1) Fale um pouco sobre o começo do seu trabalho com LIJ.
Desde sempre a LIJ esteve presente em minha vida. Primeiro pela minha mãe embalando-me com as cantigas de ninar, depois pelo meu pai que contava e inventava histórias sempre, sempre... Momentos de encantamento e afeto. Foi ele que, sem saber, me mostrou a Poesia da vida e das palavras. Aos 9 anos, Monteiro Lobato invadiu minha vida e a boneca Emília se fez mediadora. Não tinha papas na língua. Tudo que ela dizia e fazia era tudo que eu queria ser e fazer. E assim, como a personagem de Clarice, minha felicidade clandestina levou-me à biblioteca escolar, a leituras e mais leituras e, como já dava aulas para minhas bonecas, o desejo de ser professora aumentou. Fiz faculdade de letras na PUC/SP porque queria levar a magia e a polissemia das palavras para que meus alunos se encantassem com a literatura literária. Não queria alunos passivos, quietos, com medo de enfrentar o desafio da língua portuguesa e da vida. A professora e escritora portuguesa Isabel Alçada comenta que “Ninguém consegue tornar-se atleta se for para os estádios observar provas desportivas ou se dedicar à consulta de obras sobre a sua modalidade preferida. [...]”, ou seja, se se treina para ser um bom atleta, por que não para ser um bom leitor e escritor?
Sim, meus alunos foram protagonistas, autores/produtores de coletâneas de textos escritos e ilustrados por eles. Muita leitura, muita discussão, muita fantasia, muito trabalho e respeito com a língua portuguesa. Transformar as aulas em oficinas fazia parte dessa empreitada. Desarrumar a sala, ir para o pátio, dar uma volta no quarteirão. Sentir os cheiros. Ouvir o silêncio e os ruídos. Tocar no outro, treinar o olhar e os cinco sentidos. Criar um ambiente afetivo e propício para que os alunos se sentissem desafiados, pudessem provocar e se sentir provocados. Para que se perguntassem. Para que fossem tocados pelo texto de alguma forma. Para que, repito, não fossem passivos diante do mundo. Para que pudessem sonhar e viver diferentes aventuras embarcados nas tramas das benditas, malditas e inquietantes personagens dos livros. Para que gostassem de ler e de escrever, sem medo do que pudessem sentir. E, assim, a escritora também foi desabrochando. Fui desengavetando meus escritos, lendo para meus filhos, para meus alunos – primeiros críticos literários, depois para amigos e o “Simplesmente Ler”, meu primeiro livro de poesias, foi publicado, em 2011, pela Editora Callis.
Um de meus maiores prazeres é estar com meus leitores em escolas, bibliotecas, feiras literárias, eventos como a FLIP e outros. É só me chamar que eu vou!
2) Três livros seus para quem não te conhece.
Era uma vez outra vez, ilustrado pela Priscilla Ballarin, publicado por Edições Barbatana (2017) é um convite à brincadeira. Livro-jogo, cujas folhas são soltas e dobradas em forma de sanfona. Cada lado da folha corresponde a uma estrofe do poema
A Coleção “Vamos brincar de rimar” da Editora Biruta é composta por três livros ilustrados pela Fran Junqueira, Farra no quintal (2018), Festança e A galinha xadrezinha bota ovo pintadinho (2019). Além de fazerem um jogo com as rimas, terminam com uma pergunta e convidam o leitor para dar continuidade à brincadeira.
3) Quais os seus planos para os próximos cinco anos?
Meus planos são ler e escrever cada vez mais e mais para meu prazer e para poder compartilhar com meus leitores essa magia que a literatura nos proporciona e nos traz tanto sentido à vida.
Ainda tenho muitos rascunhos de livros para serem concluídos e outros que estão em fase de publicação. No prelo, estão o livro infanto-juvenil Somos o que somos, mas nem sempre,
ilustrado por Fernando Pires, pela Editora Leitura & Arte; o livro Bichobrinca – em versos e cartas, que também contém jogos, ilustrado pela Carla Caruso (Editora Estrela Cultural) e (Des)apontado, ilustrado pela Priscilla Ballarin (Editora Amelì).
https://www.facebook.com/edith.chacontheodoro
Foto: Eloisa Mangussi Franchi Dutra, da Biblioteca Itinerante Território Vivo
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