Edson Gabriel Garcia
COOPERIFA SEMEIA NOVOS LEITORES
COOPERIFA é a sigla da Cooperativa de Artistas da Periferia, um movimento coordenado pelo poeta Sergio Vaz, há cerca de sete anos. A proposta é muito interessante: abrir espaço para os artistas da periferia mostrarem os seus trabalhos. A partir daí outras coisas rolam: abrir o espaço, organizar sessões de apresentação dos trabalhos artísticos, receber convidados, divulgar o evento. E a proposta foi crescendo, cada vez mais ampla, com mais gente, deslocando-se para outros locais, conseguindo parcerias, apresentando-se e ganhando espaços na mídia, aumentando o número de participantes, ganhando status de movimento vivo, inteligente, sensível e bonito. Uma afirmação incontestável de que há, para além do que se faz e mostra e se vende dentro dos cânones estabelecidos pela indústria cultural.
A COOPERIFA foi pensada e posta em ação pelo poeta Sergio Vaz, ele mesmo autor de versos conhecidos de muitos de nós, principalmente na leitura do seu livro Colecionador de Pedras, e tem como marca registrada os saraus poéticos realizados às quartas-feiras, a partir das dezenove horas, no Bar do Zé Batidão, no Jardim Guarujá, periferia paulistana. Ali nascem e se apresentam poetas do povo, gente do olhar esperançoso, de arte bonita, de domínio gostoso de versos sensíveis. Mas, a arte da COOPERIFA não se esgota ali, um movimento intenso que abre outros espaços, pensa outras direções, costura outras manifestações, e sobe para a laje. Literalmente sobe para a laje do prédio do bar e se instala com sessões de cinema ao ar livre.
Assim brevemente apresentada, a COOPERIFA se instala entre nós como um movimento artístico e social que cresce em várias direções, inclusive na direção do incentivo de leitura. Uma de suas ações, sobre a qual quero falar um pouco, se deu no final do ano passado, nas vésperas do natal. Mais uma vez, sob o olhar atento, a mão firme e a inteligência sensível de Sérgio Vaz, os artistas e amigos da COOPERIFA reuniram um punhado bastante razoável de livros para serem distribuídos aos meninos e meninas moradores das cercanias do local onde se realizam os eventos da COOPERIFA. Mas, apenas distribuir livros não era suficiente para o pessoal. Eles queriam mais: queriam distribuir os livros e conversam com os leitores potenciais, falar a eles da importância e da gostosura da leitura. E gastaram nisso pelo menos duas manhãs de finais de semana visitando as casas, conversando com as pessoas e presenteando-as com livros, papais noéis com sacos cheios de livros.
Por essas e por outras, a COOPERIFA vem se instalando no panorama social e cultural - e, talvez, político – brasileiro, E deixa suas marcas firmes , contribuindo para a construção do nosso pé de meia literário.
Que assim seja, sempre.
Sampa, fevereiro de 2010
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