como sabemos também, muitos poetas medievais e também o escritor e fabulista francês Jean de La Fontaine (1621-1695).
Mas a vida de Esopo é feita de muitas histórias, que com certeza dariam muitos livros. Ele foi escravo de lavoura no interior da Ásia Menor, depois escravo doméstico de um filósofo na Ilha de Samos, até que finalmente ganhou ou conquistou sua liberdade. O uso da palavra pública em auditórios e assembleias (só possível com a liberdade) fez seu mundo geográfico aumentar.
É importante mencionar que Esopo possuía um físico disforme para os padrões de beleza da época. E também alguma deficiência. Inicialmente mudo, possuía uma inteligência cáustica, demonstrada no episódio dos figos, quando ainda garoto, franzino, corcunda e tímido e vivia na casa de Ladmon. Acusado de ter comido os belos figos dados ao patrão, ele, gago e nervoso, não conseguiu se defender. E vomitou para provar que não havia ingerido as frutas. Invejoso, Agathópodes teve que fazer a mesma coisa. Luiz Antonio Aguiar revela ao leitor:
-“Já o senhor da casa passou a reconhecer em Esopo uma grande inteligência. Admirava-o ainda mais a cada dia. Não que a vida do garoto escravo tivesse se alterado muito...”
Mais tarde, já falante, comprova como palavras, ao contrário da experiência com os figos, podem valer como gestos. Assim, o que ele faz é contar histórias, ao invés da dar lições, aconselhar ou reprimir.
Luiz Antonio Aguiar reuniu algumas destas histórias de Esopo, num livro que na realidade são dois. Uma parte é composta de vinte e uma fábulas, algumas bem conhecidas como O lobo e o cordeiro, A cigarra e a formiga ou O coelho e a tartaruga. Outras não muito presentes em nosso livros como Pescador de águas turvas ou Penas de águia.
O leitor mais atento perceberá como a fábula pode contaminar a vida e também como, dialeticamente, a vida pode ser contaminada pelas fábulas.
Uma outra parte do livro, visualmente diferenciada pelo tipo de letra e outro papel traz informações sobre a vida de Esopo.
Se as fábulas são conhecidas, o que sabemos sobre a vida de Esopo?
Luiz Antonio Aguiar, de forma original, procura responder a esta indagação.
Com uma escrita fluida e clara, paralelamente à narrativa de suas fábulas, o autor procura jogar uma luz neste tão intrigante fabulista, um personagem mesmo, e sua tão enigmática vida.
As ilustrações de Márcia Széliga, em duas cores, com personagens usando máscaras do teatro grego ajudam a intercalar e criar paralelos entre algumas fábulas e a história de vida de Esopo.
Pela sua originalidade um livro certamente merecedor de figurar entre os cinco finalistas do Concurso AEILIJ na categoria Juvenil.
OS FILHOS DO DESERTO COMBATEM NA SOLIDÃO
Texto de Lourenço Cazarré.
Cepe Editora - 2017
Resenha de Marisa Borba
Numa entrevista no Canal Futura, o autor Lourenço Cazarré declarou:
“Meu objetivo como escritor juvenil é provar para um garoto de doze anos que se ele atravessa um livro de cem páginas, ele lê e não morre”.
Assim o autor foi nesta busca construindo sua carreira, ganhando leitores e prêmios, entre eles o Jabuti em 1998 (categoria infantojuvenil) com Nadando contra a morte que também ganhou o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Os filhos do deserto combatem na escuridão foi vencedor da categoria infanto-juvenil no 2º Prêmio Cepe Nacional de Literatura de 2016, sendo publicado em 2017.
Dos versos do poema Navio Negreiro, de Castro Alves vem a inspiração para o título, pois...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...
Navio Negreiro, Castro Alves.
Nesta obra o escritor gaúcho narra as aventuras do menino Kandimba, desde que é capturado e feito escravo em África, até sua chegada ao Brasil, já rapaz e enamorado de Diara.
Kandimba é um garoto esperto, curioso e faz desde sempre muitas perguntas. Ávido por aprender, pergunta e pergunta. Mete-se em muitas aventuras e peripécias enfrentando muitos perigos e acaba se tornando líder da libertação de seus companheiros.
Escutando o velho Mgongo aprendeu palavras em quatro idiomas. Morando com a rica portuguesa Dona Joana aprendeu a ler e a apreciar a poesia de Camões e se deslumbrou com os versos de “Os Lusíadas”, pois disse ele:
-“Aquilo era pura música, com as palavras substituindo tambores e chocalhos!”
