RAPUNZEL FOI AO CINEMA
Ontem faltou energia elétrica, justamente na hora em que eu me preparava para escrever "Quintas". O que trouxe de volta a saudade do meu risinho quando alguém dissertava sobre as vantagens do mundo virtual quando eu ainda insistia que preferia o papel. A luz voltou na madrugada. E só agora, cá estou para a "Quintas".
Fui ao cinema. Autor que sou de Literatura Infantil, não perco um lançamento. Acompanho de perto e dentro do cinema tudo o que anda acontecendo. E assisti ao "Enrolados". Já antecipo que discordo do nome do filme. Merecia outro título em Português: talvez "A Princesa Perdida".
Tenho acompanhado o cinema para crianças, e mantive a minha posição de que na última década três foram os filmes que realmente a criança merecia. "Spírit, o Corcel Indomável"; "A Noiva Cadáver" e "A viagem de Chihiro" de Hayao Miyazaki. Gosto de decorar nomes de cineastas. Considero-me um dos homens mais felizes do planeta, e devo isso a eles também.
O cinema infantil andou errando, e feio. Quando a DreamWorks, a fábrica de sonhos de George Lucas e Steven Spielberg lançou no mercado das ilusões o Shrek, teve um propósito que o público desconheceu, e isso pouco importa: desbancar o império Disney. De que forma? Desmoralizando os contos de fadas com um filme para adultos, que as crianças, claro, adoraram. O simpático e nada politicamente correto ogro e seu burrinho arrancaram gargalhadas no cinema. Depois perdeu a graça.
Mas com a chegada do ogro, a Disney precisava reagir. A reação até demorou. Antes deu a louca no cinema, com bobagens como "Deu a Louca Na Chapeuzinho" e "Deu a Louca na Cinderela". E vieram produções sem graça como Carros, essa da Disney&Pixar.
Pois bem, mas a Disney começou a investir novamente nas princesas. E surgiu "A Princesa e o Sapo". Lindeza que só. Ao mesmo tempo, Tim Burton nos trouxe "Alice no País das Maravilhas". Não posso me esquecer de "Encantada", da Disney, claro.
Com as suas princesas, Disney manteve e mantém a magia e o encantamento. É o tal "Mundo Maravilhoso". Vamos aprendendo com o cinema, que o "Era uma Vez" é para sempre.
O curioso é que a Disney alterou sim os contos, mas não desmoraliza jamais, apenas inova, torna contemporâneo, atualiza, para o bem ou para o mal, o encantamento.
Não contarei nada da história da moderna Rapunzel (Enrolados), pois sei que todos os leitores, e principalmente os escritores de Literatura Infantil irão querer assistir.
Mas é pura magia, e puro encantamento. Disney, o altamente revolucionário (na época em que surgiu) deixou um império que está aí para mostrar que o mundo maravilhoso está num planeta que as crianças adoram, o planeta tela grande.
Alterou? Modificou? Sim, a origem, a "mitologia" da Rapunzel agora é outra. Na verdade, o cinema está conseguindo realizar, aos trancos e barrancos, aquilo que nenhum escritor de Literatura Infantil conseguiu. Atualizar, sem destruir o encanto e a magia, os contos de fadas e os contos maravilhosos. Mas, calma!, por enquanto: "A Princesa e o Sapo" e agora esta linda e emocionante Rapunzel.
Novos elementos mágicos, e uma nova Rapunzel surge diante da imaginação das crianças. Já é no meu entender, uma referência. Fará parte do imaginário. Difícil crer que só a outra Rapunzel sobreviverá, haverá um entrelaçamento na imaginação da criança.
Se a Rapunzel primeira é filha de um casal de camponeses, se ela é retirada de sua mãe ao completar 13 anos, se numa madrugada da gravidez o pai tenta roubar rabanetes de um quintal (esse é o nome de Rapunzel em Alemão), ora, agora a Rapunzel é outra. Não tem a origem pobre, e está bem atualizada, de acordo com o pensamento , os trejeitos e a linguagem das meninas e dos meninos de hoje, sem vulgarizar.
Em 3D, a mais bonita cena (Não me recordo de ter visto algo tão encantador no cinema infantil antes) do filme, a cena das lanternas. É de balançar corações e emocionar qualquer um.
Sim, fui ao cinema, para ver Rapunzel. E vi que a Rapunzel está diferente.
Está linda, encantadora e mágica.
Viva o cinema? Sim, viva!
MARCIANO VASQUES
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