domingo, 5 de dezembro de 2010

SP: Vice-Versa de Dezembro de 2010

No Vice-Versa de Dezembro acontecem as entrevistas entre Lucíola Morais editora da Duna Dueto e a escritora Regina Sormani.
Obrigada, Lucíola. 
Um beijo,
Regina Sormani


Lucíola Morais

Regina Sormani


Lucíola responde

1 — Lucíola, como foi sua trajetória, até a Duna Dueto entrar na sua vida?

Desde muito nova eu me considero leitora. Numa fase da vida em que temos mais tempo livre, entre 11 e 16 anos, lembro-me de ter lido um livro atrás do outro. Meus pais tinham uma biblioteca bem razoável, e lá eu achava coisas variadas, autores nacionais e estrangeiros que ia lendo sem muito critério. Mas eu tinha o privilégio de escolher minhas leituras, e raramente larguei um livro pela metade. Eu acho que essas leituras foram formando a editora. Quando eu fazia o curso de Serviço Social na PUC-SP percebi que meu negócio seria trabalhar com livros. Depois de formada eu voltei a fazer cursinho para entrar em Editoração na ECA-USP. Logo fui fazer estágio e cursos complementares. E depois de passar por três editoras, começando como revisora e chegando a gerente editorial, resolvi me aventurar na loucura que é tocar uma editora praticamente sozinha!

2— Você também escreve, fale a respeito dos seus livros, da criação até o momento da publicação.

Eu lancei dois livros infantis. Um deles, "Por que eu pergunto tanto?", eu escrevi de uma só vez. É claro que depois eu fui trabalhando o texto, melhorando aqui e ali, mas a estrutura do livro saiu rápido. O outro, "A minha floresta", eu escrevi com base em um conto que ficou no fundo de uma gaveta. No dia que eu achei o papel amarelado pensei que daria uma história infantil. É estranho ser editora de mim mesma, e acredito que os livros teriam ficado ainda melhores se eu tivesse a parceria de um outro editor. Mas foi muito bom fazer esses dois livros, fiquei satisfeita com o resultado, e tenho tido um ótimo retorno dos leitores.

3— Como editora o que tem a contar sobre nossos pequenos leitores? Que tipo de livros eles preferem ler?

As crianças adoram livros, desde que sejam estimuladas com um bom material. Elas gostam de livros que transmitam emoções, elas gostam de se divertir, elas gostam de se identificar com as personagens, elas gostam de uma história bem contada e adoram boas ilustrações. Ou seja, gostam de bons livros, como qualquer um de nós!

4— Sua editora está em processo de crescimento, você tem planos ou projetos para 2011?

Fazer uma microeditora caminhar não é fácil. Enfrentamos todos os tipos de problemas que se possa imaginar. Eu acho que fazer livros é mais fácil do que fazê-los circular entre os leitores. Depois que um livro surge, vem o desafio de fazer o leitor saber que o livro existe e, ainda, fazer com que o leitor consiga encontrar o livro para comprar. Hoje, com a internet e as vendas on-line, este é um problema menor, mas ainda existe, principalmente para a editora pequena. Para 2011 vamos continuar lançando infantis, em especial um livro com caracteres ampliados e Braille, dirigido especialmente às pessoas que têm algum problema de visão. E vamos continuar a luta para divulgar nosso material!


Regina responde

1 – Há autores que escrevem tanto para adultos quanto para crianças. Você escolheu escrever para o público infantil?

Na verdade, acho que fui escolhida. Aos 10 anos lembro-me de ter escrito uma poesia na escola e a professora disse, em tom de brincadeira que achava que eu, ao crescer seria escritora. Muito tempo depois, quando estive em Agudos, minha cidade, para receber uma homenagem, encontrei aquela professora, já bastante idosa e ela me abraçou dizendo:
— Menina, não é que eu tinha razão? A poesia te escolheu!
Foi uma alegria enorme aquele encontro.

2 – Você se recorda de leituras que fazia quando era criança? Acredita que elas influenciaram a autora Regina?

Dei os primeiros passos e cresci numa livraria. Tínhamos livros sobre diversos assuntos, mas, as histórias me atraíam de maneira irresistível. Lembro-me de um livro em particular que há pouco tempo virou filme: "A pequena princesa" de Frances H. Burnett. Trata-se da história de Sara Crewe, filha de um capitão inglês que resolve procurar diamantes e como era viúvo teve que deixar a filha num internato. Tempos depois, a menina recebe a notícia da morte do pai e a partir daí, sua vida se transforma. De menina rica e mimada ela passa a ser tratada como serviçal. Eu ficava imaginando todas essas transformações e torcendo para que o final da história fosse feliz.
Acredito que ter me criado entre os livros foi fundamental para que eu me tornasse escritora.

3 – Como escolhe os temas que vai desenvolver em um livro?

Tenho algumas coleções que falam sobre a natureza. Meus livros: " O ovo azul da galinha Rosa" e "As aventuras do pintinho Azul" foram escritos na minha chácara porque tínhamos lá uma galinha que botava ovos com casca azul. Outros livros contam histórias sobre animais em extinção, também escrevi livros de poesia sobre brincadeiras infantis. As ideias vão surgindo, daí eu desenvolvo os temas. O livro publicada pela Duna Dueto: "Quem não tem cão usa a imaginação" foi escrito na época em que morei num condomínio onde o síndico proibia animais de estimação. Lá havia um garotinho que sonhava ter um cãozinho e foi pensando nele que escrevi "nosso" livro, como você costuma dizer. 

4 - Como você acredita que a literatura infantil ajuda a formar as pessoas? Em quais aspectos?

Em primeiro lugar abrindo portas para a sensibilidade, dando condições para o desenvolvimento do processo criativo infantil através do exercício da imaginação. Nessa primeira fase, acredito, é que começa a se solidificar a base para a formação do pequeno leitor que no futuro irá se transformar num adulto leitor.


2 comentários:

Tonton5 de dezembro de 2010 13:14
Maravilha! Fico feliz quando leio relatos como estes, cheio de amos as letras e a caminhada que nos escolheu. Cordial abraco para as duas, e para todos os leitores deste blog. Da terra do frevo e do maracatu, Tonton

tania martinelli7 de dezembro de 2010 08:03
Oi, Regina! 
Parabéns pela entrevista, e muito sucesso com seus livros e projetos futuros!
Abração!
Tânia

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