No convento dos franciscanos, cuidando de Paizinho Coração, leu a Bíblia e aprendeu que “a dor de um homem deve ser sentida por toda a humanidade...”
Assim, Lourenço Cazarré faz qualquer leitor (e não só os de doze anos) atravessar estas cento e cinquenta e sete páginas e não só não morrer, mas essencialmente renascer. Renascer para revisitar este capítulo da história brasileira sentindo a dor destes homens.
Lourenço Cazarré usa uma linguagem ágil e envolvente, às vezes com traços de humor para nos contar esta saga.
As imagens de Luísa Vasconcelos, aliadas à diagramação dos curtos capítulos contribuem para a fruição estética do leitor.
Como Mortezinha que segurou o leme da embarcação ao final de modo que o navio oferecesse toda a extensão de seu costado ao mar furioso, o autor oferece toda sua arte em favor da leitura literária e do pensamento reflexivo.
ROSA
Texto e ilustrações de Odilon Moraes.
Olho de Vidro - 2017
Resenha de Marisa Borba
Na história de Odilon de Moraes o menino “Vai se chamar Rosa. Rosa, só Rosa, mais nada. Rosa, igual nome de flor.”
Rosa, como João Guimarães Rosa.
Quem é o leitor de Rosa, de Odilon Moraes, que traz um personagem menino com nome de flor?
Será preciso desconstruir uma série de conceitos, abandonar preocupações com conteúdos ou quantidade de texto, com formas ou temas ao nos depararmos com Rosa.
Será preciso não pensar em faixas etárias ao ter em mãos o livro Rosa.
Será preciso apenas aceitar o convite que Odilon Moraes nos faz para esta fruição estética. Um convite a ver com olhos desacostumados, olhos de Miguilim.
Olhos desacostumados que perceberão a importância da capa a preparar para a entrada no rio-livro; cada par de páginas traz um movimento simultâneo de ida e volta.
O desencontro entre o tempo da imagem e do texto deixa a sensação de ida de uma margem à outra, oscilante, para alcançar a terceira margem do rio.
Páginas quase vazias trazem silêncios profundos.
Páginas completamente preenchidas por traços ágeis pedem uma observação mais demorada. Pedem calma...
Odilon de Moraes, escritor e ilustrador, duas vezes vencedor do prêmio Jabuti (pelas ilustrações de A saga de Siegfried e O matador) e ganhador também do prêmio FNLIJ- o melhor livro para crianças (A princesa medrosa e Pedro e lua) conhece bem a importância da subjetividade da escrita literária, por isso faz um texto enxuto, onde predomina o não-dito.
Com referências ao universo de João Guimarães Rosa, o livro Rosa poderia ser uma continuação do conto “A terceira margem do rio”, de onde pega emprestada a epígrafe:
“Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?”
Ou poderia ser uma introdução à obra deste grande autor.
Seria a primeira imagem uma alusão à estação de trem do conto Sorôco?
Odilon de Moraes reescreve também:
-“Rio abaixo, rio afora, rio adentro...”
E assim vai o leitor adentrando devagarinho no universo de Guimarães Rosa, pela escrita de Odilon de Moraes.
Com muito prazer!
TODO MUNDO É MISTURADO
Texto de Beth Cardoso
Escarlate - 2016
Resenha de Marisa Borba
- Por que ele veio morar em São Paulo?
- Como é morar na Bolívia?
- E sua família, vive com ele?
Estas são questões que a curiosa Júlia quer responder sobre Pablo, o novo colega de classe.
O movimento de aproximação de Júlia não encontra eco em outros alunos da turma ou do colégio, que riem de Pablo e estranham seu modo de falar.
Mas Pablo e Júlia encontram muitas afinidades, em meio a conversas em que esclarecem mal entendidos por conta dos significados das palavras em espanhol e em português.
Um conflito surgido entre alunos e meninos bolivianos que não estão na escola, quase provoca a expulsão de Pablo.
Aos poucos Júlia vai se aproximando da família de Pablo e começa a conhecer um pouco da cultura tão rica deste país.
Os encontros e desencontros destes jovens vão se trançando até que um criativo e desafiador trabalho escolar, a apresentação da árvore geográfica da família de cada aluno, mobiliza a turma em torno da origem de cada um. Assim, procuram saber de onde vieram seus pais, mães, avós, bisavós, tataravós, por que razões saíram de seus países, que outros espaços geográficos conheceram. Os alunos teriam liberdade para criar, levar objetos, mapas, roupas e ao final haveria uma apresentação individual.
