sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SP: Palavra Fiandeira

Sexta-feira, 14 de Agosto de 2009

Caros Aeilijianos!
É com muita alegria que estamos inaugurando uma nova página no blog de Sampa.
Esta é uma iniciativa do escritor Marciano Vasques, trazendo interessantes entrevistas e comentários que valorizarão ainda mais nosso blog.

Grande abraço,
Regina Sormani


Que Tatiana Belinky é uma doçura, todos que a conhecem já sabem disso. Rimos bastante, gargalhadas, a sua vivacidade e a palavra ao mesmo tempo serelepe e encantadora nos enfeitiça e nos diverte o tempo todo. Primeira coisa que pediu: Tire a "Senhora " das perguntas, quero tudo "Você". Nada de "Senhora". Segunda coisa: Adora simplicidade, aliás, é uma pessoa simples e amável, e sentada no sofá com o cachorrinho no colo, vai desfiando as suas histórias. Ama as coisas da memória, e diz que o "Faz de conta" existe. Para ela, o "Era uma vez" é para sempre. Diz que não quer perguntas biográficas, quer perguntas diferentes de tantas que já respondeu. Então, a questiono sobre a memória, sobre os encantamentos da sua infância, e sobre coisas, como a felicidade, o livro... Ela diz que sempre deu livro de presente para crianças, e diz que o livro ajuda, desde cedo, a criança a "aprender" o presente. Foram momentos inesquecíveis ao lado dessa querida escritora, que todos aprendemos a amar.
Com vocês, a primeira PALAVRA FIANDEIRA.

ARTISTA CONVIDADA: NIREUDA LONGOBARDI

Convidei Nireuda Longobardi para ser a artista da primeira PALAVRA FIANDEIRA. Pedi-lhe que fizesse um desenho que para ela representasse a Tatiana. E aqui está a arte da Nireuda. Nela, nossa artista convidada expõe o seu olhar sobre a nossa entrevistada. A artista plástica nos revela com seus traços um aspecto dessa escritora tão fecunda e tão querida. Com vocês: 

TATIANA BELINKY POR NIREUDA LONGOBARDI


PALAVRA FIANDEIRA

Entrevistas, conversas e com versos, encontro mensal com pessoas que amam os livros, que amam a palavra e com ela ajudam a embelezar o mundo e a vida. Pessoas que nos encantam e nos fazem compreender que a vida sempre pode ser melhor. Palavra fiandeira, tecendo fios da vida, entrelaçando sentires e sonhares, cerzindo dores, segredando poesias, soprando o alento da literatura: vidas que nos lapidam, aperfeiçoam o nosso olhar, com a sua arte, com o seu empreendimento. Enquanto edificam seus sonhos, despertam em nós a lembrança de que tem algo além do cotidiano que às vezes nos sufoca, tem algo grandioso, além da opressão de uma época de valores conturbados e alienantes. Tem algo que se escreve, que acontece quando abrimos um livro, algo que solicita os "olhos de ver", sim, pois eles são necessários, como bem disse a nossa primeira entrevistada.
Marciano Vasques,
15 de Agosto de 2009, Sampa


ENTREVISTA COM TATIANA BELINKY


1. Tatiana, quero que você comece falando de uma passagem divertida da sua infância.

TATIANA: Criança às vezes inventa amigos invisíveis. Meu irmãozinho tinha um amigo assim, invisível. O nome dele era Bidínsula. Eu adorava ficar observando os dois sempre conversando. O meu irmão e o seu amigo. Que, aliás, virou uma história. Meu pequeno irmão Benjamim jamais poderia supor que um dia o seu querido amigo fosse virar personagem de um livro.

2. Fale de uma lembrança especial da sua infância.

TATIANA: São tantos momentos felizes e tantas lembranças importantes, mas tem uma muito especial. Quando eu era menina, bem menina, meu pai construiu um balanço num corredor da casa. E nele balançávamos, eu e meu irmão, o Abracha. Era uma delícia. Jamais esqueci daquele balanço dentro de casa. Aquele brinquedo ficou para sempre na minha memória, ele representa o afeto infinito de meu pai.

