CARTA ABERTA A FAVOR DO LIVRO, DA LEITURA E DA LITERATURA
AGEs: Associação Gaúcha de Escritores e AEILIJ: Associação de Escritores e Ilustradores de LIJ
A leitura está em crise.
A frase é forte e triste. Porém, mais lamentável do que tal assertiva é a constatação de que estamos, nos últimos meses, carentes de políticas públicas que defendam o livro, a leitura, a literatura. Basta perceber constantes referências, na imprensa ou nas redes virtuais, que apontam o descaso dos governos com projetos de leitura, outrora respeitados e, por isso mesmo, incentivados por meio de previsão orçamentária, que possibilitava a implementação de ações cujo centro era o livro. Todavia, hoje, após vários cortes de verbas, o livro sofre, o livro pena. E com ele todos aqueles setores que o envolvem: criação, edição, mediação, comercialização, recepção.
E, diante do que ocorre no Rio Grande do Sul, estado tradicionalmente leitor, urge que nos manifestemos. Afinal, a suspensão da Jornada Literária de Passo Fundo e a paralisação de dois projetos vitoriosos e tradicionais na qualificação das bibliotecas escolares e no fomento da leitura e de novos leitores: o Autor Presente e o Lendo Pra Valer é algo inaceitável. Tal prática, de fato, aponta para o descaso com o qual o livro e a leitura estão sendo tratados.
Nessa perspectiva, a AGEs: Associação Gaúcha de Escritores e a AEILIJ: Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil querem ser voz na defesa da implementação de uma política pública de leitura pelo atual governo. Cada vez mais se faz necessário que a Secretaria Estadual de Cultura invista no Instituto Estadual do Livro, retirando-o da inércia em que se encontra; inércia que apenas paralisa o projeto Autor Presente, o qual há mais que 40 anos tem construído práticas competentes de leitura, qualificando leitores e bibliotecas escolares, promovendo a aproximação entre leitores, livros e autores.
Todavia, nossa preocupação não para aí. Esta semana, foram canceladas 108 ações do Projeto Lendo Pra Valer, projeto financiado pela Secretaria de Educação em parceria com Câmara Rio-Grandense do Livro, que destinava R$ 1.250,00 por escola que participasse do projeto, a fim de que investissem na aquisição de livros para modernização do acervo das bibliotecas escolares, promovendo, ainda, o encontro de autores e de leitores no interior das escolas. Tais ações estavam previstas para ocorrerem durante a 61ª Feira do Livro de Porto Alegre, maior evento literário do Rio Grande do Sul. No entanto, foram suspensas.
Sabe-se, embora os gestores públicos pareçam não dar a devida importância a tal verdade, que a leitura é a chave para a cidadania, contribuindo para a formação do indivíduo, capacitando-o e munindo-o de experiências existenciais e imaginativas, que o tornam mais preparado criticamente para enfrentar as demandas e as necessidades do viver. A leitura liberta e constrói cidadania.
Assim, AGEs e AEILIJ reafirmam o compromisso com um país mais leitor, com um RS mais leitor. Daí, nosso clamor para que os gestores públicos quebrem o silêncio sobre a suspensão de tais projetos e exponham suas propostas para que a promoção da leitura seja, de fato, uma política de governo e não apenas um tema presente em discursos retóricos e vazios de práticas efetivas. Queremos (e precisamos) de um Rio Grande sempre leitor.
Porto Alegre, 18 de outubro de 2015.
Diretoria da AGES
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