A LUA E A SAPABELA
No brejo, Rospo, o sapo brejeiro, enamorado que só ele, tentava, com seus boleros de amor, conquistar a sempre tão distante e bela Lua.
Derramava ao luar a sua elegante voz.
Como se fosse o último romântico do século, tocava a sua viola e, bolerando, bolerando, declarava seu impossível amor pela insensível Lua, que no azul, distraída passeava.
Entre as folhagens, a Sapabela, entristecida, ouvia o sapo cantor e suspirava.
—“Que pena que ele só pensa na Lua. Se ao menos lembrasse que eu existo!”
E o sapo a cantar desabafava:
—“Não adianta! A lua nem ouve os meus boleros. Serei sempre um sapo solitário...”
E porque às vezes o amor está tão perto, mas a gente nem repara, o sapo continuava sonhando com a distante Lua, dedicando-lhe seus apaixonados boleros de amor, sem ao menos ouvir, atrás das folhagens, o palpitante coração da Sapabela.
MARCIANO VASQUES
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