3. Diga um presente de aniversário, que para você foi inesquecível.

TATIANA: Todos os presentes são inesquecíveis, todos merecem o aplauso da memória, mas um foi por demais especial, ele transformou uma menina. A partir daquele dia passei a amar profundamente as obras de arte. Ganhei de presente uma visita ao museu Hermitage. Fiquei nele o dia inteiro, lambuzando o meu olhar com todas aquelas cores. Que aniversário encantador!

4. Você aprecia guardar objetos, faz isso com tanta dedicação, que causa uma curiosidade. Por quê guardar objetos?

TATIANA: Os objetos que guardo são preciosos tesouros da minha vida. Neles estão as lembranças de momentos inesquecíveis, por isso os quero tanto.

5. Fale um pouco das suas emoções quando chegou em São Paulo.

TATIANA: Realmente, lembro-me como se fosse hoje. Fiquei encantada diante do Viaduto do Chá, olhando perplexa e emocionada para o Vale do Anhangabaú. E o Teatro Municipal? Que coisa linda! Eu era uma menina, e estava diante de tudo aquilo, de toda aquela beleza.

6. Você já teve medo, Tatiana?

TATIANA: Não, nunca os tive, nada me bloqueava, mas, como era uma menina muito criativa, com uma imaginação muito audaciosa, adorava inventá-los. Então surgiam os seres assombrados, os mais estranhos e fantásticos, as criaturas apavorantes, só para mim. Eu as criava só para ter um medo inventado. Como eu não tinha medo de nada, fui uma grande inventora deles.

7. "O Futuro se faz com as crianças de hoje e com livros". Sim, criança quer viver o presente, mas os adultos pensam mais no futuro. Pôr livros ao alcance da criança é realmente o melhor presente para o futuro?

TATIANA: As crianças já vivem no Presente. E querem cada vez observá-lo e conhecê-lo melhor. Querem "ter" o seu mundo presente, absorvê-lo e entendê-lo. Claro que o livro as ajuda muito, e, desde cedo, a "aprender" o presente (como dádiva ao tempo). Viva o livro!

8. Muitos falam de Felicidade. Esse tema, essa coisa chamada felicidade já ocupou a mente de quase todos os filósofos. Para Tatiana, o que seria mesmo a felicidade autêntica?

TATIANA: Ninguém é "feliz" o tempo todo, nem mesmo a decantada "criança feliz". Mas ela pode ter muitos e longos momentos de felicidade, da qual nem se dá conta. "Eu era feliz e não sabia..." Mas essa felicidade é segurança, carinho, confiança, essas coisas... E quando ela brinca, ri espontaneamente, ela está vivendo um momento feliz.

9. Qual o maior benefício para uma criança quando ela ouve uma história?

TATIANA: Encantamento, interesse, concentração, emoção (rir, chorar, sentir "medo", "torcer", etc); E vontade de ouvir mais, e de ler! O livro é uma "vida paralela", o maior benefício!

10. Tudo dá história. Você disse isso. Então, considerando que, além dos piratas em alto mar, e das viagens interplanetárias, aqui, mesmo, no cotidiano, na vida simples das pessoas, tudo pode virar história, sendo assim, quanto desperdício já vivemos com as histórias que não foram contadas. Mas, se quem conta um conto aumenta o encanto, o que é preciso para se contar uma boa história?

TATIANA: Claro que tudo, mas tudo mesmo, pode dar uma história! O cotidiano é riquíssimo, é só abrir os "olhos de ver", os "ouvidos de escutar", dar atenção aos benditos cinco (ou seis, ou mais) sentidos, para "abrir a cabeça" e um dia "abrir a boca" para dar opinião (e até "pô-la no trombone", se é que me entende, Marciano!).


MARCIANO VASQUES


Um comentário:

Regina Sormani11 de setembro de 2009 06:58
Danilo Macedo Marques - 35 anos disse... 
Parabéns Nireuda, pelo lindo desenho, fiquei um tempão admirando essa bruxinha.

Marciano, foi muito legal conhecer você na livraria Cortez e ouvir você falando, tomara que haja outras oportunidades. Parabéns por essa entrevista linda.

Parabéns a Tatiana por sua história.

Regina, muito obrigado por proporcionar tantas coisas legais.
16 de Agosto de 2009 12:08 
Viviane Veiga Távora disse... 
Sensacional! Uma ideia deliciosa!
18 de Agosto de 2009 22:57

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