A escrita delicada e bem humorada de Beth Cardoso nos apresenta o universo de jovens e seus conflitos, com uma protagonista que quer resolver, sozinha, situações, complexas e muitas vezes se vê em confusões.
O texto agradável e leve de Todo mundo é misturado abordando a questão do respeito às diferenças, com certeza, agradará a leitores de diferentes idades.
A ALMA SECRETA DOS PASSARINHOS
Ilustrações de Elisabeth Teixeira
Olho de Vidro – 2017
Resenha de Maurício Veneza
A alma secreta dos passarinhos é um livro que se destaca pela delicadeza. A história do menino que, baseado em coisas que ouviu, intui profundos mistérios em coisas simples e cotidianas é tratada de forma sutil e delicada. Igualmente delicadas e sutis são as imagens criadas por Elisabeth Teixeira. As ilustrações, pintadas com aquarela, em que as transparências permitem vislumbrar a textura do papel, também são carregadas de suavidade. Aqui se percebe toda a experiência e o domínio da artista sobre seu meio de expressão.
O menino, sem nome e sem antecedentes, é o único elemento humano visível no livro. Nota-se nas imagens a presença de outros elementos que não estão explicitamente mencionados ou sugeridos no texto (a bicicleta, o descampado) e que talvez nem sequer tenham ocorrido ao escritor, mas que estão perfeitamente integrados, contribuindo com a narrativa e constituindo um conjunto equilibrado e agradável à vista.
Todas as imagens são de página dupla, exceto a vinheta final, que, de certa forma, complementa a ilustração que a antecedeu, fechando brilhantemente a sequência.
ESOPO: LIBERDADE PARA AS FÁBULAS
Ilustrações de Márcia Széliga
Escarlate – 2017
Resenha de Maurício Veneza
As inquietantes ilustrações de Márcia Széliga feitas para o texto Esopo: liberdade para as fábulas, de Luiz Antonio Aguiar, cumprem com perfeição o objetivo de não apenas corroborar mas também ampliar o sentido do texto. Para concretizar este propósito, valeu-se a artista da aplicação de um conceito bastante inusitado: se, nas fábulas atribuídas a Esopo, as ações dos animais são alegorias do comportamento humano, por que não trazer o ser humano para as imagens, interpretando as ações dos animais? Assim, diferentemente de dezenas de interpretações anteriores, Márcia traz à cena pessoas (atores?), que, usando túnicas e máscaras do teatro grego, exercem o papel dos animais das fábulas. Mas a originalidade da abordagem não se detém aí. Há uma fusão de elementos, até mesmo na própria anatomia, um ir e vir de formas, que torna bastante tênue e difusa a linha que separa o que é humano do que é animal, o que é intérprete do que é personagem.
A ilustradora trabalhou com apreciável economia de cores, o que é bastante pertinente, já que as imagens manteriam sua força, mesmo que a impressão fosse monocromática. Como resultado, temos nas imagens (do mesmo modo que no texto) um enfoque dos mais originais já vistos sobre um tema tão sobejamente conhecido.
MARINELA
Texto e ilustrações de Luciana Grether
Zit - 2017
Resenha de Maurício Veneza
Em seu livro de estreia com texto próprio, a ilustradora Luciana Grether nos traz a história de Marinela, menina sertaneja que, de acordo com a tradição da família, é educada para a espera de um improvável príncipe encantado. Mas ela se recusa a esperar passivamente: vive cada momento com a intensidade que lhe é possível. As imagens mostram a passagem do tempo, os diferentes momentos da vida de Marinela, e nelas é predominante a presença feminina. Há uma tia, uma avó, rendeiras, bordadeiras e lavadeiras, mas não há um tio ou um avô, um passante sequer, na maioria das imagens. Após a página 5, em que aparecem meninas e meninos brincando, somente na página 27, quase ao final, volta a surgir outra figura masculina.
Em todas as cenas, sejam as que retratam a diversão ou as que mostram os afazeres do dia a dia, a preponderância das cores quentes é absoluta: as ilustrações, feitas com aquarela, têm um clima de permanente verão. Laranjas, vermelhos, amarelos e marrons dominam todas as páginas (esta condição se estende até mesmo à tipologia e à roupa usada pela autora em seu retrato). São páginas transbordantes de calor (humano?), prenhes de vida e alegria, da primeira à última.
ROSA
Texto e ilustrações de Odilon Moraes
Olho de Vidro – 2017
Resenha de Maurício Veneza
Desde Pedro e Lua, Odilon Moraes vem despojando seu traço de detalhamentos. Melhor dizendo, vem alternando os trabalhos de maior tempo de lapidação com os de maior despojamento e síntese de formas, o que não significa que uns sejam mais “fáceis” que os outros. Rosa está no segundo caso. É lícito supor que, a despeito de sua aparente simplicidade, a construção da obra tenha custado inúmeros apontamentos, em busca dos diversos enfoques possíveis de cada página a ser ilustrada.
