
Nesta edição temos a honra de apresentar o trabalho do ilustrador Maurício Veneza.

"Nasci num dia de primavera, cento e um anos depois de Robert Louis Stevenson. Deu-se o importantíssimo evento (para mim) na mui formosa cidade de Niterói, que já foi capital do Rio de Janeiro e hoje é mais conhecida por ter um museu parecido com um disco-voador.

Desenho desde criança, o que não é vantagem, já que todo mundo desenha quando é criança. Minhas imagens apareceram em histórias em quadrinhos, jornais, revistas, anúncios, cartazes, quadros-negros de escola, guardanapos de bar e mais de setenta livros infantis e juvenis. Escrevi roteiros para quadrinhos, recados para porta de geladeira, contos que não mostro para ninguém e cerca de trinta livros. Atualmente ocupo a vice-presidência da AEI-LIJ.

Depois de quase cem livros ilustrados e cerca de quarenta escritos, adquiri uma visão um tanto particular a respeito da ilustração de obra literária.

Entendo, ao contrário da maioria, que a ilustração não é a imagem em si, mas a função que esta imagem exerce na sua relação com um determinado texto que a precedeu.

Vista isoladamente esta imagem será uma pintura, um desenho, uma gravura (e como tal poderá ser apreciada), mas não uma ilustração. Algumas vezes é a palavra que ilustra a imagem.

Um exemplo claro é o livro “Desertos”, onde as imagens de Roger Mello (Nota do blog - não é a imagem acima, aqui todas as imagens são de livros ilustrados por Maurício Veneza) são ilustradas pelas palavras de Roseana Murray. Mas há um exemplo bem mais trivial: nos nossos jornais diários são as legendas que ilustram as fotos...

A analogia mais simples que me ocorre para o livro ilustrado é com a música popular. A música de Tom Jobim, por exemplo, tem força própria e independente, assim como os versos de Vinícius de Moraes. Mas, quando se juntam, formam uma terceira coisa que difere das duas anteriores e que não existiria sem esta associação.

Para o leitor infantil ou juvenil, há que se considerar a sua idade, as informações que já possui, a pertinência das imagens em relação ao tema abordado. E aí sim, entram os recursos plásticos, a técnica, a composição, a expressividade, o uso adequado de cores e contrastes.

Talvez a palavra mágica seja esta: adequação. Um texto que fale de uma criança com dificuldades de aprendizado será mais adequadamente ilustrado com um “bonequinho de palito” desenhado com giz de cera do que com uma pintura de Michelangelo.
Clique aqui para conhecer mais sobre o ilustrador Mauricio Veneza numa entrevista.

Contatos com o ilustrador: mauricioveneza@ig.com.br
2 comentários: