Tudo começa na leitura do texto, claro, imediatamente, vem o estudo do traço e criação das personagens da história.
Uma boa leitura requer alguma paz para ser feita, as vezes silêncio, noutras uma trilha sonora adequada ao tema e que ajude no exercício de chegada a outros mundos. Para ilustrar contos de fadas,por exemplo,gosto de ouvir peças de ancient music ou qualquer tema que a estrutura e sonoridade me remeta a esses tempos, tempos futuros ou outros fantásticos e imaginários.
Pesquisa iconográfica, quando necessário. Agora o mergulho é completo e a história começa a funcionar sozinha, as imagens brotam no papel e começam a tomar corpo.
Li numa entrevista de Lisbeth Zwerger (de quem sou fã incondicional) que as primeiras imagens devem ser descartadas, que são sempre óbvias e que por isso devem ser retrabalhadas. Uma opinião importante a ser considerada, mesmo que eu não a siga o tempo todo.
Primeiro o desenho da página, respeitando a pré-diagramação do projeto gráfico.
Tenho o hábito de fazer um estudo de cores no computador: como a aquarela não permite erros (os prazos não esperam) já verifico se a composição de cores que tenho em mente irá funcionar ou não.
Agora o prazer: a gotad'água sobre o papel.
A aquarela é uma estrutura em duas dimensões: precisa de prévio planejamento de quais áreas deverão ser pintadas primeiro,quais receberão camadas de transparência e quais outras terão apenas uma cor.
Atencão tem que ser total aqui, porque existe a imprevisibilidade do meio tinta e papel. Reações inesperadas são frequentes e, como a aquarela não permite refações, a imperfeição é uma constante e tento usá-la a meu favor, colaborando para chegar a uma arte atraente.
O resto é deixar que a gota d'água flua =)
Cris Eich é ilustradora associada da AEILIJ SP
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