O livro, econômico também no texto, abarca um antes e um depois. As imagens assumem um lado da narrativa e o texto assume o outro, sem que haja qualquer redundância. Enquanto as ilustrações falam de um tempo presente, as palavras, como a voz narrativa em off, comum no cinema, falam de um tempo passado que esclarece as ações do presente.
Bastante sintético, inclusive no uso parcimonioso de cores, trata-se de uma obra em que ilustrações e texto caminham lado a lado, formando um todo coerente e harmonioso.
TIO FLORES: UMA HISTÓRIA ÀS MARGENS DO RIO SÃO FRANCISCO
Texto e ilustrações de Eymard Toledo
V&R – 2016
Resenha de Maurício Veneza
Eymard Toledo é mais um caso de autora de livros que atua em duas frentes, texto e ilustração. O livro TIO FLORES: uma história às margens do rio São Francisco, publicado originalmente na Alemanha, conta a história de um velho costureiro de uma pequena cidade às margens do São Francisco. Ao ver seu prestígio diminuído pelas modificações sociais sofridas pela cidadezinha, Tio Flores é obrigado a repensar a atividade que sempre exerceu e da qual sempre extraiu seu sustento.
Nas ilustrações foi usada a técnica de colagem. É possível que o maior mérito das imagens criadas por Eymard seja o de representar, de forma não realista, mas profundamente convincente, o ambiente de uma pequena cidade do interior. Além dos personagens de Tio Flores e Edinho, seu sobrinho narrador, outros moradores da cidade transitam pelo espaço das páginas, envolvidos em suas atividades cotidianas, o que reforça a verossimilhança do ambiente. O conflito entre o simples espaço interiorano e a chegada da indústria, que transforma as relações sociais até então vigentes, também está representado na escolha dos materiais utilizados nas colagens. Na primeira aparição da fábrica, ela é apenas vislumbrada à distância através da janela. Na segunda, em que é visto seu interior, foram usadas peças metálicas que somente tiveram emprego nesta imagem. Por fim, há a ilustração em que aparecem ao mesmo tempo a fábrica, com sua fumaça se espalhando pelo ar, e o rio, que, de acordo com o texto, se encontra à beira da inutilidade. Assim, Eymard, além de conduzir a narrativa verbal, conduz também a narrativa visual com mão hábeis e eficientes.
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Os jurados do Prêmio AEILIJ 2017:
Anna Maria de Oliveira Rennhack é pedagoga, com mestrado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/UERJ. Foi gerente de relações institucionais do Grupo Record, de 2002 a 2015, e Diretora da Bloch Educação (Grupo Manchete), de 1996 a 2000. Anna é responsável pela página de Literatura Infantil do Jornal de Letras, publicação do Instituto Antares de Cultura, desde junho de 1999. É membro do júri inicial do Prêmio Rio de Literatura 2016 e 2017 (Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e Fundação Cesgranrio). Alguns de seus livros foram adotados por programas de governo. Entre as publicações selecionadas estão "A origem dos bebês" (MEC/FAE - PNLD), "Livro dos bichos" (MEC/FAE - PNLD) e "O Segredo da Vida" (MEC/FAE - Projeto de Educação Básica para o Nordeste e MEC/FAE - Salas de Leitura).
Marisa de Almeida Borba possui graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação Jacobina – RJ, nas áreas de Administração e Supervisão Escolar. Foi professora da rede municipal desde 1965 e particular de ensino do Rio de Janeiro, com larga experiência profissional como professora, educadora, membro de júri de prêmios literários (é membro do júri do Prêmio FNLIJ desde 2001 e por duas vezes membro do júri do Concurso literário da Fundação Biblioteca Nacional). Participa como professora do Curso Leitura, Literatura e Formação de leitores, coordenado pela FNLIJ para a SME-RJ desde 2006. Coordenou os espaços culturais de eventos organizados pela FNLIJ no Salão do Livro, do Natal com Leituras e o Momento Literário de Barra Mansa de 2006 a 2009. Ministrou cursos de promoção de leitura para a implantação de bibliotecas comunitárias do projeto Ler è Preciso, em parceria da FNLIJ com o Instituto Ecofuturo. Desde a década de 80 tem sido professora de cursos e participado de palestras e seminários na área de leitura literária, formação de leitores e bibliotecas.