Prezados leitores,
Hoje, 15 de novembro, a página "O autor e sua obra" do blog paulista coloca no ar a participação do escritor Marciano Vasques, falando sobre Lima Barreto.
Agradeço muito e um forte abraço,
Regina Sormani
LIMA BARRETO
Hoje, 15 de novembro, feriado nacional no Brasil. Dia de Lima Barreto. Deveria ser assim, afinal, quem mais na imprensa e na literatura quis e clamou por uma República autêntica?
Isso mesmo. O maior dos mulatos bem quis proclamar a República, mas não a República da burguesia, a República da Belle Époque, porém a República do seu povo, do povo mulato do Rio de Janeiro, do povo pobre, da lavadeira, do operário. Lima Barreto, a voz solitária na imprensa, com suas crônicas de liberdade, a primeira voz a defender a mulher nas páginas dos periódicos, e a gritar contra os assassinos de mulher.
O escritor, conhecido como o "mulato dos mulatos", com sua "alma de bandido tímido", foi um exemplo notável de escritor a serviço da humanidade.
Humanista, queria que a República verdadeira fosse proclamada, por isso denunciava a falsa República, e escrevia para ser lido, mas ser lido pelo seu povo, pelo povo que subiu ao morro. Escrevia propositalmente numa linguagem nada estilizada, nada elitizada. Menosprezava os escritores que escreviam de forma requintada para serem lidos pelos seus pares. Acreditava que a República deveria começar na literatura, na escrita, na forma como se lida com o idioma, e como se faz literatura.
Ironicamente nascido num 13 de maio, e ironicamente morrendo em 1922, quando em São Paulo aconteceu a Semana da Arte Moderna, Lima, que antecipou o tempo, o grande cronista, escreveu livros memoráveis, como "Triste Fim de Policarpo Quaresma", na qual apresenta o seu personagem comovente, o nacionalista que sonha com um Brasil que não existe além do seu coração e da sua mente.
Afonso Henriques de Lima Barreto, nascido no ano da publicação de O Mulato, de Aluísio de Azevedo, escreveu também Clara dos Anjos, O Homem que sabia javanês, Bruzundangas, e uma fértil coleção de crônicas em jornais da época. Crônicas que abordavam os mais variados assuntos, como as superstições do povo do Brasil, as mulheres vítimas da violência brutal, a falsa república...
Lima Barreto nasceu num bairro, digamos, de classe média, e caminhou em direção ao subúrbio, para ficar mais próximo do povo que amava. Sua residência, bem longe da República burguesia, ao receber o nome de Vila Quilombo, deixava Copacabana enraivecida.
A juventude precisa ler Lima Barreto, todos deveriam ler o homem que queria inaugurar a República autêntica.
MARCIANO VASQUES
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