quinta-feira, 7 de julho de 2011

SP: Quintas (55)

SOBRE A ESCRITA, AS ARTES E OS CRIADORES


O coração não tem jeito, ele continua mandando na vida. Triunfando. A consciência evoluí, essa é a minha crença. Evolui, e não tenho dúvidas sobre isso. A razão se fortalece a cada dia, a inteligência continuará neutra, mas será orientada pelo sentimento que envolve o pensamento em sua trajetória. Mesmo com todo o obscurantismo, todas as superstíções, a inveja, o ciùme, o espírito de competividade, que ainda teimam, mesmo com toda a arrogância, o espírito excludente que reina nos grupos, agremiações, associações, etc. Mesmo assim, o pensamento vai se aperfeiçoando e a consciência crescendo numa espiral.
Hoje é mais do que ontem, hoje é mais claro, a alvorada se intensifica. Os benefícios, as vitórias e as conquistas da Ciência, e a Arte vão forjando um pensamento mais equilibrado, com complexidades de luzes.
A Internet, por exemplo, é em si uma aventura extraordinária, uma das mais intensas do espírito humano neste planeta azul. Antes dela não tínhamos as interações que temos hoje. E por isso hoje, sabemos que a arte, a literatura, são um bem em si.
Isso pode ser meio duro de assimilar, mas a literatura e a arte, a música, as artes plásticas, o teatro, já se bastam, já são em si. O que isso quer dizer? Quer dizer que o tempo do ídolo está sendo superado. Não que não possa acontecer de surgir algum artista, algum escritor, que esteja, digamos assim, no mesmo nível de sua arte, em termos éticos e humanos. Porém, isso está deixando de ser prioridade. Claro que exigir que um autor, um compositor, um poeta, viva de acordo com a sua escrita ou a sua arte, é por demais exagerado, porém, sempre foi mais fácil essa transferência, e chegou-se mesmo a acreditar que um compositor, por exemplo, pudesse ser uma unanimidade, uma vida e um agir exemplares. E graças, inclusive, à Internet vemos que isso aos poucos deixa de ser importante, e que tanto os poetas, os escritores, e os compositores, podem ser demasiado humanos.
Alguém comentou: melhor jamais conhecer os bastidores. Há um mundo de sentidos nisso. De qualquer forma, a cada novo tempo vai se agudizando uma nova consciência, em tudo, e assim também nas artes. A arte, a música, a literatura, a poesia, não precisam mais se confundir com os seus criadores.
Entretanto, as biografias continuam importantes, para transmitir aos leitores a importância de se lutar por um ideal, por um sonho, a importância da persistência, etc.
Mas não se torna mais absolutamente necessário se acreditar que tal compositor, tal poeta, tal artista, deveriam, por causa do ofício, serem todos éticos, leais, sinceros, e viverem de modo que a própria vida de cada um possa ser tão rica e virtuosa como a escrita, como aquilo que se escreveu.


MARCIANO VASQUES

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