FRAGMENTOS
Mastigando mágoas em vez de buscar um alimento mais nutriente para a alma. Assim se comportam alguns.
Mal sabem que talvez devesse ser melhor desbloquear a audição e passar a ouvir o que está além das asperezas.
Seria bom resistir aos insensatos confrontos do cotidiano, às intempéries inócuas, aos desacertos, e olhar no pasmo das coisas que realmente importam o desassombro da alegria que espreita e vela pelos nossos almejares.
É mais fácil se perder ou perder aquilo que jamais deveria escapar entre os dedos. Por isso é preciso firmeza e audácia.
O que já foi sonho, o que já foi ilusão. Nada disso deveria se desfazer nas nódoas diárias.
Voltar ao que sempre nos alegrou. Ao que nos trouxe a alegria particular. O que foi colhido nos momentos mais solitários, aquilo que jamais nos irá trair. Pois fez-se parte integrante do que somos e do que seremos sempre.
Tem algo que a multidão não leva, que a arrogância não consegue desbotar, que o tempo não conseguirá desfazer, destecer. Algo que não escolhemos, mas nos foi agraciado, nos foi ofertado na infância, e nos mais íntimos encontros com nossa existência.
Sou o que fui. Fui o que serei. O exato querer do recolhimento, das escolhas e da alegria. Só essa alegria como vela votiva, só essa alegria me persegue, me protege.
Anos foram necessários para que eu compreendesse que jamais estive na multidão.
Marciano Vasques
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